FAZENDAS MODULARES

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Re: FAZENDAS MODULARES

#16 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Jun 21, 2014 11:08 am

delmar escreveu:Já com referência a água a burocracia é realmente assustadora. Construir um simples açude numa propriedade rural exige uma tal série de documentos que sai mais caro o projeto que a obra. O IBAMA entra junto nesta burocracia.
Na parte jurídica não colocaste ainda a nossa legislação trabalhista. Todo participante do empreendimento que resolvesse sair iria até a justiça do trabalho pedir hora extra, depósito do FGTS, adicional de insalubridade, férias, 13º salário, vale alimentação, vale transporte, etc..
Estes são realmente problemas seríssimos no Brasil, que já inviabilizaram muitas boas iniciativas.

Para atender a parte burocrática as questões relativas a ela precisariam ser verificadas entes mesmo que o primeiro tijolo fosse assentado, fazendo parte do planejamento da unidade que teria que ser muito cuidadoso. Mas o próprio INCRA poderia ter uma equipe dedicada a este tipo de coisa, integrada com o pessoal do IBAMA, do Ministério da Agricultura e etc... . Assim o planejamento (inclusive burocrático) das unidades seria feito "em escala industrial" por gente que com o tempo se tornaria altamente profissional e eficiente (claro, estou sonhando, isso é Brasil e o serviço público que temos não permite um prognóstico tão bom assim). Na prática provavelmente estas questões vão atrasar em no mínimo alguns anos o inicio da implantação de cada unidade, mas fazer o quê, tudo no país é assim mesmo :roll: .

Com relação às questões trabalhistas, o regime do pessoal assentado tem que ser muito bem definido, como proprietários das terras e cooperados, não como funcionários. Ninguém ainda falou (pelo menos que eu tenha notado) em implantar fazendas coletivas ao estilo soviético. Mas todo cuidado é pouco, não faltarão os que tentarão tirar uma "casquinha" do sistema explorando brechas e falhas de nossa legislação absurdamente complicada.


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Re: FAZENDAS MODULARES

#17 Mensagem por Túlio » Sáb Jun 21, 2014 12:16 pm

Bueno, como finalmente chegou gente querendo falar A SÉRIO sobre o assunto, ao invés de ficar enchendo linguiça com teorias econômicas e realidades alienígenas, passo a descrever o conceito básico. Lembrar que é apenas um início de charla, aberto a todo tipo de modificação/aperfeiçoamento, o que aliás é precisamente o escopo deste tópico.

Bueno, imagino as FM divididas em três partes-chave:

:arrow: MÓDULOS DE PRODUÇÃO RURAL (MPRs) - estabeleci arbitrariamente em 500, com 50 hectares cada (5 de largura e 10 de comprimento), num total de 250 mil ha (250 km²). Seriam, para a necessária mobilidade, divididos no que chamo de QUADRAS, ou seja, longas linhas de dois módulos (de fundos um para o outro) medindo 2 km de largura, com uma rua separando uma quadra da outra. A largura da quadra seria fixa e o comprimento derivado de:

A - Formato da propriedade (FM).
B - Questões de sociabilidade. Por exemplo, o senhor X é amigo do senhor Y, mas um mora em uma propriedade no meio de uma das quadras e outro no meio da adjacente. Seria talvez necessário algum tipo de limite no comprimento das quadras para facilitar que se visitassem; de outro modo, para se encontrarem, seria necessário contornar a quadra toda, o que chegaria talvez a dezenas de km...

Por enquanto fico nisto; em post ulterior detalharei mais o MPR dentro do quesito TIPO DE PRODUÇÃO, ou seja, o que e como seria produzido em cada MPR, bem como o papel da COOPERATIVA nisso.


:arrow: COOPERATIVA - Seria o link entre os módulos, e de propriedade dos fazendeiros, congregados em uma assembléia com 500 assentos, onde deliberariam sobre os rumos do empreendimento e debateriam com a Administração. Esta seria estritamente profissional, selecionada e contratada para obter o máximo de produtividade/lucratividade do empreendimento, como em qualquer grande empresa. Receberiam salários, benefícios e bônus, novamente como em qualquer empresa digna do nome. Abatidas as despesas e considerada a produtividade de cada MPR, cada titular receberia seu quinhão nos lucros.

A - A Cooperativa, em que pese ocupar a menor área da FM, não seria apenas um setor administrativo mas também de produção industrial, serviços, logística etc, melhor explicados a seguir:

A1 - Administração - CEO formado em Administração com especialização no setor agroindustrial e preferencialmente com um CV enunciando sólida experiência e capacidade. Seria contratado após análise do CV, entrevista pessoal com ênfase em sua criatividade (mas sem esquecer o vínculo com o mundo empresarial real) e competência demonstrada em empregos anteriores. Não seria um empregado barato. Precisaria montar um DRH competente para contratar e gerir os demais funcionários - e ele próprio. Finalmente, os imprescindíveis funcionários administrativos. Um ponto fulcral seria um ágil SETOR COMERCIAL, cuja necessidade se verá no próximo item.

