O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
FUZILEIROS NA GUERRA COLONIAL
No ano em que se comemora os 50 anos da criação da Escola de Fuzileiros, eis uma resenha redigida com o objectivo de recordar a Guerra Colonial, tendo em linha de conta que como acontecimento histórico do passado recente da Nação, traduziu-se na prática no 1.º "teste de fogo" aos ensinamentos ministrados na Escola de Fuzileiros e ao seu produto, as gerações de militares que desde 1961 ostentam a Boina dos Fuzileiros.
GUERRA COLONIAL
Guiões das unidades de Fuzileiros
DÉCADA DE 60
Os Fuzileiros participaram activamente com 12.255 militares durante toda a Guerra Colonial (1961 a 1974), nos três TO - Teatros de Operações onde se desenrolou o conflito bélico:
• Angola:
- Rio Zaire, Dembos, Rio Lungué-Bungo, Rio Zambeze, Rio Cubango;
- 17 DFE's e 22 CF's destacados;
• Guiné-Bissau:
- Bissau, Rio Cacheu, Cacine, Cumbijã;
- 27 DFE's e 12 CF's destacados;
• Moçambique:
- Cabo Delgado, Niassa, Tete, Lourenço Marques;
- 19 DFE's e 12 CF's destacados.
Foram das principais forças militares portuguesas mobilizadas para o combate de contra-guerrilha, criando-se para o efeito 3 tipo de unidades de combate:
• DFE - Destacamentos de Fuzileiros Especiais: 13 unidades metropolitanas e 3 africanas, cada uma inicialmente com 75 e a partir de 1967 com 80 efectivos (4 Oficiais, 6 Sargentos, 14 Cabos, 32 Marinheiros e 24 Grumetes), divididos em três grupos de assalto vocacionados para missões de combate ofensivo de limitada duração e penetração na orla costeira (golpes de mão) e realização de operações conjuntas com os outros ramos das FA's;
• CF - Companhias de Fuzileiros Navais: 12 unidades, cada uma com 140 efectivos (7 Oficiais, 8 Sargentos, 13 Cabos, 36 Marinheiros e 76 Grumetes), divididos por três pelotões de atiradores e uma formação de comando, composta pela secção de comando e uma secção de quartéis.
Dispunham ainda de uma secção de abastecimento, secção de secretaria, secção de comunicações e secção de saúde, competia-lhes a missão de patrulhamento, escolta de comboios fluviais de embarcações mercantes, desempenhar o serviço de Polícia Naval e montar segurança a navios, aquartelamentos e Comandos Navais;
• Pelotões Independentes: 4 unidades, cada uma com 43 efectivos (2 Oficiais, 2 Sargentos, 4 Cabos, 13 Marinheiros e 22 Grumetes), tratou-se de unidades destacadas para o Ultramar e integradas no dispositivo local da Marinha, nomeadamente no Arquipélago de Cabo Verde.
De salientar que por regra cada Fuzileiro cumpria duas comissões de serviço no Ultramar, integrado num DFE ou CF, existindo inclusivo diversos militares, nomeadamente entre as classes de Sargentos e Praças, que cumpriram até 4 comissões, cada uma de 2 anos de serviço.
Tal particularidade justifica-se em virtude de todas as unidades de Fuzileiros, nesta época serem formadas por militares do Quadro Permanente e Voluntários, o que traduzia-se num determinado número de militares com experiência de combate, que por inerência contribuía para o aumento do desempenho operacional da respectiva unidade.
Finda a comissão de serviço no Ultramar, a unidade de Fuzileiros regressava a Portugal, sendo os seus efectivos rendidos na totalidade, no entanto mantinha o mesmo n.º de designação como unidade militar, que após nova constituição orgânica, destacava novamente para África em comissão de serviço, somente a Marinha de Guerra Portuguesa dos 3 ramos das FA's adoptou este sistema de rendição de unidades militares.
Guarnição do DFE n.º 2 destacado em comissão de serviço em Angola entre 1965-1967 (Foto cedida por SAJ Afonso Brandão / FZE e Mergulhador-Sapador)
Em 10 de Novembro de 1961, após concluir a instrução e formação em Portugal, parte para Angola num DC6 da FAP a primeira unidade de Fuzileiros, o DFE n.º 1 [Portaria n.º 18 774 de 13 de Outubro de 1961], composta por 2 Oficiais, 4 Sargentos, 9 Marinheiros e 60 Grumetes, iniciando a sua comissão no âmbito das operações de reocupação militar do Norte de Angola.
Em Junho de 1962, desembarca na Guiné-Bissau o DFE n.º 2, com o escopo de reforçar o dispositivo militar, participa juntamente com o DFE n.º 7 e DFE n.º 8 na «Operação Tridente» na ilha do Como, e nas buscas para localizar o Sargento Lobato, Piloto de um avião T6 da FAP que caiu após embate com o respectivo "asa", sobrevivendo à queda do aparelho e seria feito prisioneiro pelo PAIGC.
