A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Panorama Econômico
"Hasta cuando"
Míriam Leitão
Não tenho dúvidas sobre Hugo Chávez. Ele tem espírito totalitário, não tem qualquer respeito pelas instituições democráticas e está desmontando, uma por uma, todas as bases de um regime de liberdade na Venezuela. A minha dúvida é em relação ao Palácio do Planalto e ao Itamaraty: até quando eles defenderão Chávez? Até quando eles dirão que os crimes de Chávez são coisas “deste tamanhinho”.
O fechamento de emissoras de rádio e televisão, as ameaças físicas e administrativas contra jornais e jornalistas, e a nova lei de “delitos midiáticos” são provas mais do que suficientes do caráter perigosamente ditatorial do governo de Hugo Chávez. Mas nos seus onze anos de poder ele já fez muito mais. Mudou a Constituição várias vezes; governa por decretos; reformou a Justiça para controlá-la; confisca as empresas que lhe convém pelos motivos que inventa; formou uma milícia maior do que as Forças Armadas e com esta força particular ameaça seus adversários.
A lei de delitos midiáticos, que será examinada por um Congresso domesticado por Chávez, é uma ameaça a todos.
Basta ler o projeto. O texto fala em “informação oportuna, veraz e imparcial”; diz que não estão submetidos a ela apenas os jornalistas, mas também “os conferencistas, os artistas ou qualquer pessoa que se expresse através de qualquer meio”. Diz que são delitos passíveis de prisão as “ações ou omissões que atentem contra a paz social, segurança, independência da nação, ordem pública, estabilidade das instituições, a saúde mental e moral pública, que gerem sensação de impunidade ou de insegurança”.
Pune também com prisão quem “manipule ou tergiverse a notícia, gerando falsa percepção dos fatos”. A lei, ambígua e imprecisa, não engana quem já viveu uma ditadura: é uma forma de tornar crime qualquer crítica ao governo, qualquer notícia que o desagrade.
É uma intimidação a todos. Como diz o jornalista venezuelano Teodoro Petkoff em editorial no seu combativo e miúdo “Tal Cual”: é uma revogação da Constituição.
Chávez só respeita as eleições que ganha. Em 2007, fez plebiscito em que pedia aprovação para várias mudanças.
Como perdeu a consulta, implantou na marra todas as mudanças que queria. Quando perdeu eleições em Caracas recentemente, retirou poderes da prefeitura e tomou órgãos do município.
Financiar, armar e dar passe livre para terroristas que atuam em outro país é crime.
O governo de Chávez faz isso com a Colômbia, mas o chanceler Celso Amorim disse, na entrevista que concedeu a Eliane Cantanhêde, da “Folha de S.Paulo”, que o episódio das armas suecas vendidas à Venezuela e encontradas com as Farc é uma coisa “deste tamanhinho”. As Farcs sequestram inocentes e os mantêm em situações desumanas, como é impossível ignorar, diante do relato já feito pelos que são libertados.
Um governo apoiar um grupo armado que em outro país sequestra e tortura é, para o governo brasileiro, uma coisa menor.
A tradição diplomática brasileira nunca foi de ter dois pesos e duas medidas quando se trata da relação com vizinhos. Agora tem. A Colômbia é tratada com a severidade necessária quando não informa a natureza do acordo que faz para as bases americanas na região.
Mas qualquer ação de Chávez é tratada com displicência conivente.
Chávez já interfere abertamente na política interna de países da região e montou uma rede de governos comandados de Caracas aos quais fornece dinheiro e a tecnologia de solapar bases democráticas de suas sociedades.
Rafael Correa é um desses aprendizes de feiticeiro que disse que o governo vai tomar “várias” emissoras de rádio e televisão.
A Globovisión já enfrentava, quando eu a visitei, em Caracas, há seis anos, o mesmo tipo de ameaça que sofre hoje. Já havia sido vitima de um ataque de chavistas com bombas e granadas em suas instalações. Uma das TVs estatais, a VTV, que também visitei, já era, naquele tempo, um cabide de militantes, onde não se fazia nada parecido com jornalismo. De lá para cá, Chávez escalou e não há dúvida de que ele quer fechar a Globovisión, que vive sendo encurralada por todos os múltiplos braços do estado totalitário que ele montou.
O Brasil não pode interferir em assuntos internos da Venezuela, por suposto. Mas deve defender princípios e valores democráticos que estão sendo ameaçados na região, pode condenar a interferência de Chávez em assuntos internos de outros países, deve reagir com firmeza à denúncia das armas da Suécia.
Pode e deve avaliar melhor o tamanho dos crimes cometidos por Hugo Chávez.
A economia não passa incólume por esse turbilhão. A Venezuela vem sofrendo um perigoso esvaziamento econômico como consequência dos sucessivos ataques de Chávez a empresas. A inflação é a maior da região, uma das maiores do mundo.
Prova de que a violência política não traz ganho econômico, pelo contrário, os investidores precisam de estabilidade das regras.
Não tenho dúvidas de que a Venezuela terá sequelas durante uma geração pela violência que sofre agora. A minha dúvida é em relação ao governo brasileiro. Ele não vê tudo isso, ou concorda com esses métodos e propósitos?
COM ALVARO GRIBEL
"Hasta cuando"
Míriam Leitão
Não tenho dúvidas sobre Hugo Chávez. Ele tem espírito totalitário, não tem qualquer respeito pelas instituições democráticas e está desmontando, uma por uma, todas as bases de um regime de liberdade na Venezuela. A minha dúvida é em relação ao Palácio do Planalto e ao Itamaraty: até quando eles defenderão Chávez? Até quando eles dirão que os crimes de Chávez são coisas “deste tamanhinho”.
O fechamento de emissoras de rádio e televisão, as ameaças físicas e administrativas contra jornais e jornalistas, e a nova lei de “delitos midiáticos” são provas mais do que suficientes do caráter perigosamente ditatorial do governo de Hugo Chávez. Mas nos seus onze anos de poder ele já fez muito mais. Mudou a Constituição várias vezes; governa por decretos; reformou a Justiça para controlá-la; confisca as empresas que lhe convém pelos motivos que inventa; formou uma milícia maior do que as Forças Armadas e com esta força particular ameaça seus adversários.
A lei de delitos midiáticos, que será examinada por um Congresso domesticado por Chávez, é uma ameaça a todos.
Basta ler o projeto. O texto fala em “informação oportuna, veraz e imparcial”; diz que não estão submetidos a ela apenas os jornalistas, mas também “os conferencistas, os artistas ou qualquer pessoa que se expresse através de qualquer meio”. Diz que são delitos passíveis de prisão as “ações ou omissões que atentem contra a paz social, segurança, independência da nação, ordem pública, estabilidade das instituições, a saúde mental e moral pública, que gerem sensação de impunidade ou de insegurança”.
Pune também com prisão quem “manipule ou tergiverse a notícia, gerando falsa percepção dos fatos”. A lei, ambígua e imprecisa, não engana quem já viveu uma ditadura: é uma forma de tornar crime qualquer crítica ao governo, qualquer notícia que o desagrade.
É uma intimidação a todos. Como diz o jornalista venezuelano Teodoro Petkoff em editorial no seu combativo e miúdo “Tal Cual”: é uma revogação da Constituição.
Chávez só respeita as eleições que ganha. Em 2007, fez plebiscito em que pedia aprovação para várias mudanças.
Como perdeu a consulta, implantou na marra todas as mudanças que queria. Quando perdeu eleições em Caracas recentemente, retirou poderes da prefeitura e tomou órgãos do município.
Financiar, armar e dar passe livre para terroristas que atuam em outro país é crime.
O governo de Chávez faz isso com a Colômbia, mas o chanceler Celso Amorim disse, na entrevista que concedeu a Eliane Cantanhêde, da “Folha de S.Paulo”, que o episódio das armas suecas vendidas à Venezuela e encontradas com as Farc é uma coisa “deste tamanhinho”. As Farcs sequestram inocentes e os mantêm em situações desumanas, como é impossível ignorar, diante do relato já feito pelos que são libertados.
Um governo apoiar um grupo armado que em outro país sequestra e tortura é, para o governo brasileiro, uma coisa menor.
A tradição diplomática brasileira nunca foi de ter dois pesos e duas medidas quando se trata da relação com vizinhos. Agora tem. A Colômbia é tratada com a severidade necessária quando não informa a natureza do acordo que faz para as bases americanas na região.
Mas qualquer ação de Chávez é tratada com displicência conivente.
Chávez já interfere abertamente na política interna de países da região e montou uma rede de governos comandados de Caracas aos quais fornece dinheiro e a tecnologia de solapar bases democráticas de suas sociedades.
Rafael Correa é um desses aprendizes de feiticeiro que disse que o governo vai tomar “várias” emissoras de rádio e televisão.
A Globovisión já enfrentava, quando eu a visitei, em Caracas, há seis anos, o mesmo tipo de ameaça que sofre hoje. Já havia sido vitima de um ataque de chavistas com bombas e granadas em suas instalações. Uma das TVs estatais, a VTV, que também visitei, já era, naquele tempo, um cabide de militantes, onde não se fazia nada parecido com jornalismo. De lá para cá, Chávez escalou e não há dúvida de que ele quer fechar a Globovisión, que vive sendo encurralada por todos os múltiplos braços do estado totalitário que ele montou.
O Brasil não pode interferir em assuntos internos da Venezuela, por suposto. Mas deve defender princípios e valores democráticos que estão sendo ameaçados na região, pode condenar a interferência de Chávez em assuntos internos de outros países, deve reagir com firmeza à denúncia das armas da Suécia.
Pode e deve avaliar melhor o tamanho dos crimes cometidos por Hugo Chávez.
A economia não passa incólume por esse turbilhão. A Venezuela vem sofrendo um perigoso esvaziamento econômico como consequência dos sucessivos ataques de Chávez a empresas. A inflação é a maior da região, uma das maiores do mundo.
Prova de que a violência política não traz ganho econômico, pelo contrário, os investidores precisam de estabilidade das regras.