NOTA - Governo no meio implicaria gestão POLÍTICA e não EMPRESARIAL. Viraria Kolkhoz, com todos os seus tristes corolários. O empreendimento certamente fracassaria.

A2 - Produção Industrial - Setor crítico. Os MPRs são divididos em quadras precisamente para facilitar/agilizar o transporte da produção de vegetais tão logo seja colhida e dos animais tão logo chegue o momento do abate. Teria abatedouros e frigorífico para os animais, silos para os grãos e meios de processamento, ou seja, a FM não seria produtora de carne e vegetais com baixo valor agregado e sim, graças à UPPA (Unidade de Processamento de Produtos Agropecuários), haveria bastante valor agregado. Por exemplo, se os MPRs produzirem em determinada época uma média de 10 tons de tomates cada (total 10 x 500 = 5.000 tons), a UPPA será encarregada de receber, selecionar e processar, disponibilizando para comercialização, de acordo com a demanda da época, tomates in natura para consumo em saladas, etc, e produtos industrializados como massa/molho de tomate, além de combiná-los com outros produtos dos módulos, ofertando novos alimentos (seria necessário criar marca própria para os produtos da Cooperativa). Isso vale para qualquer produto, carnes inclusive. Vender um boi e um porco vivos custa pouco e rende x, abatê-los e vender cortes prontos, embutidos, farinha de osso e sangue, couro curtido, etc, custa bem mais mas o rendimento é de vários x. Os próprios grãos, inicialmente ensilados, seriam processados tanto como marca (pacotes de arroz, feijão, latas/copos/sachês de milho, óleos, etc). O Setor Comercial se encarregaria de prospectar o mercado, ajudando a definir o que seria mais rentável produzir em qual época e teria por incumbência final a comercialização dos produtos no mercado.

A3 - Serviços - Teria sob sua responsabilidade todas as máquinas (tratores, implementos, colheitadeiras, etc), bem como seus operadores. Todo o trabalho mecânico nos MPRs seria seu encargo. Claro, com exceções. Por exemplo, cada módulo teria de ter sua própria ordenhadeira ou, dependendo do plantel, talvez fosse mais indicado uma ordenhadeira para cada grupo de módulos vizinhos; a cada manhã o fazendeiro conduziria suas vacas ao módulo designado e lá se processaria a ordenha mecânica, com contagem de quantos litros cada um disponibilizou. A manutenção das ordenhadeiras, no entanto, seria de responsabilidade do Setor de Serviços. Este ainda congregaria outros profissionais indispensáveis, como Mecânicos, Engenheiros Agrônomos e Técnicos Agrícolas, Veterinários e Zootecnistas, Sanitaristas, Técnicos de Segurança no Trabalho, etc. Este setor também se encarregaria de disponibilizar trabalhadores de baixa qualificação para serviços simples, como combate a inços, auxiliar em tarefas simples os profissionais especializados acima citados, conduzir e alimentar o gado confinado, bem como ajudar na manutenção e limpeza das instalações, etc. Estes trabalhadores seriam desejavelmente contratados em regime de tempo parcial pelo DRH, contornando os pesados encargos trabalhistas e, ao mesmo tempo, permitindo pagar-lhes salários melhores enquanto, na prática, custariam menos à Cooperativa.

A4 - Logística - Como é óbvio, o SL seria o Setor encarregado de contabilizar, solicitar à administração e prover todos os insumos necessários ao funcionamento da FM, em todos os demais setores.


:arrow: ÁREA URBANIZADA - A FM seria quase uma mini-cidade. Esta área deveria ter um grande e bem equipado Posto de Saúde com Ala de Emergência, pois tanto na atividade rural quanto na industrial acidente e doença é o que não falta, bem como UTIs móveis, para translado dos casos mais graves a hospitais da região com os quais a Administração celebraria convênios. Ademais, seria interessante locar áreas para a construção de supermercados, farmácias e escritórios/consultórios diversos, o que iria prover uma renda extra ao mesmo tempo que daria fácil acesso a produtos e serviços não-pertinentes ao escopo da Cooperativa mas que, em caso oposto, obrigaria o fazendeiro e sua família a consumir fora. Seria um mercado cativo e, portanto, bastante atraente. O lazer também é importante, bares, restaurantes, lanchonetes, salão de baile, boate ( :lol: não falei em P*TEIRO :lol: ) onde a garotada vai dançar esses pula-pulas barulhentos e uma grande área verde (parque), esta pertencente à e mantida pela Cooperativa para piqueniques e churrascos dos fazendeiros e demais pessoas. Há ainda que se destinar algum espaço para a instalação de igrejas, não há como escapar disso, bem como de ao menos um prédio já pronto para Posto Policial, pois dinheiro e bens atraem criminosos e, tendo Polícia, se economiza com Seguranças. Finalmente, uma área para algum empresa de construção criar um conjunto residencial, com moradias para venda e/ou aluguel aos funcionários da Cooperativa e das empresa instaladas no interior da FM.

