Artilharia de Costa

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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Re: Artilharia de Costa

#106 Mensagem por FCarvalho » Sex Mar 04, 2022 8:58 pm

RobsonBCruz escreveu: Sex Mar 04, 2022 2:57 pm Os 8 C Mil A já são um exagero, mas obviamente, não se fala em ativar 8 C Ex concomitantemente. Apenas, aquele (ou aqueles) que forem necessários em determinado TO, conforme a situação.
Também não podemos tratar os C Ex e as DE como sendo na estrutura rígida do século XX. Assim como uma DE hoje é um comando operacional para enquadrar 2 ou mais brigadas, conforme a situação, um C Ex é um comando operacional para enquadra 2 ou mais DE, conforme a situação.
Eu entendo e até concordo, mas olhando os vários doc doutrinários do EB, é pouco provável que estas estruturas, sejam C Ex ou DE, hoje sejam operacionalizadas sem estarem ligada ainda a organização conhecida do sec XX. Até até onde sei o Eb não atualizou a questão dos organogramas de tais GU. Mas posso estar enganado.
De qualquer forma, a ideia é boa e visa principalmente, acho, cenários e HE de guerra convencional, e que a meu ver, só teriam razão de ser, caso o inimigo a bater fosse muito mais forte do que nós. Do contrário, as brigadas que temos hoje dão e sobram em relação à vizinhança.
Como exemplifiquei acima, convocar quase 50 mil tropas para formar um único C Ex mesmo para o EB é realmente algo surpreendente e fora da curva. E se formar tal contingente em um único comando de área já seria muito difícil, imagina querer fazer isso nos 8 comandos existentes. Não é nem questão de não ter gente para chamar, pois isso nós temos de sobra, o problema maior seria onde e como colocar todo mundo, e principalmente, equipar com o quê?
No que se refere ao tópico, por exemplo, há 5 comandos de área ao longo do litoral. Já imaginaste termos que ativar 5 C Ex para defender o litoral em caso de necessidade? Seria preciso convocar entre 180 e 225 mil homens da reserva afora as OM operacionais, para as quais já nos custa, e muito, conseguir equipar com o mínimo básico necessário.
A título de exploração doutrinária é muito válido esse tipo de questão, mas acho muito difícil que ele algum dia venha a ser realmente implantado, ainda que possa ser necessário. Não temos sequer onde colocar tanta gente.
Um C Ex em cada comando de área significa dispor cerca de 290 a 360 mil homens. Basicamente equivale a mais que dobrar o tamanho do EB.
Acho que não teria nem fuzil para toda essa gente.




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Re: Artilharia de Costa

#107 Mensagem por RobsonBCruz » Dom Mar 06, 2022 9:35 am

FCarvalho escreveu: Sex Mar 04, 2022 8:58 pm
RobsonBCruz escreveu: Sex Mar 04, 2022 2:57 pm Os 8 C Mil A já são um exagero, mas obviamente, não se fala em ativar 8 C Ex concomitantemente. Apenas, aquele (ou aqueles) que forem necessários em determinado TO, conforme a situação.
Também não podemos tratar os C Ex e as DE como sendo na estrutura rígida do século XX. Assim como uma DE hoje é um comando operacional para enquadrar 2 ou mais brigadas, conforme a situação, um C Ex é um comando operacional para enquadra 2 ou mais DE, conforme a situação.
Eu entendo e até concordo, mas olhando os vários doc doutrinários do EB, é pouco provável que estas estruturas, sejam C Ex ou DE, hoje sejam operacionalizadas sem estarem ligada ainda a organização conhecida do sec XX. Até até onde sei o Eb não atualizou a questão dos organogramas de tais GU. Mas posso estar enganado.
De qualquer forma, a ideia é boa e visa principalmente, acho, cenários e HE de guerra convencional, e que a meu ver, só teriam razão de ser, caso o inimigo a bater fosse muito mais forte do que nós. Do contrário, as brigadas que temos hoje dão e sobram em relação à vizinhança.
Como exemplifiquei acima, convocar quase 50 mil tropas para formar um único C Ex mesmo para o EB é realmente algo surpreendente e fora da curva. E se formar tal contingente em um único comando de área já seria muito difícil, imagina querer fazer isso nos 8 comandos existentes. Não é nem questão de não ter gente para chamar, pois isso nós temos de sobra, o problema maior seria onde e como colocar todo mundo, e principalmente, equipar com o quê?
No que se refere ao tópico, por exemplo, há 5 comandos de área ao longo do litoral. Já imaginaste termos que ativar 5 C Ex para defender o litoral em caso de necessidade? Seria preciso convocar entre 180 e 225 mil homens da reserva afora as OM operacionais, para as quais já nos custa, e muito, conseguir equipar com o mínimo básico necessário.
A título de exploração doutrinária é muito válido esse tipo de questão, mas acho muito difícil que ele algum dia venha a ser realmente implantado, ainda que possa ser necessário. Não temos sequer onde colocar tanta gente.
Um C Ex em cada comando de área significa dispor cerca de 290 a 360 mil homens. Basicamente equivale a mais que dobrar o tamanho do EB.
Acho que não teria nem fuzil para toda essa gente.
Em uma hipótese de necessidade de ativar um C Ex em determinado TO, por exemplo no TO do atual CMN, além das GU hoje existentes nesse C Mil A, GU sediadas em outros C Mil A seriam vinculadas operacionalmente ao C Ex ativado.