Não tenho dúvidas de que a Venezuela terá sequelas durante uma geração pela violência que sofre agora. A minha dúvida é em relação ao governo brasileiro. Ele não vê tudo isso, ou concorda com esses métodos e propósitos?
COM ALVARO GRIBEL
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
O Brasil precisa liderar
O "Financial Times" publica hoje longo editorial sobre a América Latina. A tensão entre Venezuela e Colômbia "não é novidade", assim como o "golpe de estado, tristemente". Mas são "só sintomas do problema maior: a inabilidade de sair da rotina de homens fortes e rivalidades que impede seu progresso".
A ausência dos EUA é "benigna", até porque só resultava em "ditaduras", mas "a oportunidade para a América Latina escrever seu destino vai continuar morta até uma nação tomar o manto de líder regional". Não México, "voltado ao vizinho do Norte"; não Chile, sem "massa crítica"; mas o Brasil. O problema é que "Lula da Silva prefere não arrastar a região consigo":
"Suas realizações internas são inquestionáveis e seus esforços como ator global são impressionantes, mas a política regional está esquecida. O resultado é um continente à deriva e um vácuo de liderança. Liderar pelo exemplo é necessário, mas não é suficiente. O Brasil precisa ajudar a pôr a América Latina no caminho para o futuro. Ou ninguém vai."
O "Financial Times" publica hoje longo editorial sobre a América Latina. A tensão entre Venezuela e Colômbia "não é novidade", assim como o "golpe de estado, tristemente". Mas são "só sintomas do problema maior: a inabilidade de sair da rotina de homens fortes e rivalidades que impede seu progresso".
A ausência dos EUA é "benigna", até porque só resultava em "ditaduras", mas "a oportunidade para a América Latina escrever seu destino vai continuar morta até uma nação tomar o manto de líder regional". Não México, "voltado ao vizinho do Norte"; não Chile, sem "massa crítica"; mas o Brasil. O problema é que "Lula da Silva prefere não arrastar a região consigo":
"Suas realizações internas são inquestionáveis e seus esforços como ator global são impressionantes, mas a política regional está esquecida. O resultado é um continente à deriva e um vácuo de liderança. Liderar pelo exemplo é necessário, mas não é suficiente. O Brasil precisa ajudar a pôr a América Latina no caminho para o futuro. Ou ninguém vai."
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Monitor Mercantil
OPINIÃO
Incoerência ou submissão
A política internacional adotada pela administração de Lula é, no mínimo, esquizofrênica ou
oportunista. Ao mesmo tempo em que pretende manter o Brasil na posição de interlocutor privilegiado
dos EUA, funcionando como uma espécie de "garante" dos interesses da potência hegemônica na
América do Sul, procura atender aos ditames do Foro de São Paulo, que possui, como uma de suas
figuras primordiais, justamente o ministro de fato de Relações Exteriores do Brasil, o Sr. MAG, ou seja,
Marco Aurélio Garcia.
O objetivo real do citado Foro é o de procurar erigir uma Ursal (União das Repúblicas Socialistas
da América Latina), sob a orientação de Cuba, no lugar da antiga URSS (União das Repúblicas
Socialistas), dinamitada pelos EUA, com a conivência de traidores em postos de comando, tendo como
símbolo a queda do muro de Berlim.
A postura da administração Lula com relação à questão de Honduras é flagrantemente a favor do
ex-presidente Zelaya, o qual foi deposto em função de ter ferido a Constituição daquele país, por
iniciativa do Congresso hondurenho, com o aval do Judiciário.
Sem dúvida, o ocorrido foi sui generis, pois não há em Honduras a figura do "impedimento ou
destituição", existente em outros países, como o nosso. Por exemplo, o ex-presidente Collor foi impedido
pelo Congresso brasileiro em função de razões muito menos graves do que o acontecido em Honduras e
mesmo no Brasil de hoje. Desta forma, a saída lá foi a deposição pura e simples. A atitude da
administração de Lula foi acompanhada por praticamente todos os outros países.
A incoerência reside no fato de que, ao mesmo tempo em que adota esta posição no relativo a
Honduras, defende no Mercosul a entrada da Venezuela do Cel. Chávez, o qual mostra a cada dia suas
claras tendências ditatoriais, buscando adotar a posição de Bolívar, defensor da "presidência vitalícia",
bem como o ingresso de Cuba na OEA.
Como justificar a posição contraditória? Como classificar os regimes cubano e venezuelano como
capazes de atender às cláusulas democráticas exigidas pelos organismos internacionais, ao mesmo
tempo em que se execra a nova administração hondurenha?
O fato não resiste a um mínimo de lógica e honestidade ideológica. Ou condena-se todo e
qualquer regime de exceção ou admite-se todos eles, independentemente de postura ideológica.
Além disto, é notório que, na atual administração, nunca na história deste país o segmento
financeiro e as empreiteiras obtiveram tamanho lucro. Ou seja, a administração Lula atende
perfeitamente aos interesses dos "donos do mundo", tanto nacionais quanto estrangeiros.
Não por acaso, justamente estes setores são os principais financiadores de campanhas eleitorais
no Brasil. A próxima campanha para a Presidência da República está calculada para um custo mínimo de
R$ 100 milhões, considerando-se um candidato já conhecido e detentor de máquina eleitoral. Ora, qual o
político brasileiro que possui e está disposto a investir tal volume de recursos próprios em uma
campanha eleitoral sem a certeza de vitória?
É evidente que os recursos serão provenientes dos setores anteriormente mencionados, que
cobrarão no futuro o retorno do investimento aplicado. E este candidato deverá ser apoiado por muitos
candidatos a governos estaduais, bem como por dezenas de candidatos ao mandato eletivo, tanto no
âmbito federal como estadual. E isto demanda uma enorme quantidade de recursos monetários.
Outro ponto a ser analisado é a persistente capitulação da administração de Lula às investidas
de vizinhos próximos, não por coincidência parceiros do Foro de São Paulo. Primeiro, foi a ocupação de
instalações da Petrobras por tropas bolivianas e outras ações agressivas semelhantes cometidas contra
outras empresas brasileiras. A seguir, a tentativa da administração equatoriana em não pagar dívidas a
empreiteiras brasileiras e outras iniciativas do tipo.
O Cel. Chávez também, volta e meia, fere os interesses nacionais brasileiros, sem que haja
resposta à altura das autoridades brasileiras. Até agressões ao Congresso brasileiro foram cometidas.
Sabemos que o nosso Congresso não é o ideal, sendo pleno de defeitos graves, mas não admitimos que
estrangeiros se intrometam em nossos assuntos internos. Sejam norte-americanos ou venezuelanos.
Agora, é o Paraguai que quer usufruir de vantagens indevidas do erro estratégico ocasionado
com a construção de Itaipu, em conjunto com aquele país, quando poderia ter sido construída uma usina
semelhante em território apenas brasileiro, sem necessidade de ter sido firmado o acordo em vigor.
Também é inadmissível o fato de, ao mesmo tempo em que condenamos com justificadas razões
a instalação de bases americanas na Colômbia e a reativação da IV Frota dos EUA, não protestamos
quanto às ações de Chávez com a Rússia e Irã, não só no relativo a manobras militares, até com uma
frota russa comandada por um cruzador nuclear e aviões de última geração em área venezuelana, como
aos acordos nucleares em fase de conclusão e a existência de campos de treinamento de combatentes,
sob a orientação de instrutores iranianos e cubanos.
Isto sem falar no misterioso surgimento de moderno armamento comprado pela Venezuela da
Suécia em poder das Farcs. Ora, é necessário haver equilíbrio e ponderação na nossa postura em
situações deste tipo. Ou condenamos a todas elas, sejam quais forem suas origens ideológicas, ou as
ignoramos. Afinal, a administração Lula é incoerente ou é submissa aos ditames do Foro de São Paulo?
Por que, ao invés de defendermos a bandeira de que os países maiores (no caso, o Brasil)
devem ajudar os países menores (Bolívia, Paraguai e outros), não tentamos proteger nossos irmãos
brasileiros seriamente ameaçados de perda de todo seu patrimônio, inclusive do mais valioso, a vida, no
Paraguai e na Bolívia?
No primeiro, é preocupante a situação dos chamados "brasilguaios", que lá já estão há gerações.
No segundo, o governo de Morales afirmou que expulsará "à força" cerca de 20 famílias de brasileiros
que vivem no povoado de San Ignácio de Velasco, no Departamento de Santa Cruz. Os brasileiros são
acusados de terem se assentado na cidade sem autorização e de derrubarem indiscriminadamente
árvores na região.
O vice-ministro de Terras do país, Alejandro Almaraz, afirmou à rádio Erbol que a remoção das
famílias se dará em uma ou duas semanas. Será isto de fato procedente? Que ajuda terão nossos
irmãos brasileiros? Também recentemente aviões da Força Aérea Boliviana aterrissaram no aeroporto de
Pando, transportando centenas de "cocaleros" que ocuparão lotes de terra na fronteira do Acre.
O projeto de reforma agrária de Morales prevê o assentamento de 4 mil plantadores de coca nas
áreas de fronteira, ocupando, inicialmente, 100 mil hectares. Morales afirma que seu projeto de
assentamento visa à manutenção da soberania ameaçada pelos brasileiros, assumindo uma clara
postura de quem não ficou satisfeito com a solução relativa às questões das refinarias da Petrobras e de
quem contesta o Tratado de Petrópolis, que finalizou a Questão Acreana.
Numa operação militar, brasileiros estão sendo expulsos e os plantadores de coca ocupam, de
imediato, terras que pertenciam a agricultores brasileiros, inclusive com a interferência truculenta da
Organização Internacional para Migrações (OIM), órgão da ONU, que recebeu US$ 10 milhões do Brasil
para custear o deslocamento das famílias brasileiras e não está ressarcindo-as.