O esboço inicial é este. Dúvidas? Sugestões? Modificações?




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Re: FAZENDAS MODULARES

#18 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Jun 21, 2014 5:12 pm

Túlio, uma primeira pergunta:

Este tamanho básico de 50 ha foi retirado de onde? Existe uma norma do INCRA dizendo que o tamanho mínimo das propriedades para assentamentos deve ser de 80 ha, mas o próprio órgão tem assentado famílias em terras tão pequenas quanto 4 ha. Pelos registros do INCRA a faixa que possuiu maior número de propriedades registradas no Brasil é com folga a que vai de 10 a 25 ha. E a faixa que vai de 5 a dez ha tem praticamente o mesmo número de propriedades da que vai de 25 a 50 ha. Ou seja, uma enorme quantidade de gente vive hoje do campo em terrenos bem menores dos que os que você esta propondo para estes assentamentos.

Fonte: http://www.incra.gov.br/media/politica_ ... brasil.pdf


Entendo tanto de sítios e fazendas como você de física quântica (suponho que não seja o seu forte, se for imagine outra coisa qualquer que não seja 8-] ) mas me parece que 50 ha, área equivalente a 60 campos de futebol, é uma área bem grande, talvez grande demais para ser trabalhada por um número razoável de pessoas típicas de uma família brasileira. Minha impressão é que uma área deste tamanho poderia inclusive induzir o uso de produção altamente mecanizada em monoculturas (arroz, trigo, soja, milho, algodão, etc...), e aí sim o investimento acabaria tendo que ser monstruoso para implementar cada uma delas, não só pelo custo da terra mas também do maquinário, da infra-estrutura e do insumos (corretivos do solo, adubos, defensivos, etc...). Me parece o tipo de coisa para o agronegócio de grande porte, e não para produtores menores. A produção em monocultura dá um rendimento ótimo em termos de retorno do capital investido, principalmente devido à elevada mecanização possível, mas muito baixo com relação à área total plantada. Plantações deste tipo são economicamente inviáveis em pequena escala, e por isso acho que não seriam aconselháveis principalmente no início da implantação dos assentamentos destinados à reforma agrária.


Talvez ao invés de 500 módulos de 50 ha cada unidade pudesse ter algo como 1.500 módulos de 12 a 15 ha cada um. Isso também permitiria assentar 3 vezes mais gente na mesma área. Estas unidades menores porém seriam trabalhadas de outro modo, com a área de cada módulo dividida entre diversos tipos de culturas entre frutas, legumes, verduras e grãos para consumo mais direto (feijão, ervilha, etc...), tudo consorciado com criações de animais de médio e pequeno porte, lagos para peixes, abelhas e por aí vai. Um tipo de agricultura intensiva em mão de obra, mas com menor necessidade de investimento inicial e muito mais rentável por área. Uma comunidade produzindo assim seria praticamente auto-suficiente em alimentos e ainda poderia produzir excedentes para o mercado de cidades próximas ou para as agro-indústrias implantadas no local (importantíssimas como você bem salientou, no médio prazo provavelmente até mais do que as próprias terras aradas). Cada módulo pequeno assim produziria poucos excedentes para ser rentável, mas 1500 deles juntos em cada unidade já seria uma história completamente diferente.

Dependendo de como fossem arranjados módulos deste porte permitiriam um razoável nível de mecanização, desde que as máquinas adequadas estivessem disponíveis. E elas poderiam ser de propriedade da cooperativa, e arrendadas por cada proprietário segundo a necessidade ou com o trabalho programado em conjunto para atender a todos nos tempos certos. O que acha?


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Re: FAZENDAS MODULARES

#19 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Jun 21, 2014 5:20 pm

Túlio escreveu:Finalmente, uma área para algum empresa de construção criar um conjunto residencial, com moradias para venda e/ou aluguel aos funcionários da Cooperativa e das empresa instaladas no interior da FM.
Este ponto é um tanto complicado. Para a coisa poder ser iniciada as pessoas teriam que se deslocar para o local das FM´s ANTES de poderem sequer pensar em iniciar a produção de qualquer coisa, e as residências e a infra-estrutura básica (galpões, escolas, postos de saúde, etc...) já precisariam estar lá. Não vejo como uma empresa (que obviamente visaria o lucro) pudesse estar encarregada de executar estas construções. Pelo menos no início precisaria ser montado um programa de construções organizado pelos governos (provavelmente local e estadual), quem sabe utilizando o próprio pessoal que seria assentado como mão de obra, em regime de mutirão.

E como eu já mencionei, a arquitetura deveria ser adequada aos materiais e à realidade local, para minimizar os custos em um período em que não existe ainda atividade produtiva para bancá-los. Depois quem sabe, quando tudo já estivesse implementado e a produção a pleno vapor as famílias poderiam reformar suas casas ou construir novas melhores, e aí sim se quisessem poderiam contratar alguma empresa que se dispusesse a se instalar na área.