Em Outubro de 1962, desembarca a Moçambique a CF n.º 2, tendo por missão garantir a defesa e segurança do Comando Naval de Moçambique em Lourenço Marques (actual Maputo), tendo um dos seus pelotões destacado para Metangula, no Lago Niassa.
- OS MEIOS UTILIZADOS
No que concerne à dotação orgânica de material, a Marinha de Guerra Portuguesa atendendo à guerra de guerrilha que ocorria nos TO's, apetrechou as unidades de Fuzileiros com meios ligeiros de baixo custo, fácil operação e manutenção.
Ao longo do conflito, os meios adoptados pouco evoluiram e as unidades de Fuzileiros adequavam casuisticamente os meios empregues conforme a missão a executar.
Tendo por exemplo a guarnição de um DFE, esta era equipada com os seguintes meios:
• ARMAMENTO:
- Armas individuais:
- Lpiseira-pistola .22¹ (3);
- Pistolas WALTHER P-38 de 9mm (13);
- Espingardas .22 (2); caçadeiras de 12mm (2);
- Espingardas HK G3A2 m/963 de 7,62mm com bipé (8);
- Espingardas HK G3A2 m/963 de 7,62mm (63 + 9 de reserva).
- Armas de apoio:
- Lança-chamas MARAÑOZA² (1);
- Metralhadoras-ligeiras MG-42 mod.59 de 7,62mm (2);
- Lança-Rockets ARMADA 69 ou OGMA de 37mm (2 + 12 granadas SNEB);
- LGF INSTALAZA 58-B "BAZOOKA" ou LGF FIRESTONE H/29 A1 B1 de 88,9mm (2 + 12 granadas);
- Morteiros pesados TAMPELLA 120mm³ (2 + 36 granadas);
- Morteiros médios ECIA 81mm (2 + 36 granadas);
- Morteiros ligeiros M2M/52 de 60mm (2 + 36 granadas);
- Morteirete 60 mm (2 + 36 granadas);
- Peça OERLIKON Mk2 de 20mm³;
- Peça BOFORS DE 40mm³.
- Armamento explosivo:
- Granadas de mão ofensivas SPEL m/962;
- Granadas de mão defensivas SPEL m/963;
- Granadas de mão BIVALENTE PRB 423;
- Granadas de mão de fumo SPEL;
- Granadas incendiárias
- Granadas armadilhas;
- Cordão detonante²;
- Dilagramas M26A1 "ALG" ou ARMADA 64 (24).
¹ Defesa pessoal de Oficiais;
² Parte da dotação mas pouco utilizado;
³ Utilizado na defesa de instalações
(TAMPELLA na Vila Cacheu - Guiné-Bissau / OERLIKON na Tabanca Grande - Guiné-Bissau / BOFORS na Pedra do Feitiço - Angola).
• COMUNICAÇÕES:
- Apitos (5);
- Transreceptor AN/PRC-6 ou AN/PRC-10 (2);
- Transreceptor HF 156 (2);
- Transreceptor AN/PRC-116 (20);
Marinheiro C "radiotelegrafista" do DFE n.º 9 no Mágué velho
(A partir dos finais da década de 60)
- Transreceptor AN/PRC-216 ou AN/PRC-236 B (2);
- Emissor / receptor RACAL TR-28 B2 HF (2).
• MEIOS TERRESTRES:
- Jipes 4x4 LAND ROVER (3);
- Mercedes UNIMOG 401 / 404;
- Berliet TRAMAGAL;
- Camião de carga SCANIA VABIS ou BEDFORD (1).
• MEIOS ANFÍBIOS:
- Botes pneumáticos ZODIAC ou ZEBRO III (12);
- Motores MERCURY de 50cv (12);
- Botes de fibra de vidro (sintex) "MARUJO".
Bote de fibra de vidro (sintex) "MARUJO"
• FARDAMENTO:
- Fato de combate camuflado padrão "LAGARTO" de 2 peças, acolchoado nos joelhos, cotovelos e ombros, dispondo de 16 bolsos e fechos Zippo; fato de macaco de 1 só peça;
- Botas de combate em cabedal "Botas de Fuzileiro" (estanques e resistentes) ou de lona;
- Meias de enchimento;
- Poncho camuflado com capuz;
- Rede mosquiteira de pescoço;
- Cinturão.
8b]• EQUIPAMENTO DIVERSO:[/b]
- Máquina fotográfica de 16mm (2);
- Máquina de escrever (1);
- Binóculos (4);
- Bússolas SILVA (10);
- Relógios à prova de água AQUASTAR (10);
- Lanternas estanques (10);
- Filtros para água CATADIN (12),
- Algemas (3);
- Lápis dermográfico;
- Lapiseira de sinais;
- Kit sanitário;
- Faca de combate;
- Cantil de 1 litro
- Very-lights.