Marcos Coimbra - Conselheiro Diretor do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos
(Cebres), professor de Economia e autor do livro Brasil Soberano.
mcoimbra@antares.com.br
www.brasilsoberano.com.br
OPINIÃO
Incoerência ou submissão
A política internacional adotada pela administração de Lula é, no mínimo, esquizofrênica ou
oportunista. Ao mesmo tempo em que pretende manter o Brasil na posição de interlocutor privilegiado
dos EUA, funcionando como uma espécie de "garante" dos interesses da potência hegemônica na
América do Sul, procura atender aos ditames do Foro de São Paulo, que possui, como uma de suas
figuras primordiais, justamente o ministro de fato de Relações Exteriores do Brasil, o Sr. MAG, ou seja,
Marco Aurélio Garcia.
O objetivo real do citado Foro é o de procurar erigir uma Ursal (União das Repúblicas Socialistas
da América Latina), sob a orientação de Cuba, no lugar da antiga URSS (União das Repúblicas
Socialistas), dinamitada pelos EUA, com a conivência de traidores em postos de comando, tendo como
símbolo a queda do muro de Berlim.
A postura da administração Lula com relação à questão de Honduras é flagrantemente a favor do
ex-presidente Zelaya, o qual foi deposto em função de ter ferido a Constituição daquele país, por
iniciativa do Congresso hondurenho, com o aval do Judiciário.
Sem dúvida, o ocorrido foi sui generis, pois não há em Honduras a figura do "impedimento ou
destituição", existente em outros países, como o nosso. Por exemplo, o ex-presidente Collor foi impedido
pelo Congresso brasileiro em função de razões muito menos graves do que o acontecido em Honduras e
mesmo no Brasil de hoje. Desta forma, a saída lá foi a deposição pura e simples. A atitude da
administração de Lula foi acompanhada por praticamente todos os outros países.
A incoerência reside no fato de que, ao mesmo tempo em que adota esta posição no relativo a
Honduras, defende no Mercosul a entrada da Venezuela do Cel. Chávez, o qual mostra a cada dia suas
claras tendências ditatoriais, buscando adotar a posição de Bolívar, defensor da "presidência vitalícia",
bem como o ingresso de Cuba na OEA.
Como justificar a posição contraditória? Como classificar os regimes cubano e venezuelano como
capazes de atender às cláusulas democráticas exigidas pelos organismos internacionais, ao mesmo
tempo em que se execra a nova administração hondurenha?
O fato não resiste a um mínimo de lógica e honestidade ideológica. Ou condena-se todo e
qualquer regime de exceção ou admite-se todos eles, independentemente de postura ideológica.
Além disto, é notório que, na atual administração, nunca na história deste país o segmento
financeiro e as empreiteiras obtiveram tamanho lucro. Ou seja, a administração Lula atende
perfeitamente aos interesses dos "donos do mundo", tanto nacionais quanto estrangeiros.
Não por acaso, justamente estes setores são os principais financiadores de campanhas eleitorais
no Brasil. A próxima campanha para a Presidência da República está calculada para um custo mínimo de
R$ 100 milhões, considerando-se um candidato já conhecido e detentor de máquina eleitoral. Ora, qual o
político brasileiro que possui e está disposto a investir tal volume de recursos próprios em uma
campanha eleitoral sem a certeza de vitória?
É evidente que os recursos serão provenientes dos setores anteriormente mencionados, que
cobrarão no futuro o retorno do investimento aplicado. E este candidato deverá ser apoiado por muitos
candidatos a governos estaduais, bem como por dezenas de candidatos ao mandato eletivo, tanto no
âmbito federal como estadual. E isto demanda uma enorme quantidade de recursos monetários.
Outro ponto a ser analisado é a persistente capitulação da administração de Lula às investidas
de vizinhos próximos, não por coincidência parceiros do Foro de São Paulo. Primeiro, foi a ocupação de
instalações da Petrobras por tropas bolivianas e outras ações agressivas semelhantes cometidas contra
outras empresas brasileiras. A seguir, a tentativa da administração equatoriana em não pagar dívidas a
empreiteiras brasileiras e outras iniciativas do tipo.
O Cel. Chávez também, volta e meia, fere os interesses nacionais brasileiros, sem que haja
resposta à altura das autoridades brasileiras. Até agressões ao Congresso brasileiro foram cometidas.
Sabemos que o nosso Congresso não é o ideal, sendo pleno de defeitos graves, mas não admitimos que
estrangeiros se intrometam em nossos assuntos internos. Sejam norte-americanos ou venezuelanos.
Agora, é o Paraguai que quer usufruir de vantagens indevidas do erro estratégico ocasionado
com a construção de Itaipu, em conjunto com aquele país, quando poderia ter sido construída uma usina
semelhante em território apenas brasileiro, sem necessidade de ter sido firmado o acordo em vigor.
Também é inadmissível o fato de, ao mesmo tempo em que condenamos com justificadas razões
a instalação de bases americanas na Colômbia e a reativação da IV Frota dos EUA, não protestamos
quanto às ações de Chávez com a Rússia e Irã, não só no relativo a manobras militares, até com uma
frota russa comandada por um cruzador nuclear e aviões de última geração em área venezuelana, como
aos acordos nucleares em fase de conclusão e a existência de campos de treinamento de combatentes,
sob a orientação de instrutores iranianos e cubanos.
Isto sem falar no misterioso surgimento de moderno armamento comprado pela Venezuela da
Suécia em poder das Farcs. Ora, é necessário haver equilíbrio e ponderação na nossa postura em
situações deste tipo. Ou condenamos a todas elas, sejam quais forem suas origens ideológicas, ou as
ignoramos. Afinal, a administração Lula é incoerente ou é submissa aos ditames do Foro de São Paulo?
Por que, ao invés de defendermos a bandeira de que os países maiores (no caso, o Brasil)
devem ajudar os países menores (Bolívia, Paraguai e outros), não tentamos proteger nossos irmãos
brasileiros seriamente ameaçados de perda de todo seu patrimônio, inclusive do mais valioso, a vida, no
Paraguai e na Bolívia?
No primeiro, é preocupante a situação dos chamados "brasilguaios", que lá já estão há gerações.
No segundo, o governo de Morales afirmou que expulsará "à força" cerca de 20 famílias de brasileiros
que vivem no povoado de San Ignácio de Velasco, no Departamento de Santa Cruz. Os brasileiros são
acusados de terem se assentado na cidade sem autorização e de derrubarem indiscriminadamente
árvores na região.
O vice-ministro de Terras do país, Alejandro Almaraz, afirmou à rádio Erbol que a remoção das
famílias se dará em uma ou duas semanas. Será isto de fato procedente? Que ajuda terão nossos
irmãos brasileiros? Também recentemente aviões da Força Aérea Boliviana aterrissaram no aeroporto de
Pando, transportando centenas de "cocaleros" que ocuparão lotes de terra na fronteira do Acre.
O projeto de reforma agrária de Morales prevê o assentamento de 4 mil plantadores de coca nas
áreas de fronteira, ocupando, inicialmente, 100 mil hectares. Morales afirma que seu projeto de
assentamento visa à manutenção da soberania ameaçada pelos brasileiros, assumindo uma clara
postura de quem não ficou satisfeito com a solução relativa às questões das refinarias da Petrobras e de
quem contesta o Tratado de Petrópolis, que finalizou a Questão Acreana.
Numa operação militar, brasileiros estão sendo expulsos e os plantadores de coca ocupam, de
imediato, terras que pertenciam a agricultores brasileiros, inclusive com a interferência truculenta da
Organização Internacional para Migrações (OIM), órgão da ONU, que recebeu US$ 10 milhões do Brasil
para custear o deslocamento das famílias brasileiras e não está ressarcindo-as.
Marcos Coimbra - Conselheiro Diretor do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos
(Cebres), professor de Economia e autor do livro Brasil Soberano.
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Concordo com quase tudo, porem se os Br estiverem ilegais tem q ser extraditados, e os Bolivianos ilegais no Brasil tambem. agora Bolivia extradita, e o Lulla anistia aqui os bolivianos ilegais.Marino escreveu:Monitor Mercantil
OPINIÃO
Incoerência ou submissão
A política internacional adotada pela administração de Lula é, no mínimo, esquizofrênica ou
oportunista. Ao mesmo tempo em que pretende manter o Brasil na posição de interlocutor privilegiado
dos EUA, funcionando como uma espécie de "garante" dos interesses da potência hegemônica na
América do Sul, procura atender aos ditames do Foro de São Paulo, que possui, como uma de suas
figuras primordiais, justamente o ministro de fato de Relações Exteriores do Brasil, o Sr. MAG, ou seja,
Marco Aurélio Garcia.
O objetivo real do citado Foro é o de procurar erigir uma Ursal (União das Repúblicas Socialistas
da América Latina), sob a orientação de Cuba, no lugar da antiga URSS (União das Repúblicas
Socialistas), dinamitada pelos EUA, com a conivência de traidores em postos de comando, tendo como
símbolo a queda do muro de Berlim.
A postura da administração Lula com relação à questão de Honduras é flagrantemente a favor do
ex-presidente Zelaya, o qual foi deposto em função de ter ferido a Constituição daquele país, por
iniciativa do Congresso hondurenho, com o aval do Judiciário.
Sem dúvida, o ocorrido foi sui generis, pois não há em Honduras a figura do "impedimento ou
destituição", existente em outros países, como o nosso. Por exemplo, o ex-presidente Collor foi impedido
pelo Congresso brasileiro em função de razões muito menos graves do que o acontecido em Honduras e
mesmo no Brasil de hoje. Desta forma, a saída lá foi a deposição pura e simples. A atitude da
administração de Lula foi acompanhada por praticamente todos os outros países.
A incoerência reside no fato de que, ao mesmo tempo em que adota esta posição no relativo a
Honduras, defende no Mercosul a entrada da Venezuela do Cel. Chávez, o qual mostra a cada dia suas
claras tendências ditatoriais, buscando adotar a posição de Bolívar, defensor da "presidência vitalícia",
bem como o ingresso de Cuba na OEA.
Como justificar a posição contraditória? Como classificar os regimes cubano e venezuelano como
capazes de atender às cláusulas democráticas exigidas pelos organismos internacionais, ao mesmo
tempo em que se execra a nova administração hondurenha?