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Re: FAZENDAS MODULARES

#20 Mensagem por Marechal-do-ar » Sáb Jun 21, 2014 5:28 pm

LeandroGCard escreveu:Este tamanho básico de 50 ha foi retirado de onde? Existe uma norma do INCRA dizendo que o tamanho mínimo das propriedades para assentamentos deve ser de 80 ha, mas o próprio órgão tem assentado famílias em terras tão pequenas quanto 4 ha. Pelos registros do INCRA a faixa que possuiu maior número de propriedades registradas no Brasil é com folga a que vai de 10 a 25 ha. E a faixa que vai de 5 a dez ha tem praticamente o mesmo número de propriedades da que vai de 25 a 50 ha. Ou seja, uma enorme quantidade de gente vive hoje do campo em terrenos bem menores dos que os que você esta propondo para estes assentamentos.
E a maior parte dessas famílias é pobre ou miserável...
LeandroGCard escreveu:Entendo tanto de sítios e fazendas como você de física quântica (suponho que não seja o seu forte, se for imagine outra coisa qualquer que não seja 8-] ) mas me parece que 50 ha, área equivalente a 60 campos de futebol, é uma área bem grande
Vejo que você realmente não entende nada de sítios e fazendas 8-]

Confesso que também entendo muito pouco, mas tenho primos que vivem no campo, 50 ha não é nada.

No campo hoje não se faz nada sem maquinas, sem sementes transgênicas, querer criar assentamentos pequenos, sem ou com baixa mecanização e sem transgênicos (sei que você nem tocou no assunto, mas, pelo que meus primos falaram, o governo de lá teve a ótima ideia de doar sementes aos agricultores, sementes não transgênicas, quem embarcou nessa ao invés de pagar pelas transgênicas se f****) é condenar o coitado assentado a uma vida miserável, não se surpreenda depois se esse pobre coitado vender a terra um grande latifundiário e ir para a cidade.




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Re: FAZENDAS MODULARES

#21 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Jun 21, 2014 8:05 pm

Volto a dizer que de agricultura não entendo nada, só tenho as informações que encontro em revistas e na internet, mas será mesmo que a frase abaixo é verdadeira?
Marechal-do-ar escreveu:E a maior parte dessas famílias é pobre ou miserável...
Senão vejamos:

Segundo a seguinte fonte http://www.abcsem.com.br/noticia.php?cod=284 o custo de produção por hectare do tomate varia de 30 a 55 mil por hectare. Um produtor com apenas 5 hectares plantados teria que fazer um investimento de no mínimo R$150 mil. Isso não me parece coisa para pobres ou miseráveis. Outra fonte (http://agricultura.ruralbr.com.br/notic ... 78773.html) trata de um produtor que planta em 10 ha de terra e que emprega 23 funcionários. Eu queria ser pobre assim 8-] . E não vejo porque seria apenas o tomate, outras verduras e hortaliças talvez não sejam tão intensivas em capital como ele, mas também não envolvem custos (e rendimentos) tão baixos quanto os grãos commodities.

Na área de frutas também me parece que o tamanho das propriedades pode ser bem menor. Meu cunhado comprou a maior fazenda da área de Curaçá, no interior de Pernambuco, com 400 hectares. Mas de início plantou somente 10 ha de uvas, e seus planos eram de chegar aos 20. Não sei como está hoje, mas ele nem arranja mão de obra para cuidar da plantação que já tem e com certeza não chegou ainda nem perto dos 30 ha. A fonte a seguir fala de diversas lavouras de frutas, com vários dados. Com relação ao mamão por exemplo menciona que as lavouras empregavam 30.000 pessoas em 11.000 ha. Isso dá 0,36 ha por pessoa, ao passo que 50 ha para uma família de 6 (já uma família grande) dá 22 vezes mais.

http://incaper.web407.uni5.net/revista.php?idcap=978

Vejo que você realmente não entende nada de sítios e fazendas 8-]

Confesso que também entendo muito pouco, mas tenho primos que vivem no campo, 50 ha não é nada.
Acredito que para grãos commodities isto seja verdade, como aliás já mencionei no meu post anterior. A fonte abaixo dá alguns valores de lucro por hectare para a soja e para o milho:

http://agrolink.com.br/noticias/milho-d ... 64967.html

Com R$1.845,00 para a soja e R$2.640,00 para o milho por ha/safra é preciso mesmo muita terra se o agricultor quiser ter um padrão de vida razoável. Mas como visto acima, nem só de soja, milho e afins pode viver o homem do campo :wink: . Estas culturas são muito adequadas para o grande agronegócio, mas não consigo imaginar assentamentos de reforma agrária mexendo com isso.

No campo hoje não se faz nada sem maquinas, sem sementes transgênicas, querer criar assentamentos pequenos, sem ou com baixa mecanização e sem transgênicos (sei que você nem tocou no assunto, mas, pelo que meus primos falaram, o governo de lá teve a ótima ideia de doar sementes aos agricultores, sementes não transgênicas, quem embarcou nessa ao invés de pagar pelas transgênicas se f****) é condenar o coitado assentado a uma vida miserável, não se surpreenda depois se esse pobre coitado vender a terra um grande latifundiário e ir para a cidade.
Sobre a mecanização entendo mesmo muito pouco (é engraçado, até entendo algo sobre o projeto das máquinas, mas não sobre o seu uso [015] ), mas sei que meu cunhado não consegue usar muitas máquinas na fazenda dele, tem só um trator para arrastar uma máquina de fumigação. O resto do trabalho é basicamente manual.