• CÃES DE GUERRA
- OFICIAIS FUZILEIROS DA RESERVA NAVAL
Paralelamente no mesmo período temporal e com o início do conflito colonial a carência de Oficiais aumentará substancialmente, deste modo a partir do 4º CEORN - Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval (6 de Outubro de 1961) em diante, a Reserva Naval também contribuiu com Oficiais Subalternos para as unidades de Fuzileiros [Portaria 18 393 de 12 de Abril de 1961].
Os Cadetes que frequentavam o Curso de Oficial da Reserva Naval na Escola Naval eram oriundos de mancebos com frequência universitária ou já detentor de Curso Superior Universitário, observando o disposto na Portaria n.º 18 393 de 18 de Abril de 1961:
- Escola Superior de Belas-Artes;
- Faculdade de Ciências;
- Faculdade de Direito;
- Faculdade de Economia;
- Faculdade de Letras;
- Instituto Nacional de Educação Física;
- Instituto Superior de Agronomia;
- Instituto Superior de Estudos Ultramarinos;
- Instituto Superior Técnico.
A Reserva Naval registou inclusivo maiores taxas de integração de Oficiais Subalternos nas unidades de Fuzileiros, por regra integrando como Imediato, 3.º e 4.º Oficial, que os Oficiais Subalternos oriundos do Quadro Permanente:
- 82 Oficiais da RN em 139 Oficiais integrados nos DFE, correspondendo a 56%;
- 217 Oficiais da RN em 328 Oficiais integrados nas CF, correspondendo a 66%;
De destacar que diversos Oficiais oriundos da RN, após ingresso nos QP's da Armada, comandaram DFE's e CF's.
A título de exemplo o 4º CFORN forneceu 9 Oficiais que integraram as CF n.º 1 e n.º 2, destacadas respectivamente para Angola e Moçambique.
DÉCADA DE 70
É de realçar que a durante o conflito colonial, a Guiné-Bissau e Moçambique foram os TO's onde as unidades de Fuzileiros foram colocadas mais à prova, no que concerne à capacidade operacional e resistência física e psicológica, devido às particularidades sui generis do terreno, clima, organização e capacidade de combate da guerrilha do PAIGC (poder de fogo e "fornilhos") e FRELIMO (implantação de minas A/P e A/C).
No caso da Guiné-Bissau, no início da guerra os Fuzileiros estavam aquartelados na cidade de Bissau e subordinados ao Comando de Defesa Marítima da Guiné (criado pelo Decreto-lei 41 990 de 3 de Dezembro de 1958 e activado em Maio de 1959), actuando na razão de um DFE por bacia hidrográfica (Cacheu, Geba / Corubal e Buba / Cacine).
Fuzileiros em operações em zona de tarrafo da Guiné-Bissau
No entanto, com o evoluir da guerra, meios de combate e efectivos nas unidades PAIGC, que se materializou numa quase transformação de guerra de guerrilha para convencional, foi necessário ajustar o dispositivo e os Fuzileiros também foram destacados para junto das fronteiras Norte e Sul, sendo atribuídos a um COP - Comando Operacional ou CAOP - Comando de Agrupamento Operacional, nomeadamente para reforço das acções de contra-penetração de guerrilheiros do PAIGC vindo do Senegal ou da Guiné Conakry.
Em Moçambique, os Fuzileiros operaram nos distritos de Cabo Delgado, Tete e Niassa, sendo este último juntamente com o seu Lago Niassa o cenário por excelência, com bases em Metangula e Coubé, cada uma com um DFE destacado, este distrito era também denominado de "Estado de Minas Gerais" pelas forças portuguesas, em virtude da profusão de minas A/C e A/P colocadas pela FRELIMO.
- OS DESTACAMENTOS DE FUZILEIROS ESPECIAIS AFRICANOS
Atendendo ao esforço em termos de recursos humanos que Guerra de Ultramar necessitava e dentro da política de africanização do conflito, são constituídos somente na Guiné-Bissau a partir de Abril de 1970, no Centro de Instrução e Preparação de Fuzileiros Especiais Africanos em Bolama, os únicos DFE africanos: DFE 21 [21 de Abril de 1970], DFE 22 [16 de Novembro de 1971] e DFE 23 [1 de Julho de 1974].
No entanto o DFE 23 nunca chegou a ser formalmente activado, sendo os 3 DFE's africanos desactivados em 25 de Agosto de 1974.
Tratou-se de unidades guarnecidos por Oficiais, Sargentos e algumas Praças metropolitanos (Comandante, Imediato, quartel-mestre, radiotelegrafista [telefuzo], enfermeiro, etc), sendo as restantes Praças recrutados entre voluntários da população nativa da província, regra geral dando-se preferência aos assalariados do Comando de Defesa Marítima, de Serviços da Marinha, guias de unidades de Fuzileiros, estivadores e pessoal oriundo de companhias de milícias ou caçadores nativos.
Guiões dos DFE's Africanos 21, 22 e 23
A 22 de Novembro de 1970, o DFE n.º 21 (Africano) participou na «Operação Mar Verde», na Guiné-Conakry, competindo-lhe a missão de atacar a prisão “La Montaigne”.