Com relação à uma hipotética invasão pelo litoral, presumo que não ocorreria ao longo de todo litoral e que as OM da FT destacadas para defesa do litoral seriam vinculadas operacionalmente à um único Cmdo Conjunto de Defesa do Litoral, a ser ativado,




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Re: Artilharia de Costa

#108 Mensagem por FCarvalho » Seg Mar 14, 2022 1:58 pm

RobsonBCruz escreveu: Dom Mar 06, 2022 9:35 am Em uma hipótese de necessidade de ativar um C Ex em determinado TO, por exemplo no TO do atual CMN, além das GU hoje existentes nesse C Mil A, GU sediadas em outros C Mil A seriam vinculadas operacionalmente ao C Ex ativado.
Com relação à uma hipotética invasão pelo litoral, presumo que não ocorreria ao longo de todo litoral e que as OM da FT destacadas para defesa do litoral seriam vinculadas operacionalmente à um único Cmdo Conjunto de Defesa do Litoral, a ser ativado,
Olá Robson,

Tendo como parâmetro as assim chamadas FORPRON, que na atualidade se pretende obter até 10 brigadas, salvo erro, o exército já dispõe na prática certificadas a bgda Pqdt e a 12a Amv. Estão em vias de certificação a 15a Inf Mec e a 5a Cav blda, até onde sei. A 4a Inf Mth não está incluía neste projeto, se bem me lembro.
Se eu estiver correto, temos em relação a forças móveis que podem ser destacadas pelo país cerca de 4 GU operacionais, as quais poderão se juntar outras OM em nível batalhão ou menor.
Na região norte apenas as 23a bgda inf slv (4 btl inf slv) está incluída na FORPRON, sendo o 1o BIS (1a Bgda Inf Slv) e o 2o BIS (22a bgda inf slv) consideradas OM aeromóveis em estado permanente de prontidão.
Em todo caso, o CMN possui apenas duas bgdas inf slv com um total de 7 BIS, necessitando de mais 7 brigadas para completar, segundo a doutrina atual, um corpo de exercito. Isto pode ser tirado da FORPRON e\ou de outras OM país afora. Mas a questão que fica é: como abrir mão de tantas GU em outras partes o país correndo o risco de abrir brechas na defesa territorial fora do comando de área determinado como TO.
Ainda que fosse o caso do CMA, com suas 6 brigadas, ainda seria necessário dispor de mais 3 brigadas para formar um corpo de exército, que também teriam que ser retiradas de outros comandos de área e todas as suas equipagens pessoal e material.
De qualquer forma, dependendo do cenário de atuação, forças mecanizadas e blindadas podem ter sua atuação limitada ou impedida face aos elementos da geografia local, no caso da região norte. E isso pode fazer incorrer no investimento pesado em unidades de infantaria que talvez não estejam totalmente aptas a operar em área de selva, se trazidas de outros lugares do país a priori.
Enfim, o exercício é válido e muito bem vindo, mas me parece irá expor claramente as muitas limitações e dificuldade humanas, materiais e logísitcas que teremos ao optar por ativar este tipo de OM GU.
Eu já acho muito difícil o EB conseguir manter OM em nível divisional, dado que não temos sequer o básico para organizá-las, imagine-se então reunir 3 divisões em um mesmo TO em condições de apronto operacional críveis do ponto de vista qualitativo e quantitativo.
Aliás, a ideia de utilizar o Astros 2020 como defesa de costa é no mínimo razoável, mas não a melhor solução, e muito menos a necessária. Parece mais uma daquelas meias soluções que se costuma dar por aqui a fim de tentar transparecer alguma efetividade na defesa que não temos.
Conquanto o conflito ucraniano tem mostrado que o nosso famoso jeitinho pode não ser mais adequado a dura realidade da guerra moderna.
A ver.