Já com relação aos transgênicos minha ideia é exatamente oposta, acho que eles devem ser usados muito mais do são que hoje e ficar inventando moda sobre isso é rematada bobagem. Mas novamente, não sei se isso vale para os cultivos adequados às pequenas propriedades tanto quanto para o grande agronegócio. Se valer tudo bem, disponibilizar as sementes faria parte do trabalho de implementação das FM´s.


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Re: FAZENDAS MODULARES

#22 Mensagem por Túlio » Sáb Jun 21, 2014 8:12 pm

Leandro véio, uma coisa eu quero que entendas: quanto menos governo no meio melhor! Esqueças INCRA, reforma agrária & quetales. É um empreendimento PRIVADO, não um ASSENTAMENTO, tri? De resto:

:arrow: Como falei, 50 ha é uma medida ARBITRÁRIA, tipo um chute meu, assim como 500 MPRs; pode ser mais como pode ser menos. Apenas eu precisava ter uma base para poder elaborar em cima, não é absolutamente um valor fixo e invariável. Imaginei cada MPR como um retângulo de 1.000 x 500 m. Nada impede que seja diferente.

:arrow: A mecanização é crítica para a viabilidade do negócio. Daí a razão de eu ter mencionado o Setor de Serviços, com todas as máquinas e Operadores, disponibilizando racionalmente entre os MPRs. Sendo um conjunto de bens comuns a todos e a todos disponível, racionaliza-se a despesa e reduz-se a quantidade de maquinário necessário para a FM.

:arrow: Não nego que o que mais me intriga é COMO COMEÇAR! Minha melhor idéia sobre isso até agora seria a fundação de uma ONG especificamente para isso, que poderia transitar livremente entre governo e iniciativa privada mas sem se comprometer com nenhum dos dois.

E Marechal véio, sobre a fundamentalidade do uso de transgênicos (e acrescento por conta própria adubos químicos e agrotóxicos), tem uns índios na EMBRAPA que discordam de ti até a morte! Sugestão: pesquises "adubação orgânica" e "manejo ecológico de pragas", vais cair duro!

PS.: Leandro, sempre que quero citar algo de que entendo lhufas, digo "entendo disso tanto quanto de FÍSICA QUÂNTICA"... :mrgreen:




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Re: FAZENDAS MODULARES

#23 Mensagem por delmar » Sáb Jun 21, 2014 9:18 pm

Algo de agricultura eu sei, afinal fiz o segundo grau numa escola técnica agrícola. O tamanho da propriedade, para ser viável economicamente, depende do tipo de produto a ser cultivado. Para plantações que exigem grande quantidade de mão de obra, pode-se ter pouca terra. No caso de verduras e legumes alguns hectares bastam para os agricultores obterem uma boa renda. Os produtores de fumo, com 10 hectares de terra, conseguem ter uma vida confortável. Já alguém que quer criar gado de forma extensiva necessita de centenas de hectares para ter a mesma renda. Quem quer plantar grãos e mecanizar a lavoura também precisa de uma área grande de terra. Já uma plantação de videiras, uvas, de 10 hectares é enorme para uma família cuidar.
Agora o que plantar? Também vai depender do tipo de terreno, da proximidade de centros consumidores ou de eventuais compradores. Produzir leite, por exemplo, depende da existência de usinas processadoras perto. Plantar verduras deve ter terreno com facilidade de irrigação e estar perto dos centros consumidores. O pior cenário é tu plantar, colher e não ter a quem vender o produto. Assim está tornado-se cada vez mais frequente a parceria entre quem planta e quem consome. O agricultor planta cevada, por exemplo, já com a venda comprometida com alguma maltaria. O mesmo acontece com o tabaco, com o leite, com a uva, etc...
Em resumo, não é simplesmente plantar algo que vai garantir a vida do agricultor. É todo um ciclo de atividades.




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Re: FAZENDAS MODULARES

#24 Mensagem por Rodrigoiano » Dom Jun 22, 2014 12:11 am

O Incra tem uma importância muito maior do que a estigmatizada de ser "só para ajudar mst" o que faz ter pouco apoio político para melhorar sua estrutura, mas uma rápida visita ao site da autarquia, permite ver a amplitude e importância de suas funções/missões/atuações etc. Vários assentamentos sustentáveis com parceria de vários órgãos (como a Embrapa) já foram implementados. É claro que alguns assentados tentam vender terras (proibido e juridicamente sem valor) destroem a terra etc, mas para isso é que devem ser implementados assentamentos sustentáveis.