- BAIXAS ENTRE OS FUZILEIROS
Segundo a Comissão COLOREDO, durante todo o conflito, os Fuzileiros tiveram 185 baixas mortais, sendo que entre os feridos, 50% dos mesmos foram vítimas do efeito de minas A/P, A/C ou "fornilhos":
• Angola: [57 mortos] 13 em combate; 34 por acidente e 10 por doença;
• Guiné-Bissau: [99 mortos] 55 em combate; 35 por acidente e 9 por doença;
• Moçambique: [29 mortos] 13 em combate; 10 por acidente e 6 por doença.
O único Oficial que faleceu em combate foi um 2TEN FZ da Reserva Naval da CF n.º 1, oriundo do 18.º CFORN, em Junho de 1973, no Chilombo - Leste de Angola.
Findo o conflito do Ultramar e extinção dos Comandos Navais e de Defesa Marítima das ex-colónias em 1975, com a finalidade de uniformizar de modo mais profícuo procedimentos operacionais e administrativos, tornou-se necessário estruturar em Batalhões as Companhias de Fuzileiros existentes, criando-se os Batalhões de Fuzileiros n.º 1, 2, 3 e 4 [Portaria n.º 258/75 de 16 de Abril].
http://barcoavista.blogspot.com/2011/03 ... onial.html
No ano em que se comemora os 50 anos da criação da Escola de Fuzileiros, eis uma resenha redigida com o objectivo de recordar a Guerra Colonial, tendo em linha de conta que como acontecimento histórico do passado recente da Nação, traduziu-se na prática no 1.º "teste de fogo" aos ensinamentos ministrados na Escola de Fuzileiros e ao seu produto, as gerações de militares que desde 1961 ostentam a Boina dos Fuzileiros.
GUERRA COLONIAL
Guiões das unidades de Fuzileiros
DÉCADA DE 60
Os Fuzileiros participaram activamente com 12.255 militares durante toda a Guerra Colonial (1961 a 1974), nos três TO - Teatros de Operações onde se desenrolou o conflito bélico:
• Angola:
- Rio Zaire, Dembos, Rio Lungué-Bungo, Rio Zambeze, Rio Cubango;
- 17 DFE's e 22 CF's destacados;
• Guiné-Bissau:
- Bissau, Rio Cacheu, Cacine, Cumbijã;
- 27 DFE's e 12 CF's destacados;
• Moçambique:
- Cabo Delgado, Niassa, Tete, Lourenço Marques;
- 19 DFE's e 12 CF's destacados.
Foram das principais forças militares portuguesas mobilizadas para o combate de contra-guerrilha, criando-se para o efeito 3 tipo de unidades de combate:
• DFE - Destacamentos de Fuzileiros Especiais: 13 unidades metropolitanas e 3 africanas, cada uma inicialmente com 75 e a partir de 1967 com 80 efectivos (4 Oficiais, 6 Sargentos, 14 Cabos, 32 Marinheiros e 24 Grumetes), divididos em três grupos de assalto vocacionados para missões de combate ofensivo de limitada duração e penetração na orla costeira (golpes de mão) e realização de operações conjuntas com os outros ramos das FA's;
• CF - Companhias de Fuzileiros Navais: 12 unidades, cada uma com 140 efectivos (7 Oficiais, 8 Sargentos, 13 Cabos, 36 Marinheiros e 76 Grumetes), divididos por três pelotões de atiradores e uma formação de comando, composta pela secção de comando e uma secção de quartéis.
Dispunham ainda de uma secção de abastecimento, secção de secretaria, secção de comunicações e secção de saúde, competia-lhes a missão de patrulhamento, escolta de comboios fluviais de embarcações mercantes, desempenhar o serviço de Polícia Naval e montar segurança a navios, aquartelamentos e Comandos Navais;
• Pelotões Independentes: 4 unidades, cada uma com 43 efectivos (2 Oficiais, 2 Sargentos, 4 Cabos, 13 Marinheiros e 22 Grumetes), tratou-se de unidades destacadas para o Ultramar e integradas no dispositivo local da Marinha, nomeadamente no Arquipélago de Cabo Verde.
De salientar que por regra cada Fuzileiro cumpria duas comissões de serviço no Ultramar, integrado num DFE ou CF, existindo inclusivo diversos militares, nomeadamente entre as classes de Sargentos e Praças, que cumpriram até 4 comissões, cada uma de 2 anos de serviço.
Tal particularidade justifica-se em virtude de todas as unidades de Fuzileiros, nesta época serem formadas por militares do Quadro Permanente e Voluntários, o que traduzia-se num determinado número de militares com experiência de combate, que por inerência contribuía para o aumento do desempenho operacional da respectiva unidade.
Finda a comissão de serviço no Ultramar, a unidade de Fuzileiros regressava a Portugal, sendo os seus efectivos rendidos na totalidade, no entanto mantinha o mesmo n.º de designação como unidade militar, que após nova constituição orgânica, destacava novamente para África em comissão de serviço, somente a Marinha de Guerra Portuguesa dos 3 ramos das FA's adoptou este sistema de rendição de unidades militares.
