Catalunha: vitória socialista, mais direita e menos indepentismo
MadreMedia 13 mai 2024 12:05 Opinião
A opinião de
Francisco Sena Santos
Os catalães premiaram a abertura dos socialistas de Pedro Sánchez à negociação e busca de concórdia (o PSC é o mais votado e sobe de 32 para 42 lugares num parlamento com 135 deputados), dão algum fôlego às direitas (o PP quintuplica a representação, ao passar de 3 para 15 deputados) e castigam o independentismo (cai, no conjunto, de 74 para 61 deputados e assim perde a maioria absoluta), com votação que põe fim à década febril a forçar vias para a independência da Catalunha.
Catalunha: vitória socialista, mais direita e menos indepentismo
A análise ao quadro de resultados sugere que muitos dos que em 2017 se empenharam no combate pela independência se cansaram da luta e nestas eleições ficaram em casa.
A esquerda republicana, ERC, de Pere Aragonés e Oriol Junqueras, que até agora liderava o governo catalão caiu de 35% para apenas 13%. Recebeu há dois anos 605 mil votos, agora apenas 427 mil.
É facto que os centristas independentistas do Junts, com o líder Carles Puigdemont “exilado” e a fazer campanha do outro lado da fronteira captam quase 100 mil novos votos e recebem agora o apoio de 674 mil eleitores (21,6%).
Mas a maior subida (+220 mil votos) é dos socialistas, com 873 mil votantes (27,9%).
Os resultados confirmam as previsões das sondagens, exceto em relação à esquerda republicana ERC, que tinha previsão de baixa para 20% e cai ara 13%. A ERC passa da chefia do governo da Catalunha para a oposição, a liderança do partido está muto tremida, resta saber se vai viabilizar o governo do socialista Salvador Illa.
Há no novo parlamento catalão números para o regresso da aliança “tripartido” de esquerda (PSC+ERC+Comuns), mas essa coligação parece muito difícil de concretizar, porque a ERC está chamada para uma cura de oposição. Há dentro da estrutura da ERC quem esteja a defender o mal menor e o apoio parlamentar ao governo das esquerdas, tal como acontece em Madrid. Esta negociação é de resultado muito incerto.
Carles Puigdemont, embora sem poder entrar em terra de Espanha vai para sete anos (se entrar é entregue à justiça espanhola), já anunciou que vai candidatar-se à investidura para presidente do governo catalão, e quer negociar com os outros partidos independentistas, a começar pela ERC. Não só lhe falta maioria parlamentar para formar esse governo como a forte rivalidade entre os partidos independentistas travaria esse entendimento.
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