Quanto à migração para o interior, ela ainda ocorre fortemente, basta ver, por exemplo, os sulistas que ainda abrem fronteiras agrícolas em MT, RO, TO, BA, PI, MA, claro que com investimentos pesados, alta tecnologia, treinamento de mão de obra especializada etc.

Quanto as fazendas propostas, teriam que ser vistos os públicos alvo: se assentados, o Incra com parcerias poderia suprir a demanda. Se pessoas particulares, poderiam ter incentivo de Sebrae, BB, Caixa, Embrapa, Universidades etc para ajudá-los.

Ainda acho que o agronegócio, seja de que tamanho for, se bem estruturado pode gerar grandes lucros e tem muito espaço para crescer aqui (tenho engenheiros agrônomos na família que me disseram conhecer professores/pesquisadores que conseguem tirar expressivos lucros em propriedades pequenas/médias e alguns de pequenas chácaras/sítios, viraram empresários de sucesso no agronegócio).




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Re: FAZENDAS MODULARES

#25 Mensagem por LeandroGCard » Dom Jun 22, 2014 10:51 am

Túlio escreveu:Leandro véio, uma coisa eu quero que entendas: quanto menos governo no meio melhor! Esqueças INCRA, reforma agrária & quetales. É um empreendimento PRIVADO, não um ASSENTAMENTO, tri? De resto:
Agora mesmo é que eu não entendi nada Túlio.

Empreendimento privado de quem? Quem, possuindo esta terra, a dividiria com outros para formar as fazendas? Ou quem daria dinheiro a fundo perdido para a montagem da infra-estrutura inicial? ONG´s não conseguem dar suporte nem a assentamentos já existentes, imagine começar novos do tamanho que estão sendo discutidos? Ainda mais um programa de grande porte capaz de realmente atender milhões e fazer diferença em termos sociais e econômicos para o país?

Como empreendimento puramente privado vejo este exercício apenas como uma curiosidade, algo que poderia até ser implantado em uma ou duas unidades para atender algumas centenas ou no máximo poucos milhares de famílias, quem sabe patrocinado por alguma seita religiosa maluca herdeira dos movimentos da Nova Era da década de 1970, como o Templo das Borboletas Azuis ou os discípulos de Tia Neiva :wink: . De resto, se alguém tem esta quantidade toda de terra (500 x 50 ha) eu mesmo recomendaria a montagem de uma fazenda padrão do agronegócio, em termos de retorno pelo investimento seria muito mais rápido e lucrativo.

Acho que não tem jeito, a solução seria mesmo o governo participar de alguma forma, esta é a realidade do Brasil hoje e no futuro previsível. Mas claro, não precisaria ser através do INCRA, pelo menos não da forma que ele existe hoje. Quem sabe a formação de uma PPP, entre o governo e a própria cooperativa dos beneficiados pelo programa?

:arrow: Como falei, 50 ha é uma medida ARBITRÁRIA, tipo um chute meu, assim como 500 MPRs; pode ser mais como pode ser menos. Apenas eu precisava ter uma base para poder elaborar em cima, não é absolutamente um valor fixo e invariável. Imaginei cada MPR como um retângulo de 1.000 x 500 m. Nada impede que seja diferente.
Pois é, também não sei como definir de forma objetiva a área necessária para cada módulo. Acho até que iria variar de região para região, em função do tipo de solo, clima, água disponível, etc... . Será que não há algum colega com conhecimento em agronomia que poderia nos ajudar aqui?
:arrow: A mecanização é crítica para a viabilidade do negócio. Daí a razão de eu ter mencionado o Setor de Serviços, com todas as máquinas e Operadores, disponibilizando racionalmente entre os MPRs. Sendo um conjunto de bens comuns a todos e a todos disponível, racionaliza-se a despesa e reduz-se a quantidade de maquinário necessário para a FM.
Concordo, mas em termos. A mecanização é fundamental para grandes monoculturas, mas nem tão importante assim para outros tipos de produção agro-pecuária. Até acho que algumas máquinas, principalmente tratores e sistemas de aplicação de defensivos, seriam necessárias. Mas talvez mais importante ainda fossem os investimentos na industrialização da produção. Mecanizar uma lavoura pode talvez aumentar sua produtividade em 2 ou 3 vezes (dependendo de um monte de fatores), mas industrializar os produtos agregando valor antes da venda pode aumentar a lucratividade em 10 vezes ou mais :wink: .
:arrow: Não nego que o que mais me intriga é COMO COMEÇAR! Minha melhor idéia sobre isso até agora seria a fundação de uma ONG especificamente para isso, que poderia transitar livremente entre governo e iniciativa privada mas sem se comprometer com nenhum dos dois.
Já discutido acima. Uma ONG poderia até ajudar em algumas coisas, mas não vejo como poderia tocar por conta própria empreendimentos deste tipo em qualquer escala razoável.
E Marechal véio, sobre a fundamentalidade do uso de transgênicos (e acrescento por conta própria adubos químicos e agrotóxicos), tem uns índios na EMBRAPA que discordam de ti até a morte! Sugestão: pesquises "adubação orgânica" e "manejo ecológico de pragas", vais cair duro!
Acho esta discussão bastante vazia. Não vejo absolutamente nenhuma diferença entre plantar (principalmente no Brasil) culturas de arroz, soja, milho, cana, banana, manga, trigo, café e um monte de outras plantas que formam a base de nossa agricultura (e o mesmo vale para o gado bovino e caprino) mas que são originárias de outros continentes e evoluíram de forma totalmente independente do nossos ecossistemas locais, nas variedades "naturais" ou com alguns genes a mais ou diferentes. São organismos alienígenas ao nosso meio-ambiente de qualquer jeito, e sempre vão impactar nossos eco-sistemas de formas impossíveis de prever antecipadamente.