Guarnição do DFE n.º 2 destacado em comissão de serviço em Angola entre 1965-1967 (Foto cedida por SAJ Afonso Brandão / FZE e Mergulhador-Sapador)
Em 10 de Novembro de 1961, após concluir a instrução e formação em Portugal, parte para Angola num DC6 da FAP a primeira unidade de Fuzileiros, o DFE n.º 1 [Portaria n.º 18 774 de 13 de Outubro de 1961], composta por 2 Oficiais, 4 Sargentos, 9 Marinheiros e 60 Grumetes, iniciando a sua comissão no âmbito das operações de reocupação militar do Norte de Angola.
Em Junho de 1962, desembarca na Guiné-Bissau o DFE n.º 2, com o escopo de reforçar o dispositivo militar, participa juntamente com o DFE n.º 7 e DFE n.º 8 na «Operação Tridente» na ilha do Como, e nas buscas para localizar o Sargento Lobato, Piloto de um avião T6 da FAP que caiu após embate com o respectivo "asa", sobrevivendo à queda do aparelho e seria feito prisioneiro pelo PAIGC.
Em Outubro de 1962, desembarca a Moçambique a CF n.º 2, tendo por missão garantir a defesa e segurança do Comando Naval de Moçambique em Lourenço Marques (actual Maputo), tendo um dos seus pelotões destacado para Metangula, no Lago Niassa.
- OS MEIOS UTILIZADOS
No que concerne à dotação orgânica de material, a Marinha de Guerra Portuguesa atendendo à guerra de guerrilha que ocorria nos TO's, apetrechou as unidades de Fuzileiros com meios ligeiros de baixo custo, fácil operação e manutenção.
Ao longo do conflito, os meios adoptados pouco evoluiram e as unidades de Fuzileiros adequavam casuisticamente os meios empregues conforme a missão a executar.
Tendo por exemplo a guarnição de um DFE, esta era equipada com os seguintes meios:
• ARMAMENTO:
- Armas individuais:
- Lpiseira-pistola .22¹ (3);
- Pistolas WALTHER P-38 de 9mm (13);
- Espingardas .22 (2); caçadeiras de 12mm (2);
- Espingardas HK G3A2 m/963 de 7,62mm com bipé (8);
- Espingardas HK G3A2 m/963 de 7,62mm (63 + 9 de reserva).
- Armas de apoio:
- Lança-chamas MARAÑOZA² (1);
- Metralhadoras-ligeiras MG-42 mod.59 de 7,62mm (2);
- Lança-Rockets ARMADA 69 ou OGMA de 37mm (2 + 12 granadas SNEB);
- LGF INSTALAZA 58-B "BAZOOKA" ou LGF FIRESTONE H/29 A1 B1 de 88,9mm (2 + 12 granadas);
- Morteiros pesados TAMPELLA 120mm³ (2 + 36 granadas);
- Morteiros médios ECIA 81mm (2 + 36 granadas);
- Morteiros ligeiros M2M/52 de 60mm (2 + 36 granadas);
- Morteirete 60 mm (2 + 36 granadas);
- Peça OERLIKON Mk2 de 20mm³;
- Peça BOFORS DE 40mm³.
- Armamento explosivo:
- Granadas de mão ofensivas SPEL m/962;
- Granadas de mão defensivas SPEL m/963;
- Granadas de mão BIVALENTE PRB 423;
- Granadas de mão de fumo SPEL;
- Granadas incendiárias
- Granadas armadilhas;
- Cordão detonante²;
- Dilagramas M26A1 "ALG" ou ARMADA 64 (24).
¹ Defesa pessoal de Oficiais;
² Parte da dotação mas pouco utilizado;
³ Utilizado na defesa de instalações
(TAMPELLA na Vila Cacheu - Guiné-Bissau / OERLIKON na Tabanca Grande - Guiné-Bissau / BOFORS na Pedra do Feitiço - Angola).
• COMUNICAÇÕES:
- Apitos (5);
- Transreceptor AN/PRC-6 ou AN/PRC-10 (2);
- Transreceptor HF 156 (2);
- Transreceptor AN/PRC-116 (20);
Marinheiro C "radiotelegrafista" do DFE n.º 9 no Mágué velho
(A partir dos finais da década de 60)
- Transreceptor AN/PRC-216 ou AN/PRC-236 B (2);
- Emissor / receptor RACAL TR-28 B2 HF (2).
• MEIOS TERRESTRES:
- Jipes 4x4 LAND ROVER (3);
- Mercedes UNIMOG 401 / 404;
- Berliet TRAMAGAL;
- Camião de carga SCANIA VABIS ou BEDFORD (1).
• MEIOS ANFÍBIOS:
- Botes pneumáticos ZODIAC ou ZEBRO III (12);
- Motores MERCURY de 50cv (12);
- Botes de fibra de vidro (sintex) "MARUJO".