O fato não resiste a um mínimo de lógica e honestidade ideológica. Ou condena-se todo e
qualquer regime de exceção ou admite-se todos eles, independentemente de postura ideológica.
Além disto, é notório que, na atual administração, nunca na história deste país o segmento
financeiro e as empreiteiras obtiveram tamanho lucro. Ou seja, a administração Lula atende
perfeitamente aos interesses dos "donos do mundo", tanto nacionais quanto estrangeiros.
Não por acaso, justamente estes setores são os principais financiadores de campanhas eleitorais
no Brasil. A próxima campanha para a Presidência da República está calculada para um custo mínimo de
R$ 100 milhões, considerando-se um candidato já conhecido e detentor de máquina eleitoral. Ora, qual o
político brasileiro que possui e está disposto a investir tal volume de recursos próprios em uma
campanha eleitoral sem a certeza de vitória?
É evidente que os recursos serão provenientes dos setores anteriormente mencionados, que
cobrarão no futuro o retorno do investimento aplicado. E este candidato deverá ser apoiado por muitos
candidatos a governos estaduais, bem como por dezenas de candidatos ao mandato eletivo, tanto no
âmbito federal como estadual. E isto demanda uma enorme quantidade de recursos monetários.
Outro ponto a ser analisado é a persistente capitulação da administração de Lula às investidas
de vizinhos próximos, não por coincidência parceiros do Foro de São Paulo. Primeiro, foi a ocupação de
instalações da Petrobras por tropas bolivianas e outras ações agressivas semelhantes cometidas contra
outras empresas brasileiras. A seguir, a tentativa da administração equatoriana em não pagar dívidas a
empreiteiras brasileiras e outras iniciativas do tipo.
O Cel. Chávez também, volta e meia, fere os interesses nacionais brasileiros, sem que haja
resposta à altura das autoridades brasileiras. Até agressões ao Congresso brasileiro foram cometidas.
Sabemos que o nosso Congresso não é o ideal, sendo pleno de defeitos graves, mas não admitimos que
estrangeiros se intrometam em nossos assuntos internos. Sejam norte-americanos ou venezuelanos.
Agora, é o Paraguai que quer usufruir de vantagens indevidas do erro estratégico ocasionado
com a construção de Itaipu, em conjunto com aquele país, quando poderia ter sido construída uma usina
semelhante em território apenas brasileiro, sem necessidade de ter sido firmado o acordo em vigor.
Também é inadmissível o fato de, ao mesmo tempo em que condenamos com justificadas razões
a instalação de bases americanas na Colômbia e a reativação da IV Frota dos EUA, não protestamos
quanto às ações de Chávez com a Rússia e Irã, não só no relativo a manobras militares, até com uma
frota russa comandada por um cruzador nuclear e aviões de última geração em área venezuelana, como
aos acordos nucleares em fase de conclusão e a existência de campos de treinamento de combatentes,
sob a orientação de instrutores iranianos e cubanos.
Isto sem falar no misterioso surgimento de moderno armamento comprado pela Venezuela da
Suécia em poder das Farcs. Ora, é necessário haver equilíbrio e ponderação na nossa postura em
situações deste tipo. Ou condenamos a todas elas, sejam quais forem suas origens ideológicas, ou as
ignoramos. Afinal, a administração Lula é incoerente ou é submissa aos ditames do Foro de São Paulo?
Por que, ao invés de defendermos a bandeira de que os países maiores (no caso, o Brasil)
devem ajudar os países menores (Bolívia, Paraguai e outros), não tentamos proteger nossos irmãos
brasileiros seriamente ameaçados de perda de todo seu patrimônio, inclusive do mais valioso, a vida, no
Paraguai e na Bolívia?
No primeiro, é preocupante a situação dos chamados "brasilguaios", que lá já estão há gerações.
No segundo, o governo de Morales afirmou que expulsará "à força" cerca de 20 famílias de brasileiros
que vivem no povoado de San Ignácio de Velasco, no Departamento de Santa Cruz. Os brasileiros são
acusados de terem se assentado na cidade sem autorização e de derrubarem indiscriminadamente
árvores na região.
O vice-ministro de Terras do país, Alejandro Almaraz, afirmou à rádio Erbol que a remoção das
famílias se dará em uma ou duas semanas. Será isto de fato procedente? Que ajuda terão nossos
irmãos brasileiros? Também recentemente aviões da Força Aérea Boliviana aterrissaram no aeroporto de
Pando, transportando centenas de "cocaleros" que ocuparão lotes de terra na fronteira do Acre.
O projeto de reforma agrária de Morales prevê o assentamento de 4 mil plantadores de coca nas
áreas de fronteira, ocupando, inicialmente, 100 mil hectares. Morales afirma que seu projeto de
assentamento visa à manutenção da soberania ameaçada pelos brasileiros, assumindo uma clara
postura de quem não ficou satisfeito com a solução relativa às questões das refinarias da Petrobras e de
quem contesta o Tratado de Petrópolis, que finalizou a Questão Acreana.
Numa operação militar, brasileiros estão sendo expulsos e os plantadores de coca ocupam, de
imediato, terras que pertenciam a agricultores brasileiros, inclusive com a interferência truculenta da
Organização Internacional para Migrações (OIM), órgão da ONU, que recebeu US$ 10 milhões do Brasil
para custear o deslocamento das famílias brasileiras e não está ressarcindo-as.
Marcos Coimbra - Conselheiro Diretor do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos
(Cebres), professor de Economia e autor do livro Brasil Soberano.
mcoimbra@antares.com.br
http://www.brasilsoberano.com.br
O Barao tah dando voltas no tumulo de raiva. Com Celso Amorin e Samuel Pinheiro nao dah.
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Mas vocês não entendem...
"O Brasil é o maior, têm que sofrer um pouquinho e dar o exemplo..."
AHHH, MEU FÍGADO!
"O Brasil é o maior, têm que sofrer um pouquinho e dar o exemplo..."
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"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
JB:
Itaipu ... e mais
Marcio de Oliveira Dias
RIO - Mais um episódio fosco na história das relações econômico-diplomáticas brasileiras, foi a capitulação da chancelaria nacional às descabidas exigências paraguaias sobre Itaipu.
O tratado que instituiu a binacional e permitiu a construção, integralmente financiada pelo Brasil, da usina era um delicado instrumento de equilíbrio que levou à realização do empreendimento e sua operação com resultados benéficos para ambos países. Pois se a usina gera mais de 20% da eletricidade consumida no sudeste do Brasil, gera igualmente a quase totalidade da que é consumida pelo Paraguai, além de mais de um quinto do orçamento do país vizinho.
O lugar da construção causou na época grande controvérsia no Brasil, onde opiniões ponderáveis insistiam em fazer a usina rio acima, totalmente em território nacional. A decisão sobre o local, mais do que a um pequeno aumento de potência, deveu-se ao fato de que, no período em que o Brasil começou a estudar mais a fundo a exploração do potencial energético da região, o Paraguai preparava-se para levantar um problema de limites, aguçado pela posse pelo Brasil da ilha de Itaipu (que até 1865 era paraguaia) e pela falta de demarcação definitiva de uma parte da fronteira.
Embora a pequena porção de território que poderia ser motivo de disputa fosse pouco significativa, o Brasil não tinha interesse em entrar num conflito que seria desgastante para ambos países e que poderia até mesmo eventualmente vir a ser dirimido, por arbitragem internacional, em favor do Paraguai. Por outro lado, o Brasil tinha um legítimo interesse em contribuir para o desenvolvimento paraguaio e permitir que o país escapasse da sufocante influência de outro vizinho. Assim, teria ocorrido ao então embaixador em Assunção, e posteriormente grande chanceler brasileiro Mario Gibson Barboza a idéia de “submergir o conflito”, com a inundação, para a formação do lago da represa, da zona objeto de contestação.
Com toda a carga financeira recaindo sobre o Brasil, era imprescindível que a iniciativa fosse protegida por um Tratado que, embora generoso para com o Paraguai, preservasse os mais que legítimos interesses brasileiros, e assim foi feito. A construção da usina trouxe tranqüilidade energética ao Brasil e recursos ao Paraguai, ainda que os benefícios de Itaipu não tenham sido exatamente bem distribuídos entre a sua população...
Evidentemente sempre houve vozes paraguaias que clamavam por mais benefícios para o seu país, passando por cima do fato de que o total do investimento foi brasileiro e que o Paraguai terá contribuído apenas com uma margem do rio. Mas isso pode ser considerado inevitável em situações similares .
Com o fim do domínio político do país pelo Partido Colorado – precipitado por uma série de desmandos que têm na origem a tentativa de um golpe militar contra Wasmosy (até agora o único presidente eleito paraguaio que passou o poder a um sucessor igualmente eleito) e que incluem o assassinato do vice-presidente, a deposição de um presidente ligado aos golpistas e a entrega – que deveria ser temporária, mas durou todo um mandato- do poder a um politicamente inexpressivo presidente ocasional da Câmara dos Deputados, chegou à presidência o bispo Fernando Lugo, a bordo de uma heterodoxa coalizão de forças oposicionistas.
Lugo usou como fácil bandeira de campanha a revisão do Tratado de Itaipu, objetivo que embora buscasse violar um instrumento jurídico perfeito, era de fácil absorção pelos inflamados opositores paraguaios. Após sua eleição, e premido por circunstâncias, digamos, “peculiares”, de sua vida pessoal, caiu na defensiva e acalmou temporariamente seus ímpetos revisionistas.
Entretanto, veio em seu socorro justamente o “inimigo”, o Brasil. O que é, para dizer o mínimo, esquizofrênico.
Pois Lugo, se conhece bem a história recente de seu país, certamente sabe que só está na chefia do executivo paraguaio porque a ação oportuna e firme do governo Fernando Henrique Cardoso – da qual tenho grande orgulho profissional e pessoal de, como Embaixador em Assunção naquele momento, haver sido o agente direto- frustrou, em 1996, um golpe militar que já estava praticamente consolidado e permitiu a sobrevivência da jovem democracia paraguaia, ipso facto a continuidade do processo que acabou por levá-lo ao comando da nação. Este episódio, aliás, foi até hoje mantido em relativo segredo para preservar os representantes de então das instituições paraguaias, mas agora, passados já mais de treze anos e com os dramatis personae relativamente afastados da ribalta política guarani, bem poderá ser dado a público, tarefa da qual pretendo desincumbir-me em breve.