Se é para proteger nossa natureza vamos ter que viver apenas de mandioca e frutas nativas, todo o resto veio de fora e é invasor no nosso território e estranho aos nossos animais e plantas nativos. Mas como já estão aí mesmo, alguns há séculos, vamos fazer o quê? Agora é conviver com eles e aguentar seu impacto na nossa natureza. E aí um gene a mais ou a menos faz qual diferença?


Leandro G. Card.




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Re: FAZENDAS MODULARES

#26 Mensagem por Rodrigoiano » Dom Jun 22, 2014 11:25 am

Mas Leandro você viu os estragos que a "lagarta alienígena" do algodão causou aqui recentemente e que demandou grandes esforços dos entomologistas da Embrapa,das Universidades e de produtores para combatê-la? Isto apenas com uma cultura de grande porte, imagina isto causar impacto em várias culturas!... Para isso é que a Embrapa tem dezenas de unidades espalhadas pelo país, cada uma especializada em determinada cultura, com pessoal técnico capacitado para combater pragas, seja com uso de agrotóxicos, seja com uso de manejo integrado de pragas ou outras formas de controle biológico, assim como as Universidades de ponta em Agronomia e outros centros de pesquisa públicos e privados. Quanto aos transgênicos a própria Embrapa já domina o campo, parecendo que existe é um entrave burocrático (coisas do Brasil....) da CTNBio para liberar mais rapidamente os produtos (e existe um lobby forte - até de setores religiosos - contra os transgênicos).




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Re: FAZENDAS MODULARES

#27 Mensagem por Rodrigoiano » Dom Jun 22, 2014 11:36 am

Achei, apenas a guisa de exemplo, uma fazenda sustentável (no site deve haver outros exemplos).

http://www.agrisustentavel.com/san/autosust.html




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Re: FAZENDAS MODULARES

#28 Mensagem por Bourne » Dom Jun 22, 2014 12:19 pm

A agropecuária da humanidade é artificial, demandaram milênios para técnicas e ferramentas serem desenvolvidas, viabilizando que o ser humano se tornasse sedentário e pudesse dar atenção à outras atividades. No fim do século XIX e começo do XX, o desafio foi como organizar a produção em massa de grãos, carne e produtos "nobres". A agricultura acompanha o desenvolvimento tecnológico. Seja diretamente no cultivo e produtividade ou, indiretamente, com beneficiamento dos produtos.

E tecnologia e avanço técnico entendido de forma ampla. Isto é, adubação, irrigação, manipulação genética, controle de pragas, técnicas de plantio e colheita até agrotóxicos. Por exemplo, a produção de grãos no centro-oeste a invasão da cana-de-açúcar em São Paulo foram projetos do país, com suporte técnico da embrapa e centros públicos para desenvolver soluções para os entraves. Hoje a estrutura é complementada por grandes empresas de agronegócio (Brasil Foods e Friboi), associações de produtores locais, cooperativas que trabalham como empresas entre outras que veem vantagem no avanço tecnológico.

Pelo que sei, os pequenos produtores rurais no brasil, evitam trabalhar com commodities que precisam de escala como grãos. O foco são produtos de maior valor e que não demandam tanta escala. Em geral, verduras, frutas, avicultura suinocultura associada a cooperativa ou grande empresas. Eles ganham em pequenas coisas que podem ser aproveitadas e reaproveitadas, pois agregar essas tecnologias são pontos críticos para sobrevivência das pequenas propriedades. Em paralelo, as soluções passam e sejam assimiladas por médias e grandes fazendas.

Na história do Brasil, o café foi uma cultura terrível em termos ambientais. Começou pelo Rio de janeiro, passou pelo interior de São paulo e chegou ao Paraná, desmatando, destruindo ecossistemas locais e solo. Por outro lado, viabilizou a colonização do interior de são paulo e norte do paraná, construção da infraestrutura moderna que existe até hoje. Depois veio o soja e grãos bem mais organizado e tinha alguma preocupação em não destruir o ambiente para preservar a longevidade da produção na região nos anos 1960 e 1970. Justificado pela experiencia americana que foi terrível em criar grandes campos abertos para cultivo de grãos no meio que levou à um desastre ambiental nos anos 1920 e 1930s.