Bote de fibra de vidro (sintex) "MARUJO"
• FARDAMENTO:
- Fato de combate camuflado padrão "LAGARTO" de 2 peças, acolchoado nos joelhos, cotovelos e ombros, dispondo de 16 bolsos e fechos Zippo; fato de macaco de 1 só peça;
- Botas de combate em cabedal "Botas de Fuzileiro" (estanques e resistentes) ou de lona;
- Meias de enchimento;
- Poncho camuflado com capuz;
- Rede mosquiteira de pescoço;
- Cinturão.
8b]• EQUIPAMENTO DIVERSO:[/b]
- Máquina fotográfica de 16mm (2);
- Máquina de escrever (1);
- Binóculos (4);
- Bússolas SILVA (10);
- Relógios à prova de água AQUASTAR (10);
- Lanternas estanques (10);
- Filtros para água CATADIN (12),
- Algemas (3);
- Lápis dermográfico;
- Lapiseira de sinais;
- Kit sanitário;
- Faca de combate;
- Cantil de 1 litro
- Very-lights.
• CÃES DE GUERRA
- OFICIAIS FUZILEIROS DA RESERVA NAVAL
Paralelamente no mesmo período temporal e com o início do conflito colonial a carência de Oficiais aumentará substancialmente, deste modo a partir do 4º CEORN - Curso Especial de Oficiais da Reserva Naval (6 de Outubro de 1961) em diante, a Reserva Naval também contribuiu com Oficiais Subalternos para as unidades de Fuzileiros [Portaria 18 393 de 12 de Abril de 1961].
Os Cadetes que frequentavam o Curso de Oficial da Reserva Naval na Escola Naval eram oriundos de mancebos com frequência universitária ou já detentor de Curso Superior Universitário, observando o disposto na Portaria n.º 18 393 de 18 de Abril de 1961:
- Escola Superior de Belas-Artes;
- Faculdade de Ciências;
- Faculdade de Direito;
- Faculdade de Economia;
- Faculdade de Letras;
- Instituto Nacional de Educação Física;
- Instituto Superior de Agronomia;
- Instituto Superior de Estudos Ultramarinos;
- Instituto Superior Técnico.
A Reserva Naval registou inclusivo maiores taxas de integração de Oficiais Subalternos nas unidades de Fuzileiros, por regra integrando como Imediato, 3.º e 4.º Oficial, que os Oficiais Subalternos oriundos do Quadro Permanente:
- 82 Oficiais da RN em 139 Oficiais integrados nos DFE, correspondendo a 56%;
- 217 Oficiais da RN em 328 Oficiais integrados nas CF, correspondendo a 66%;
De destacar que diversos Oficiais oriundos da RN, após ingresso nos QP's da Armada, comandaram DFE's e CF's.
A título de exemplo o 4º CFORN forneceu 9 Oficiais que integraram as CF n.º 1 e n.º 2, destacadas respectivamente para Angola e Moçambique.
DÉCADA DE 70
É de realçar que a durante o conflito colonial, a Guiné-Bissau e Moçambique foram os TO's onde as unidades de Fuzileiros foram colocadas mais à prova, no que concerne à capacidade operacional e resistência física e psicológica, devido às particularidades sui generis do terreno, clima, organização e capacidade de combate da guerrilha do PAIGC (poder de fogo e "fornilhos") e FRELIMO (implantação de minas A/P e A/C).
No caso da Guiné-Bissau, no início da guerra os Fuzileiros estavam aquartelados na cidade de Bissau e subordinados ao Comando de Defesa Marítima da Guiné (criado pelo Decreto-lei 41 990 de 3 de Dezembro de 1958 e activado em Maio de 1959), actuando na razão de um DFE por bacia hidrográfica (Cacheu, Geba / Corubal e Buba / Cacine).
Fuzileiros em operações em zona de tarrafo da Guiné-Bissau
No entanto, com o evoluir da guerra, meios de combate e efectivos nas unidades PAIGC, que se materializou numa quase transformação de guerra de guerrilha para convencional, foi necessário ajustar o dispositivo e os Fuzileiros também foram destacados para junto das fronteiras Norte e Sul, sendo atribuídos a um COP - Comando Operacional ou CAOP - Comando de Agrupamento Operacional, nomeadamente para reforço das acções de contra-penetração de guerrilheiros do PAIGC vindo do Senegal ou da Guiné Conakry.
Em Moçambique, os Fuzileiros operaram nos distritos de Cabo Delgado, Tete e Niassa, sendo este último juntamente com o seu Lago Niassa o cenário por excelência, com bases em Metangula e Coubé, cada uma com um DFE destacado, este distrito era também denominado de "Estado de Minas Gerais" pelas forças portuguesas, em virtude da profusão de minas A/C e A/P colocadas pela FRELIMO.