Quando Gibson Barboza – homem que pensava grande e cuja formação diplomática preferia a negociação à confrontação – concebeu a idéia de “submergir o conflito”, baseava-se na convicção de que o Brasil era uma potência regional e como tal se comportaria. E não poderia nem de longe imaginar que, anos depois, a tibieza de um chanceler virtual (Amorim) aliada à motivação ideologicamente deformada de um inesperado chanceler “real” (Garcia) viessem a, por motivos secundários, sacrificar o legítimo interesse nacional em benefício de ganhos políticos para um “companheiro” estrangeiro momentaneamente atrapalhado por aventuras galantes de um passado muito pouco episcopal.
Aberta pela irresponsabilidade ideológica da chancelaria brasileira a Caixa de Pandora, certamente teremos de conviver daqui por diante com uma inesgotável série de absurdas reivindicações dos vizinhos quanto a Itaipu, dando razão aos mais acerbos críticos da construção da usina naquele local. E fazendo com que uma decisão inteligente de política externa brasileira na ocasião viesse a apresentar potenciais aspectos futuros dos mais inconvenientes, tudo por exclusiva culpa de ações do próprio governo brasileiro atual, movido por exóticas motivações ideológicas alheias ao real interesse nacional.
E é neste ponto que faço uma pergunta que já fiz, sem obter resposta convincente, a políticos e juristas: com que base legal o Presidente (diretamente ou através de um ou de ambos seus ministros de Relações Exteriores) perdoa dívidas de países para com o Brasil, aumenta o valor de pagamentos brasileiros estipulados em tratados, em suma, age a seu bel prazer como se os recursos e o Tesouro da nação fossem de sua propriedade pessoal? Já vimos em passado recente e em várias ocasiões o presidente Lula, por ocasião de visitas de Estado a países africanos (sem falar no vergonhoso episódio do gás boliviano) perdoar dívidas por um gesto unilateral seu. Com que base legal? Com autorização de que Congresso? Quem bancará tal generosidade de fundo ideológico? E por favor não insultem a inteligência do nosso povo ao dizer que tais benesses concedidas aos “companheiros” não implicarão em custo adicional para o consumidor brasileiro.
Existe ainda outro aspecto extremamente grave a considerar. As sandices cometidas ultimamente pela diplomacia brasileira, dentre as quais a abertura de postos absolutamente irrelevantes e que sequer são preenchidos corretamente e a política externa cambiante do país, que não se define e procura agradar a gregos e troianos, como bem acentuou na sua última edição a conceituada revista britânica The Economist, têm como justificativa mal disfarçada a campanha que o país estaria desenvolvendo para, numa eventual reforma da ONU, vir a ocupar uma cadeira de membro permanente do Conselho de Segurança. Como se os países que tem esse “status” estivessem dispostos a partilhá-lo pelos belos olhos da diplomacia brasileira...
E o mais grave – e óbvio – é que a diplomacia que deseja assumir um papel de potência mundial com a ocupação de uma cadeira de membro permanente do Conselho sequer mostra-se capacitada a exercer a função de potência regional que a geografia e o tamanho de sua economia praticamente lhe impõem. Pois se com a tibieza mostrada com relação aos arroubos dos “companheiros” Morales e Lugo – além da extrema tolerância com os desmandos do “companheiro” Chavez – a política externa do Governo Lula demonstra claramente a sua absoluta falta de vocação para uma liderança regional, bem se pode imaginar qual seria sua atitude numa crise mundial que exigisse um mínimo de energia e firmeza por parte de um membro permanente do Conselho de Segurança.
Ora, nem o chanceler virtual nem o chanceler real podem ser acusados de ingenuidade. Muito pelo contrário, até. Assim, estão fartos de saber que a possibilidade do Brasil vir a ser contemplado com uma cadeira de membro permanente do Conselho é praticamente nula. O que pode dar corpo a uma teoria, que, se a princípio parecia algo “conspiratória”, à vista dos últimos fatos, dá indícios de não ser necessariamente absurda, de que os recentes esforços e consideráveis gastos da diplomacia brasileira destinem-se, em realidade, não à finalidade utópica da cadeira de membro permanente do Conselho de Segurança, mas sim ao objetivo bastante mais pedestre de garantir para os seus chefes (talvez até mesmo para o “nosso guia” ) uma boa sinecura internacional, uma vez terminado o mandato deste governo. Que tanto fez, política e administrativamente, para arrasar as melhores tradições da casa de Rio-Branco.
Marcio de Oliveira Dias é diplomata de carreira e foi embaixador do Brasil em Assunção de novembro de 1995 a fevereiro de 1998.
Itaipu ... e mais
Marcio de Oliveira Dias
RIO - Mais um episódio fosco na história das relações econômico-diplomáticas brasileiras, foi a capitulação da chancelaria nacional às descabidas exigências paraguaias sobre Itaipu.
O tratado que instituiu a binacional e permitiu a construção, integralmente financiada pelo Brasil, da usina era um delicado instrumento de equilíbrio que levou à realização do empreendimento e sua operação com resultados benéficos para ambos países. Pois se a usina gera mais de 20% da eletricidade consumida no sudeste do Brasil, gera igualmente a quase totalidade da que é consumida pelo Paraguai, além de mais de um quinto do orçamento do país vizinho.
O lugar da construção causou na época grande controvérsia no Brasil, onde opiniões ponderáveis insistiam em fazer a usina rio acima, totalmente em território nacional. A decisão sobre o local, mais do que a um pequeno aumento de potência, deveu-se ao fato de que, no período em que o Brasil começou a estudar mais a fundo a exploração do potencial energético da região, o Paraguai preparava-se para levantar um problema de limites, aguçado pela posse pelo Brasil da ilha de Itaipu (que até 1865 era paraguaia) e pela falta de demarcação definitiva de uma parte da fronteira.
Embora a pequena porção de território que poderia ser motivo de disputa fosse pouco significativa, o Brasil não tinha interesse em entrar num conflito que seria desgastante para ambos países e que poderia até mesmo eventualmente vir a ser dirimido, por arbitragem internacional, em favor do Paraguai. Por outro lado, o Brasil tinha um legítimo interesse em contribuir para o desenvolvimento paraguaio e permitir que o país escapasse da sufocante influência de outro vizinho. Assim, teria ocorrido ao então embaixador em Assunção, e posteriormente grande chanceler brasileiro Mario Gibson Barboza a idéia de “submergir o conflito”, com a inundação, para a formação do lago da represa, da zona objeto de contestação.
Com toda a carga financeira recaindo sobre o Brasil, era imprescindível que a iniciativa fosse protegida por um Tratado que, embora generoso para com o Paraguai, preservasse os mais que legítimos interesses brasileiros, e assim foi feito. A construção da usina trouxe tranqüilidade energética ao Brasil e recursos ao Paraguai, ainda que os benefícios de Itaipu não tenham sido exatamente bem distribuídos entre a sua população...
Evidentemente sempre houve vozes paraguaias que clamavam por mais benefícios para o seu país, passando por cima do fato de que o total do investimento foi brasileiro e que o Paraguai terá contribuído apenas com uma margem do rio. Mas isso pode ser considerado inevitável em situações similares .
Com o fim do domínio político do país pelo Partido Colorado – precipitado por uma série de desmandos que têm na origem a tentativa de um golpe militar contra Wasmosy (até agora o único presidente eleito paraguaio que passou o poder a um sucessor igualmente eleito) e que incluem o assassinato do vice-presidente, a deposição de um presidente ligado aos golpistas e a entrega – que deveria ser temporária, mas durou todo um mandato- do poder a um politicamente inexpressivo presidente ocasional da Câmara dos Deputados, chegou à presidência o bispo Fernando Lugo, a bordo de uma heterodoxa coalizão de forças oposicionistas.
Lugo usou como fácil bandeira de campanha a revisão do Tratado de Itaipu, objetivo que embora buscasse violar um instrumento jurídico perfeito, era de fácil absorção pelos inflamados opositores paraguaios. Após sua eleição, e premido por circunstâncias, digamos, “peculiares”, de sua vida pessoal, caiu na defensiva e acalmou temporariamente seus ímpetos revisionistas.
Entretanto, veio em seu socorro justamente o “inimigo”, o Brasil. O que é, para dizer o mínimo, esquizofrênico.
Pois Lugo, se conhece bem a história recente de seu país, certamente sabe que só está na chefia do executivo paraguaio porque a ação oportuna e firme do governo Fernando Henrique Cardoso – da qual tenho grande orgulho profissional e pessoal de, como Embaixador em Assunção naquele momento, haver sido o agente direto- frustrou, em 1996, um golpe militar que já estava praticamente consolidado e permitiu a sobrevivência da jovem democracia paraguaia, ipso facto a continuidade do processo que acabou por levá-lo ao comando da nação. Este episódio, aliás, foi até hoje mantido em relativo segredo para preservar os representantes de então das instituições paraguaias, mas agora, passados já mais de treze anos e com os dramatis personae relativamente afastados da ribalta política guarani, bem poderá ser dado a público, tarefa da qual pretendo desincumbir-me em breve.
Quando Gibson Barboza – homem que pensava grande e cuja formação diplomática preferia a negociação à confrontação – concebeu a idéia de “submergir o conflito”, baseava-se na convicção de que o Brasil era uma potência regional e como tal se comportaria. E não poderia nem de longe imaginar que, anos depois, a tibieza de um chanceler virtual (Amorim) aliada à motivação ideologicamente deformada de um inesperado chanceler “real” (Garcia) viessem a, por motivos secundários, sacrificar o legítimo interesse nacional em benefício de ganhos políticos para um “companheiro” estrangeiro momentaneamente atrapalhado por aventuras galantes de um passado muito pouco episcopal.