Nos últimos 30 anos que as culturas se diversificaram e passaram a ter acesso aos avanços da ciência para melhorar a qualidade e quantidade da produção agrícola. A situação fruto de uma política de estado brasileiro como forma de levar o setor à um patamar competitivo, adequado para suportar as demandas nacionais de desenvolvimento e fortalecer o interior. A Embrapa foi o núcleo dessa política, complementada universidades, centros públicos e privados de pesquisa. Ou seja, o Brasil é um dos grandes produtores agrícolas mundiais pelas qualidades naturais e, principalmente, pelas vantagens terem sido bem aproveitadas.

Hoje em dia tem até Sebrae no meio para ensinar o produtor rural como administrar e ter um modelo de negócio para sobreviver. Parte da visão de que "fixar o homem na terra" não é importante, mas sim ele tem que ser competitivo, não precisar ser subsidiado pelo estado e ter condições de ter um bom nível de vida, equivalente à classe média urbana ou pequeno empresário. Além disso, cedo ou tarde, os filhos dele tendem ir estudar nos centros urbanos ou se dedicar à outras atividades, o campo vai absolver todos os filhos e nem precisa. Cada um tem que ter a opção de escolher o que fazer da vida.




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Re: FAZENDAS MODULARES

#29 Mensagem por LeandroGCard » Dom Jun 22, 2014 12:49 pm

Rodrigoiano escreveu:Mas Leandro você viu os estragos que a "lagarta alienígena" do algodão causou aqui recentemente e que demandou grandes esforços dos entomologistas da Embrapa,das Universidades e de produtores para combatê-la? Isto apenas com uma cultura de grande porte, imagina isto causar impacto em várias culturas!... Para isso é que a Embrapa tem dezenas de unidades espalhadas pelo país, cada uma especializada em determinada cultura, com pessoal técnico capacitado para combater pragas, seja com uso de agrotóxicos, seja com uso de manejo integrado de pragas ou outras formas de controle biológico, assim como as Universidades de ponta em Agronomia e outros centros de pesquisa públicos e privados. Quanto aos transgênicos a própria Embrapa já domina o campo, parecendo que existe é um entrave burocrático (coisas do Brasil....) da CTNBio para liberar mais rapidamente os produtos (e existe um lobby forte - até de setores religiosos - contra os transgênicos).
Mas a combinação de várias culturas diferentes no mesmo espaço é exatamente uma das formas recomendadas de se evitar este tipo de problema com pragas, pois elas em geral são específicas e só desenvolvem super-populações que se tornam pragas graves quando encontram um campo com pouca biodiversidade, como em uma monocultura.

É óbvio que o controle de parasitas e competidores é e será sempre uma preocupação de todos os agricultores e mesmo dos quem não vivem da terra. Minha esposa deixou de plantar rosas na varanda do meu apartamento no centro da cidade justamente devido à uma séria infestação por pulgões e um fungo preto, que afetou também o pé de romã, e meu pé de jabuticaba vive aparecendo com cochonilhas de cêra :? . Mas ao mesmo tempo as margaridas e violetas estão muito bem, minhas abelhas estão prosperando e as rosas do jardim do prédio lá embaixo estão lindas (para inveja e raiva de minha esposa), pois no meio das muitas outras plantas existem joaninhas suficientes para manter a população de pulgões sob controle, o que na minha varanda não acontece :cry: .

Mas a chance de um agricultor que possui diversas culturas diferentes quebrar por conta de uma única praga é muito menor, e o controle é bem mais fácil quando os insetos, vermes, fungos e etc... não encontram seus hospedeiros básicos em quantidades e concentrações altas o suficiente para fazer a população explodir. Isto é reconhecido pelos técnicos do setor (meu cunhado é especialista nisso), e um ponto a favor do tipo de empreendimento que estou sugerindo. Mas embora eu não tenha certeza acredito que o controle de infestações neste tipo de multi-cultura precisa empregar maior quantidade de mão de obra, já que são diversos tipos diferentes de coisas para vigiar e defensivos para aplicar, cada um com sua forma de manejo. Isso torna mais difícil para poucas pessoas cuidarem de áreas grandes, e na verdade é um dos motivos principais de eu estranhar a ideia de áreas de 50 ha para cada família. Realmente um único proprietário, sua esposa e seus filhos não tem como vigiar e cuidar de 50 ha plantados com diversos tipos de planta diferentes e ainda cuidar da criação. Mas com uma planta só ele fica ainda mais vulnerável e o gasto na proteção contra pragas tende a ser até maior.


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Re: FAZENDAS MODULARES

#30 Mensagem por Rodrigoiano » Dom Jun 22, 2014 1:28 pm

Um processo revolucionário e relativamente simples, criado por um pesquisador aqui da Embrapa Arroz e Feijão de Goiânia há vários anos atrás (Dr. João), possibilita grande aumento na produtividade e lucro das fazendas. É a integração da lavoura com a pecuária (muitos proprietários só deixam suas fazendas com pasto, quando poderiam multiplicar seus lucros aplicando a técnica), de acordo com o vídeo seguinte (fonte: Globo Rural):

http://globotv.globo.com/rede-globo/glo ... a/2662547/




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