- OS DESTACAMENTOS DE FUZILEIROS ESPECIAIS AFRICANOS
Atendendo ao esforço em termos de recursos humanos que Guerra de Ultramar necessitava e dentro da política de africanização do conflito, são constituídos somente na Guiné-Bissau a partir de Abril de 1970, no Centro de Instrução e Preparação de Fuzileiros Especiais Africanos em Bolama, os únicos DFE africanos: DFE 21 [21 de Abril de 1970], DFE 22 [16 de Novembro de 1971] e DFE 23 [1 de Julho de 1974].
No entanto o DFE 23 nunca chegou a ser formalmente activado, sendo os 3 DFE's africanos desactivados em 25 de Agosto de 1974.
Tratou-se de unidades guarnecidos por Oficiais, Sargentos e algumas Praças metropolitanos (Comandante, Imediato, quartel-mestre, radiotelegrafista [telefuzo], enfermeiro, etc), sendo as restantes Praças recrutados entre voluntários da população nativa da província, regra geral dando-se preferência aos assalariados do Comando de Defesa Marítima, de Serviços da Marinha, guias de unidades de Fuzileiros, estivadores e pessoal oriundo de companhias de milícias ou caçadores nativos.
Guiões dos DFE's Africanos 21, 22 e 23
A 22 de Novembro de 1970, o DFE n.º 21 (Africano) participou na «Operação Mar Verde», na Guiné-Conakry, competindo-lhe a missão de atacar a prisão “La Montaigne”.
- BAIXAS ENTRE OS FUZILEIROS
Segundo a Comissão COLOREDO, durante todo o conflito, os Fuzileiros tiveram 185 baixas mortais, sendo que entre os feridos, 50% dos mesmos foram vítimas do efeito de minas A/P, A/C ou "fornilhos":
• Angola: [57 mortos] 13 em combate; 34 por acidente e 10 por doença;
• Guiné-Bissau: [99 mortos] 55 em combate; 35 por acidente e 9 por doença;
• Moçambique: [29 mortos] 13 em combate; 10 por acidente e 6 por doença.
O único Oficial que faleceu em combate foi um 2TEN FZ da Reserva Naval da CF n.º 1, oriundo do 18.º CFORN, em Junho de 1973, no Chilombo - Leste de Angola.
Findo o conflito do Ultramar e extinção dos Comandos Navais e de Defesa Marítima das ex-colónias em 1975, com a finalidade de uniformizar de modo mais profícuo procedimentos operacionais e administrativos, tornou-se necessário estruturar em Batalhões as Companhias de Fuzileiros existentes, criando-se os Batalhões de Fuzileiros n.º 1, 2, 3 e 4 [Portaria n.º 258/75 de 16 de Abril].
http://barcoavista.blogspot.com/2011/03 ... onial.html
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
Fiquei curioso:• ARMAMENTO:
- Armas individuais:
- Lpiseira-pistola .22¹ (3);
- Pistolas WALTHER P-38 de 9mm (13);
- Espingardas .22 (2); caçadeiras de 12mm (2);
Lapiseira-pistola seriam aquelas armas .22 em forma de caneta usadas por agentes secretos? Qual a função delas na Guerra Colonial? Outra curiosidade, as espingardas .22 e as caçadeiras (espingardas) 12mm, seriam usadas para caça de pequenos animais?
...
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
Em relação à Lapiseira-pistola .22, não faço menor idéia, apenas que no blog diz "Defesa pessoal de Oficiais", por isso...
Já em relação às caçadeiras, os Páras também usavam e pelo mesmo motivo, a corta distância é uma arma muito efectiva e sempre dá para matar uns bichitos para a janta.
Salvo erro todos os pelotões de Páras tinham pelo menos um militar armado com uma caçadeira.
Já em relação às caçadeiras, os Páras também usavam e pelo mesmo motivo, a corta distância é uma arma muito efectiva e sempre dá para matar uns bichitos para a janta.
Salvo erro todos os pelotões de Páras tinham pelo menos um militar armado com uma caçadeira.
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
O pessoal da selva aqui também usa espingardas, tanto prá caçar gente quanto prá caçar bicho.
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
Editado pela última vez por cabeça de martelo em Qui Mai 26, 2011 11:31 am, em um total de 1 vez.
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
Tenho que referir que foram os Fuzileiros Portugueses que formaram os Fuzileiros dos PALOPs e de Timor:
http://www.marinha.pt/Conteudos_Externo ... number=147
Páginas 24 e 25.
http://www.marinha.pt/Conteudos_Externo ... number=147
Páginas 24 e 25.
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
A Escola de Fuzileiros foi criada a 03 de Junho de 1961, com o objectivo de formar Fuzileiros, missão que cumpre há 50 anos. Nas instalações actuais da EF, funcionavam na época as instalações Navais de Vale de Zebro. Este local foi escolhido para a sua implantação por se situarem junto à confluência do Rio Coina com a Ribeira do Zebro onde existia um cais que facilitava a formação e treino com botes de assalto e lanchas de desembarque, pelas zonas lodosas envolventes e a sua proximidade à Mata da Machada.
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
Caçadeira (Tugalandia) = Espingarda (Brasil)hmundongo escreveu:O pessoal da selva aqui também usa espingardas, tanto prá caçar gente quanto prá caçar bicho.