Aberta pela irresponsabilidade ideológica da chancelaria brasileira a Caixa de Pandora, certamente teremos de conviver daqui por diante com uma inesgotável série de absurdas reivindicações dos vizinhos quanto a Itaipu, dando razão aos mais acerbos críticos da construção da usina naquele local. E fazendo com que uma decisão inteligente de política externa brasileira na ocasião viesse a apresentar potenciais aspectos futuros dos mais inconvenientes, tudo por exclusiva culpa de ações do próprio governo brasileiro atual, movido por exóticas motivações ideológicas alheias ao real interesse nacional.
E é neste ponto que faço uma pergunta que já fiz, sem obter resposta convincente, a políticos e juristas: com que base legal o Presidente (diretamente ou através de um ou de ambos seus ministros de Relações Exteriores) perdoa dívidas de países para com o Brasil, aumenta o valor de pagamentos brasileiros estipulados em tratados, em suma, age a seu bel prazer como se os recursos e o Tesouro da nação fossem de sua propriedade pessoal? Já vimos em passado recente e em várias ocasiões o presidente Lula, por ocasião de visitas de Estado a países africanos (sem falar no vergonhoso episódio do gás boliviano) perdoar dívidas por um gesto unilateral seu. Com que base legal? Com autorização de que Congresso? Quem bancará tal generosidade de fundo ideológico? E por favor não insultem a inteligência do nosso povo ao dizer que tais benesses concedidas aos “companheiros” não implicarão em custo adicional para o consumidor brasileiro.
Existe ainda outro aspecto extremamente grave a considerar. As sandices cometidas ultimamente pela diplomacia brasileira, dentre as quais a abertura de postos absolutamente irrelevantes e que sequer são preenchidos corretamente e a política externa cambiante do país, que não se define e procura agradar a gregos e troianos, como bem acentuou na sua última edição a conceituada revista britânica The Economist, têm como justificativa mal disfarçada a campanha que o país estaria desenvolvendo para, numa eventual reforma da ONU, vir a ocupar uma cadeira de membro permanente do Conselho de Segurança. Como se os países que tem esse “status” estivessem dispostos a partilhá-lo pelos belos olhos da diplomacia brasileira...
E o mais grave – e óbvio – é que a diplomacia que deseja assumir um papel de potência mundial com a ocupação de uma cadeira de membro permanente do Conselho sequer mostra-se capacitada a exercer a função de potência regional que a geografia e o tamanho de sua economia praticamente lhe impõem. Pois se com a tibieza mostrada com relação aos arroubos dos “companheiros” Morales e Lugo – além da extrema tolerância com os desmandos do “companheiro” Chavez – a política externa do Governo Lula demonstra claramente a sua absoluta falta de vocação para uma liderança regional, bem se pode imaginar qual seria sua atitude numa crise mundial que exigisse um mínimo de energia e firmeza por parte de um membro permanente do Conselho de Segurança.
Ora, nem o chanceler virtual nem o chanceler real podem ser acusados de ingenuidade. Muito pelo contrário, até. Assim, estão fartos de saber que a possibilidade do Brasil vir a ser contemplado com uma cadeira de membro permanente do Conselho é praticamente nula. O que pode dar corpo a uma teoria, que, se a princípio parecia algo “conspiratória”, à vista dos últimos fatos, dá indícios de não ser necessariamente absurda, de que os recentes esforços e consideráveis gastos da diplomacia brasileira destinem-se, em realidade, não à finalidade utópica da cadeira de membro permanente do Conselho de Segurança, mas sim ao objetivo bastante mais pedestre de garantir para os seus chefes (talvez até mesmo para o “nosso guia” ) uma boa sinecura internacional, uma vez terminado o mandato deste governo. Que tanto fez, política e administrativamente, para arrasar as melhores tradições da casa de Rio-Branco.
Marcio de Oliveira Dias é diplomata de carreira e foi embaixador do Brasil em Assunção de novembro de 1995 a fevereiro de 1998.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco
Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Excelente texto. Sinceramente, brilhante.
Em resumo, o Itamaraty hoje é:
///
(by Marino)
[]'s a todos.
![[009]](./images/smilies/009.gif)
Em resumo, o Itamaraty hoje é:
![[057]](./images/smilies/057.gif)
![[057]](./images/smilies/057.gif)
![[057]](./images/smilies/057.gif)
![[036]](./images/smilies/036.gif)
![[036]](./images/smilies/036.gif)
![[036]](./images/smilies/036.gif)
[]'s a todos.
"Apenas o mais sábio e o menos sábio nunca mudam de opinião."
- rodrigo
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Essa análise do embaixador é demolidora! Isso reitera um pensamento meu: grandes autoridades em assunto de relações exteriores, como esse ex-embaixador e até mesmo ex-aliados do atual Itamaraty, como o ex-embaixador Abdenur, afirmam que nossa atual política externa está um M... completa, com os interesses ideológicos prevalecendo sobre os interesses do país. E ainda aparecem ´´doutores`` querendo justificar essas M.....s.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Diplomacia de banana, esses esquerditas estão derrubando o nosso pais... Itaipu, Brasileiros expulsos nas fronteiras do paraguai e bolivia, Reserva indigena, Amazonia ameçada e esses podres não fazem nada.
- rafafoz
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Pra ver como as coisas mudam, a um tempo atrás a esquerda era vista, como problema e que geralmente tinha lideres problemáticos, mais aqui no Brasil parece que esta se invertendo.
“melhor seria viver sozinho, mas isso não é possível: precisamos do poder de todos para proteger o de cada um e dos outros” (Francis Wolff)
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco

Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
O chanceler servil incorpora o Brasil à criadagem de Hugo Chávez
16 de agosto de 2009
O chanceler Celso Amorim está à beira de um ataque de nervos com o comportamento dos Estados Unidos em relação à Colômbia. Anda insone com a história das bases militares. E repete de meia em meia hora que os ianques não deveriam interferir em assuntos internos de outros países.
O chanceler Celso Amorim está cada vez mais irritado com o comportamento dos Estados Unidos em relação a Honduras. Anda insone com a demora na aplicação de castigos severos ao novo governo. E repete de meia em meia hora que os ianques deveriam interferir em assuntos internos daquele país.
“Os Estados Unidos precisam reconhecer que o bloqueio econômico a Cuba, como ferramenta política, fracassou”, afirmou em abril. ”O bloqueio não provocou e não vai provocar a mudança política desejada pelos Estados Unidos em Cuba”. Mudou de ideia há semanas. Resolveu que o que não funcionou em Cuba vai dar certo em Honduras.
“Os Estados Unidos têm mais poder do que qualquer outro país para convencer o governo interino a aceitar uma solução que permita o restabelecimento da democracia”, descobriu. Em itamaratês, está propondo que o presidente Barack Obama asfixie com um bloqueio econômico a nação centro-americana que depende do comércio com os EUA para sobreviver.
Em abril, , quando exigiu o fim do bloqueio e a volta imediata da ilha caribenha à Organização dos Estados Americanos, Amorim fez de conta que não sabia direito se havia em Cuba uma ditadura comunista ou uma monarquia constitucional. ”Cuba estar ausente do sistema interamericano, incluindo a OEA, é uma anomalia que precisa ser corrigida”, disse . O istema de governo era problema dos cubanos.
Mas jura que foi por amor à liberdade que exigiu que a OEA expulsasse Honduras da OEA e hoje clama pela decretação do bloqueio. ”Há um interesse óbvio em restaurar a democracia em Honduras”, anda recitando. Restauração da democracia é a volta ao poder do ex-presidente Manuel Zelaya, deposto por tentativa de estupro contra a Constituição.
“Quando você está em um pelotão e todo mundo marcha de um jeito e você de outro, é provável que você esteja errado”, comparou no fim de semana o diplomata que nunca teve voz própria. É um subalterno vocacional. É o tipo que ensina o patrão a usar os talheres certos durante o almoço e, terminada a sobremesa, faz questão de lavar a louça. Sempre diz ou faz o que ordena que diga ou faça o governo a que serve. E por isso mesmo merece atenção e vigilância: Amorim vocaliza o que o Planalto pensa e quer.
Há uma inquietante coerência na amalucada sequência de contradições: o governo brasileiro está sempre a favor de Hugo Chávez e contra o governo americano, seja George Bush ou Barack Obama o presidente. O comandante da revolução bolivariana e seus amigos têm razão. Os inimigos estão errados. Simples assim. O colombiano Alvaro Uribe, por exemplo, é inimigo. O hondurenho Manuel Zelaya é companheiro. Cuba não é governada por uma dupla de ditadores, mas por amigos. Se são companheiros, então não existe ditadura. Essa é a grande diretriz da política externa.
Vassalagem rima com Amorim. Também combina com um governo infestado de nostálgicos da Guerra Fria. O intolerável é ver o Brasil incorporado à criadagem de um tiranete de quinta categoria.
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
OPINIÃO
Visão distorcida
General Luiz Gonzaga S. Lessa
É estarrecedor como a nossa política exterior vem sendo conduzida de forma a procurar intrigar
os negócios com a Colômbia e mesmo comprometê-la a nível continental, constrangendo-a na sua
decisão soberana de ceder bases aos EUA com o objetivo de prosseguir no seu vitorioso combate às
FARC e ao tráfico de drogas. Estamos violando até mesmo um dos alicerces básicos da nossa
diplomacia: a não interferência nos assuntos internos dos países com os quais nos relacionamos.
A despeito da visita do Presidente Uribe ao país dando as suas explicações, parece que Lula e o
seu ministro de relações exteriores não se satisfizeram com as razões apresentadas, motivando-os a
convocar uma extemporânea reunião da UNASUL para tratar do assunto que, antes de resolver e aparar
as diferenças, quase levou ao rompimento dos laços diplomáticos entre Colômbia e Venezuela.
Totalmente fora da realidade do jogo político mundial, e de forma até presunçosa, convidou-se(
ou intimou-se?) o Presidente Obama para comparecer ao infausto fórum para ouvir e dar explicações.