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
..E depois haviam os comandos que iam para as reservas com G3 caçar Gnus (que chamavam de bois-cavalos).
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
Estive a pesquisar sobre o que eram os Fusiliers Marins da marinha francesa e descobri isto:Cabeça de Martelo escreveu:FORMAÇÃO EM "ROYAL MARINES COMMANDOS" NO REINO UNIDO
A partir dos anos 50 do século passado, a evolução política do continente africano, com despertar dos «Nacionalismos Africanos», nomeadamente com a criação de novos Estados independentes com assento na ONU, ex-colónias de países europeus e a crise originada pelo Presidente do Egipto Coronel Gamal Abdel Nasser ao nacionalizar o Canal do Suez em 1956, originaram o fomento e reorganização da Marinha Portuguesa em África.
As alterações na política de Defesa Nacional em 1959, face a percepção latente das potenciais ameaças à soberania nacional nas colónias africanas, determinou a atribuição da primeira prioridade de intervenção nos mesmos territórios, revendo-se conceitos de estratégia e táctica adoptados até à data.
Tal mutação teve consequências para a Armada, entre elas destaca-se os contactos efectuados pelo então Sub-CEMA CMG Roboredo e Silva nos inícios de 1959 a franceses e a britânicos, com o escopo de solicitar apoio à formação de um pequeno quadro de futuros Oficiais e Sargentos instrutores de Infantaria Naval.
Tal solicitação materializou-se sob a forma de pedido de proposta de treino, primeiro ao Comando da "École des Fusiliers Marins du Centre Siroco" em Cabo Matifou - Argélia, a 1.ª escolha do Sub-CEMA, cujo aprovação do pedido foi retransmitido a 3 de Fevereiro de 1959 por intermédio do Adido Militar da Embaixada de Portugal em Paris, para a ser frequentado por: um 2.º Tenente, 1 Sargento e 5 Praças, com a condição de os instruendos frequentarem um período de treino básico de 8 meses para Oficiais, mais 2 meses adicionais de especialização em "Commando Marine", e um período de treino básico de 5 meses para pessoal recrutado.
Atendendo à longa duração do treino proposto pelos franceses, no mesmo dia (3 de Fevereiro de 1959), o Sub-CEMA envia também uma proposta de treino ao Comando dos "Royal Marines" da Marinha Real Britânica (criados em 1942 durante a 2.ª Guerra Mundial), por intermédio do Adido Naval da Embaixada de Portugal em Londres, recebendo a 3 de Abril de 1959 por resposta a proposta de frequência de um curso de instrução especializada em "Comandos", com a duração de 9 semanas.
arrow: http://barcoavista.blogspot.com/2011/04 ... os-no.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Fusiliers_Marins
http://en.wikipedia.org/wiki/Naval_commandos_(France)
http://www.defense.gouv.fr/marine/carri ... ers-marins
Como podem ver há duas unidades, uma que mais parece a Policia Aérea da Força Aérea Portuguesa e outra de Mergulhadores de Combate ao estilo do Destacamento de Acções Especiais. Como é visível, se a cooperação com os Franceses tivesse ido para a frente, o Corpo de Fuzileiros teria sido bastante diferente, não só na sua estrutura, como na própria natureza da unidade.
Da mesma forma que a PA tem a UPF, esta força teria uma força de protecção/policiamento e uma unidade de Operações Especiais e mais nada. Pessoalmente só mais favorável à actual situação do Corpo de Fuzileiros, já que em Portugal não há uma tropa como a Infanterie de marine (unidade do Exército Francês).
http://en.wikipedia.org/wiki/Troupes_de_Marine
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
http://www.presidencia.pt/?idc=10&idi=55281Presidente da República inaugurou no Barreiro Monumento ao Fuzileiro
O Presidente da República presidiu, no Barreiro, à Cerimónia de Inauguração do Monumento ao Fuzileiro, numa organização conjunta da Associação de Fuzileiros e da Câmara Municipal local.
Na ocasião, o Presidente proferiu uma intervenção alusiva.
[/quote]
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
Homenagem ao Fuzileiro Naval Português.
Abraços.
Abraços.
"A aplicação das leis é mais importante que a sua elaboração." (Thomas Jefferson)
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Re: O princípio dos actuais Fuzileiros Portugueses
O resto do artigo http://www.operacional.pt/escola-de-fuz ... -19612011/Miguel Silva Machado escreveu:“Em 3 de Junho de 1961 foi criada a Escola de Fuzileiros por iniciativa e impulso de um carismático chefe militar que foi o almirante Armando de Reboredo e Silva, a quem se deve a recriação dos Fuzileiros na Armada, cuja memória evoco e homenageio.”
Assim começa a “Ordem do Dia” de 3 de Junho de 2011, assinada pelo Capitão-de-mar-e-guerra Fuzileiro António Pereira Leite, actual comandante da Escola de Fuzileiros, remetendo o leitor para o aniversário que este livro assinala.