No fundo, manifestamos novamente o nosso servilismo e a nossa incapacidade de resolver os
problemas hemisféricos sem a presença do irmão do norte, que, de forma explícita, foi alijado de integrar
a nascente UNASUL. A bem da verdade, não se sabe a que ela se destina, quando é integrada por
países que guardam entre si marcantes diferenças ideológicas e históricas rivalidades e antagonismos.
Muito longe da união o que se prega e se pratica é a desunião.
Bem fez Obama em não comparecer ao evento de Bariloche e de Uribe impor condições para a
sua presença, exigindo que não fossem tratados apenas os assuntos correlatos à cessão de bases, mas,
também, temas mais amplos de segurança continental envolvendo as FARC e os apoios a ela dados
pela Venezuela e Equador, o tráfico de armas, a abertura de portos venezuelanos aos navios de guerra
russos e as manobras com eles realizadas e, até mesmo, as recentes iniciativas do rearmamento
brasileiro.
Todos, assuntos muito pertinentes a um debate franco e leal no âmbito da UNASUL. Querer,
como Venezuela, Equador, Bolívia e até mesmo o Brasil pretendem, uma reversão do acordo Colômbia-
EUA, além de irrealista, é uma evidência de miopia diplomática, que só o tônus ideológico do nosso
chanceler de fato, o Sr Marco Aurélio Garcia, pretende alimentar.
Enquanto estamos com as nossas atenções voltadas para a fronteira norte vemos o Itamaraty
sendo paulatinamente superado pelas ações dos EUA no cone sul, área das mais sensíveis e do
tradicional interesse e influência brasileiros.
Notícias pouco divulgadas, diria até mesmo negadas à imprensa, não despertam a atenção para
o que lá vem ocorrendo e deixam a nossa diplomacia em situação bastante embaraçosa, para se dizer o
menos.
À medida que equacionam os seus grandes problemas no Oriente Médio e definem as suas
políticas para o Iraque e Afeganistão, os EUA voltam as atenções para a América Latina, retomando as
suas prioridades para o Cone Sul, onde, de há muito, procuram estabelecer relações privilegiadas com a
Argentina e o Paraguai, com uma projeção de poder que vai muito além das preocupações com a
Tríplice Fronteira.
O foco aparente dessa influência tem levado os EUA a se tornar um ativo participante na solução
dos problemas que afetam a área fronteiriça Brasil-Argentina-Paraguai, levando-os a integrar, em 2002,
como conseqüência dos atentados às torres gêmeas de 11 de setembro de2001, o quase desconhecido
acordo denominado “Mecanismo 3+1 de Segurança na Tríplice Fronteira”.
Na prática, essa integração se traduziu como o nosso reconhecimento cabal de que naquela área
sensível se desenvolviam atividades ligadas ao terrorismo internacional, promovidas pelo Hezbollah e
Hamas, acusação de que até hoje não se afastaram os norte-americanos e que sempre foram negadas
por nós brasileiros.
Esse problema se revestiu de tanta gravidade que a região integrou uma lista de alvos para
possível bombardeio, alvos definidos pelo general da Força Aérea Americana Charles Holland, a pedido
do então Secretário de Defesa Donald Rumsfeld. Provavelmente, o bombardeio não se materializou
porque os militares americanos disseram não possuir “inteligência acionável” nos alvos propostos.
Em 2006, o Itamaraty anuncia a criação e o funcionamento em agosto do mesmo ano do Centro
Regional de Inteligência(CRI) na Tríplice Fronteira, em Foz do Iguaçu, parceria entre Brasil, Argentina,
Paraguai e EUA, para combater “atos ilícitos” “por meio do aumento da cooperação entre os organismos
de segurança pública” dos referidos países.
A posse de Barack Obama não aliviou as preocupações dos EUA sobre a Tríplice Fronteira.
Denis Blair, Diretor Nacional de Inteligência, em sua audiência no Senado Federal, em 12 de fevereiro de
2009, afirmou que o “Hesbollah tem há muito mantido a sua presença na região….onde é notória a
presença de narcóticos e tráfego de armas”.
Embora admitindo alguns progressos, o Relatório sobre Terrorismo, 2008, apresentado ao
Senado dos EUA e publicado em abril do corrente ano, enfatiza que a corrupção, a falta de coordenação
entre as diferentes organizações, a baixa prioridade na alocação dos recursos e a ausência de legislação
apropriada comprometeram a adoção de eficientes medidas no combate ao terrorismo.
Em particular, realça que no Brasil a falta de leis que estabeleçam claramente os crimes de
terrorismo e de lavagem de dinheiro veem dificultando combatê-los com eficiência e oportunidade.
Mas as ações dos EUA no Cone Sul vão muito além das suas preocupações com terroristas. Não
é de hoje que buscam estreitar suas relações com a Argentina e o Paraguai, ameaçando a natural
liderança brasileira na região.
Em 2002, o presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, autorizou a entrada no país de tropas
de forças especiais, do Comando Sul dos EUA, para atuarem nas províncias de Salta e Misiones,
fronteira com o Brasil, em manobra conjunta com o seu exército.
Interessante notar que a autorização do congresso só foi concedida um mês e meio após o
efetivo desembarque dos militares americanos em solo argentino. Na época, tanto o nosso Ministério da
Defesa como o Itamaraty evitaram comentar sobre os exercícios na fronteira.
Tradicionalmente, as relações diplomáticas entre o Paraguai e os EUA têm sido muito cordiais.
Todavia, nos últimos anos, os laços se estreitaram ainda mais, com a celebração de acordos militares
que não podem passar despercebidos pelo Brasil.
Durante o governo do presidente Alfredo Stroessner, com o apoio técnico dos norte-americanos
e mão-de-obra local, foi construída uma grande base aérea em Marechal Estigarríbia, no Chaco
paraguaio, distante cerca de 200 km da fronteira boliviana, que, pela sua desproporção em relação à
força aérea do país, ainda hoje dá margem a muitas especulações.
A base permite a operação com grandes aeronaves, dispõe de um complexo sistema de radar e
de uma torre de controle, possui enormes hangares e pode alojar até 16000 homens nas suas
instalações. Sua pista é maior do que a existente no aeroporto internacional de Assunção. Sua
localização, de alto valor estratégico, permite-lhe operações contínuas ao longo de todo o ano pelas
condições meteorológicas favoráveis, possibilitando-lhe conduzir ações em toda a América do Sul e
cobrir os eixos marítimos do extremo sul do continente.
Nunca é demais lembrar a sua proximidade da tríplice fronteira, das grandes reservas de gás
bolivianas e do imenso reservatório de água do Aqüífero Guarani.
Em 2006, com a aprovação do senado e a convite do presidente Nicanor Duarte, 500 militares
integrantes das forças especiais do exército americano, com aviões, armamentos e munições
desembarcaram em Marechal Estigarribia para, supostamente, realizarem operações humanitárias e de
ação cívico-social junto à população pobre da redondeza. Às forças americanas foram concedidas
imunidades, tanto face à justiça local quanto à jurisdição da Corte Criminal Internacional.
Por mais que os fatos digam o contrário, autoridades negam a existência de base americana em
solo paraguaio.
Altamente preocupantes são as evidências da instalação de um Centro de Comando e Controle –
C2 – na embaixada americana em Assunção, com a finalidade de colher e analisar informações e se
opor a qualquer atividade que ponha em risco a segurança dos EUA.
A instalação de tal centro revela a alta prioridade que os EUA, no momento, conferem ao
Paraguai e se constitui em ameaça velada aos países do cone sul, dada a incerteza das ações que dele
podem se originar. Com ele, a lacuna de “inteligência acionável” deixa de existir. Difícil é entender o
mutismo da nossa diplomacia com tão grave situação.
Mais recentemente, em abril do corrente ano, o deputado Eliot Engel, que preside o Sub-comitê
para a América Latina e o Caribe, na Câmara dos Representantes dos EUA, apresentou um projeto de lei
para incluir o Paraguai na lei de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas, que permitirá
ao país exportar para os Estados Unidos livre de taxas.
Um duro golpe no Mercosul, após todas as benesses que o Presidente Lula concedeu nas
tratativas referentes às mudanças no Tratado de Itaipu. O deputado, referindo-se ao Presidente Lugo,
ressaltou que ele “já é um bom amigo e um importante aliado”. Mais uma vez,como fica a nossa
diplomacia, ministro Celso Amorim?
Enquanto todas as atenções parecem voltadas para as bases americanas na Colômbia, onde
são justas as nossas preocupações face às ameaças potenciais que elas podem representar para a
Amazônia brasileira, a despeito das declarações de autoridades estadunidenses de que elas não serão
utilizadas para conduzir operações fora do território colombiano, os Estados Unidos da América,
silenciosamente, sem alarde, veem impondo uma sólida e preocupante presença no Cone Sul, que
rivaliza e tenta limitar a natural influência brasileira sobre essa região, historicamente, foco da mais alta
prioridade da nossa diplomacia.
Com as bases ao norte e ao sul, fecha-se um perigoso arco de pressão e influência dos Estados
Unidos sobre a América do Sul, o que, até então, eles não haviam logrado alcançar.
Visão distorcida
General Luiz Gonzaga S. Lessa
É estarrecedor como a nossa política exterior vem sendo conduzida de forma a procurar intrigar
os negócios com a Colômbia e mesmo comprometê-la a nível continental, constrangendo-a na sua
decisão soberana de ceder bases aos EUA com o objetivo de prosseguir no seu vitorioso combate às
FARC e ao tráfico de drogas. Estamos violando até mesmo um dos alicerces básicos da nossa
diplomacia: a não interferência nos assuntos internos dos países com os quais nos relacionamos.
A despeito da visita do Presidente Uribe ao país dando as suas explicações, parece que Lula e o
seu ministro de relações exteriores não se satisfizeram com as razões apresentadas, motivando-os a
convocar uma extemporânea reunião da UNASUL para tratar do assunto que, antes de resolver e aparar
as diferenças, quase levou ao rompimento dos laços diplomáticos entre Colômbia e Venezuela.
Totalmente fora da realidade do jogo político mundial, e de forma até presunçosa, convidou-se(
ou intimou-se?) o Presidente Obama para comparecer ao infausto fórum para ouvir e dar explicações.
No fundo, manifestamos novamente o nosso servilismo e a nossa incapacidade de resolver os
problemas hemisféricos sem a presença do irmão do norte, que, de forma explícita, foi alijado de integrar
a nascente UNASUL. A bem da verdade, não se sabe a que ela se destina, quando é integrada por
países que guardam entre si marcantes diferenças ideológicas e históricas rivalidades e antagonismos.
Muito longe da união o que se prega e se pratica é a desunião.
Bem fez Obama em não comparecer ao evento de Bariloche e de Uribe impor condições para a
sua presença, exigindo que não fossem tratados apenas os assuntos correlatos à cessão de bases, mas,
também, temas mais amplos de segurança continental envolvendo as FARC e os apoios a ela dados
pela Venezuela e Equador, o tráfico de armas, a abertura de portos venezuelanos aos navios de guerra
russos e as manobras com eles realizadas e, até mesmo, as recentes iniciativas do rearmamento
brasileiro.
Todos, assuntos muito pertinentes a um debate franco e leal no âmbito da UNASUL. Querer,
como Venezuela, Equador, Bolívia e até mesmo o Brasil pretendem, uma reversão do acordo Colômbia-
EUA, além de irrealista, é uma evidência de miopia diplomática, que só o tônus ideológico do nosso
chanceler de fato, o Sr Marco Aurélio Garcia, pretende alimentar.
Enquanto estamos com as nossas atenções voltadas para a fronteira norte vemos o Itamaraty
sendo paulatinamente superado pelas ações dos EUA no cone sul, área das mais sensíveis e do
tradicional interesse e influência brasileiros.
Notícias pouco divulgadas, diria até mesmo negadas à imprensa, não despertam a atenção para
o que lá vem ocorrendo e deixam a nossa diplomacia em situação bastante embaraçosa, para se dizer o
menos.
À medida que equacionam os seus grandes problemas no Oriente Médio e definem as suas
políticas para o Iraque e Afeganistão, os EUA voltam as atenções para a América Latina, retomando as
suas prioridades para o Cone Sul, onde, de há muito, procuram estabelecer relações privilegiadas com a
Argentina e o Paraguai, com uma projeção de poder que vai muito além das preocupações com a
Tríplice Fronteira.
O foco aparente dessa influência tem levado os EUA a se tornar um ativo participante na solução
dos problemas que afetam a área fronteiriça Brasil-Argentina-Paraguai, levando-os a integrar, em 2002,
como conseqüência dos atentados às torres gêmeas de 11 de setembro de2001, o quase desconhecido
acordo denominado “Mecanismo 3+1 de Segurança na Tríplice Fronteira”.
Na prática, essa integração se traduziu como o nosso reconhecimento cabal de que naquela área
sensível se desenvolviam atividades ligadas ao terrorismo internacional, promovidas pelo Hezbollah e
Hamas, acusação de que até hoje não se afastaram os norte-americanos e que sempre foram negadas
por nós brasileiros.
Esse problema se revestiu de tanta gravidade que a região integrou uma lista de alvos para
possível bombardeio, alvos definidos pelo general da Força Aérea Americana Charles Holland, a pedido
do então Secretário de Defesa Donald Rumsfeld. Provavelmente, o bombardeio não se materializou
porque os militares americanos disseram não possuir “inteligência acionável” nos alvos propostos.
Em 2006, o Itamaraty anuncia a criação e o funcionamento em agosto do mesmo ano do Centro
Regional de Inteligência(CRI) na Tríplice Fronteira, em Foz do Iguaçu, parceria entre Brasil, Argentina,
Paraguai e EUA, para combater “atos ilícitos” “por meio do aumento da cooperação entre os organismos
de segurança pública” dos referidos países.
A posse de Barack Obama não aliviou as preocupações dos EUA sobre a Tríplice Fronteira.
Denis Blair, Diretor Nacional de Inteligência, em sua audiência no Senado Federal, em 12 de fevereiro de
2009, afirmou que o “Hesbollah tem há muito mantido a sua presença na região….onde é notória a
presença de narcóticos e tráfego de armas”.
Embora admitindo alguns progressos, o Relatório sobre Terrorismo, 2008, apresentado ao
Senado dos EUA e publicado em abril do corrente ano, enfatiza que a corrupção, a falta de coordenação
entre as diferentes organizações, a baixa prioridade na alocação dos recursos e a ausência de legislação
apropriada comprometeram a adoção de eficientes medidas no combate ao terrorismo.
Em particular, realça que no Brasil a falta de leis que estabeleçam claramente os crimes de
terrorismo e de lavagem de dinheiro veem dificultando combatê-los com eficiência e oportunidade.
Mas as ações dos EUA no Cone Sul vão muito além das suas preocupações com terroristas. Não
é de hoje que buscam estreitar suas relações com a Argentina e o Paraguai, ameaçando a natural
liderança brasileira na região.
Em 2002, o presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, autorizou a entrada no país de tropas
de forças especiais, do Comando Sul dos EUA, para atuarem nas províncias de Salta e Misiones,
fronteira com o Brasil, em manobra conjunta com o seu exército.
Interessante notar que a autorização do congresso só foi concedida um mês e meio após o
efetivo desembarque dos militares americanos em solo argentino. Na época, tanto o nosso Ministério da
Defesa como o Itamaraty evitaram comentar sobre os exercícios na fronteira.
Tradicionalmente, as relações diplomáticas entre o Paraguai e os EUA têm sido muito cordiais.
Todavia, nos últimos anos, os laços se estreitaram ainda mais, com a celebração de acordos militares
que não podem passar despercebidos pelo Brasil.
Durante o governo do presidente Alfredo Stroessner, com o apoio técnico dos norte-americanos
e mão-de-obra local, foi construída uma grande base aérea em Marechal Estigarríbia, no Chaco
paraguaio, distante cerca de 200 km da fronteira boliviana, que, pela sua desproporção em relação à
força aérea do país, ainda hoje dá margem a muitas especulações.
A base permite a operação com grandes aeronaves, dispõe de um complexo sistema de radar e
de uma torre de controle, possui enormes hangares e pode alojar até 16000 homens nas suas
instalações. Sua pista é maior do que a existente no aeroporto internacional de Assunção. Sua
localização, de alto valor estratégico, permite-lhe operações contínuas ao longo de todo o ano pelas
condições meteorológicas favoráveis, possibilitando-lhe conduzir ações em toda a América do Sul e
cobrir os eixos marítimos do extremo sul do continente.
Nunca é demais lembrar a sua proximidade da tríplice fronteira, das grandes reservas de gás
bolivianas e do imenso reservatório de água do Aqüífero Guarani.
Em 2006, com a aprovação do senado e a convite do presidente Nicanor Duarte, 500 militares
integrantes das forças especiais do exército americano, com aviões, armamentos e munições
desembarcaram em Marechal Estigarribia para, supostamente, realizarem operações humanitárias e de
ação cívico-social junto à população pobre da redondeza. Às forças americanas foram concedidas
imunidades, tanto face à justiça local quanto à jurisdição da Corte Criminal Internacional.
Por mais que os fatos digam o contrário, autoridades negam a existência de base americana em
solo paraguaio.
Altamente preocupantes são as evidências da instalação de um Centro de Comando e Controle –
C2 – na embaixada americana em Assunção, com a finalidade de colher e analisar informações e se
opor a qualquer atividade que ponha em risco a segurança dos EUA.
A instalação de tal centro revela a alta prioridade que os EUA, no momento, conferem ao
Paraguai e se constitui em ameaça velada aos países do cone sul, dada a incerteza das ações que dele
podem se originar. Com ele, a lacuna de “inteligência acionável” deixa de existir. Difícil é entender o
mutismo da nossa diplomacia com tão grave situação.
Mais recentemente, em abril do corrente ano, o deputado Eliot Engel, que preside o Sub-comitê
para a América Latina e o Caribe, na Câmara dos Representantes dos EUA, apresentou um projeto de lei
para incluir o Paraguai na lei de Preferências Tarifárias Andinas e Erradicação de Drogas, que permitirá
ao país exportar para os Estados Unidos livre de taxas.
Um duro golpe no Mercosul, após todas as benesses que o Presidente Lula concedeu nas
tratativas referentes às mudanças no Tratado de Itaipu. O deputado, referindo-se ao Presidente Lugo,
ressaltou que ele “já é um bom amigo e um importante aliado”. Mais uma vez,como fica a nossa
diplomacia, ministro Celso Amorim?
Enquanto todas as atenções parecem voltadas para as bases americanas na Colômbia, onde
são justas as nossas preocupações face às ameaças potenciais que elas podem representar para a
Amazônia brasileira, a despeito das declarações de autoridades estadunidenses de que elas não serão
utilizadas para conduzir operações fora do território colombiano, os Estados Unidos da América,
silenciosamente, sem alarde, veem impondo uma sólida e preocupante presença no Cone Sul, que
rivaliza e tenta limitar a natural influência brasileira sobre essa região, historicamente, foco da mais alta
prioridade da nossa diplomacia.
Com as bases ao norte e ao sul, fecha-se um perigoso arco de pressão e influência dos Estados
Unidos sobre a América do Sul, o que, até então, eles não haviam logrado alcançar.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Esse artigo do Gen Lessa é leitura obrigatória, muito importante porque dá nome a alguns bois e fornece alta credibilidade a assuntos que tem sido tratados com pouca importância.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
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Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Hoje acabou aquela novela da escolha do novo chefão da UNESCO.
E a escolhida foi uma mulher búlgara. O bobão do Celso Amorim se arrebentou, ao embarcar na canoa furada daquele fanático egípcio.
Realmente, que papelão ridículo o Itamaraty fez nesta história toda, hein?
E a escolhida foi uma mulher búlgara. O bobão do Celso Amorim se arrebentou, ao embarcar na canoa furada daquele fanático egípcio.
Realmente, que papelão ridículo o Itamaraty fez nesta história toda, hein?