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Re: Artilharia de Costa

#109 Mensagem por FCarvalho » Seg Abr 04, 2022 3:40 pm

Do MANUAL DE CAMPANHA EMPREGO DA ARTILHARIA DE CAMPANHA C 6-1

A constituição da Artilharia Divisionária.

a. modularmente a AD é constituída de...

1. comando;
2. bateria de comando;
3. bateria de busca de alvos;
4. bateria lançadores múltiplos de foguetes;
5. dois grupos de artilharia de campanha de calibre médio;
6. grupo de artilharia antiaérea


...podendo receber ainda outras unidades de artilharia necessárias ao cumprimento de determinada missão.
Retirado do tópico Artilharia de Campanha do EB, vi que esta organização das AD pode ser providencial e também um ponto de partida para a organização de futuras OM de Artilharia de Costa com as devidas adaptações que se façam necessárias.

A priori, os dois grupos de artilharia AR e AP poderiam ser substituídos por duas baterias de lançadores moveis de mísseis equipados com os veículos da família Astros 2020, com cada bateria contando com 6 a 8 lançadores, a fim de estender o máximo possível sua capacidade de atuação sobre o TO naval, de forma a poder cobrir também a maior extensão possível do litoral, já que é evidente que não teríamos muitas destas unidades, se muito, talvez 5 delas, no caso de dispor de 1 OM por cada comando militar de área como descrevi aqui mesmo neste tópico.

No caso, cada bateria pode contar entre 6 e 8 veículos (AV-MLU 8X8 a ser desenvolvido pela Avibras), com capacidade para comportar e lançar até 4 mísseis antinavio, com o que se poderia prover de 12 a 16 unidades lançadoras de mísseis por grupo, perfazendo um total de 48 a 64 mísseis por grupo a pronto emprego.

Junte-se a estes veículos todos os demais necessários da família Avibrás 2020 e outros de apoio logístico temos a composição do grupo de art costa baseado em soluções endógenas prontas, provadas, em emprego no EB e com toda a logística de apoio no país.

A bateria de lançadores múltiplos de foguetes, embora eu acredite que fosse extinta, poderia ser pensado no sentido de a substituir por uma bateria de obuseiros AP SR do mesmo modelo a ser escolhido no EB em futuro a médio prazo. Em relação a alcance, o T-5 da Denel já provou ter capacidade de disparar munições a 75 km de alcance, mas é praticamente carta fora do baralho. Restaria pensar no que há a disposição entre israelenses, franceses e outros que permitam inclusive o uso de munição inteligente de cano.

No caso da bateria de busca de alvos temos que ver em que pé estaria ainda o interesse do EB sobre o VANT Falcão da Avibrás, já que a XMOBOTS está introduzindo um sistema semelhante na força, e o EB não é de espalhar muito os seus poucos recursos em investimento. Há de se notar por outro lado que a Avibrás detém toda a expertice dos sistemas de C2 e ISR sobre o Astros, e manter uma linha de abastecimento única pode ser, ou não, uma vantagem para o uso do drone e demais sistemas empregados pela empresa.

Já o GAAe deve ser pensado dentro do que o EB espera poder formular em termos de opção de defesa AAe das suas OM mecanizadas e bldas, e que até o presente momento não está na linha de prioridades. Um alternativa muito legal provida pelo nosso colega Nascimento seria adotar a solução da TORC30 sobre o chassi Tatra\Tectran de forma a prover defesa de ponto, pelo menos, a toda a OM, embora o emprego de sistema de mísseis também fosse necessário e ideial combinado com os canhões de 30mm daquela torre.

Enfim, é possível antever dentro desta nova organização um princípio de retomada da artilharia de costa, pensando que as baterias aqui aludidas podem vir a se tornar grupos de artilharia dentro daquela organização de forma a ampliar e capacitar ainda mais estas OM tão necessárias a meu ver em nossa defesa.




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Re: Artilharia de Costa

#110 Mensagem por NaScImEnTToBR » Qua Abr 27, 2022 10:31 pm

Muito interessante ler os comentários postados neste tópico. Os autores realmente foram muito inteligentes nas suas conclusões.
Tinha como ideia pra defesa costeira o uso de artilharia de costa sob um conjunto grande de sistemas que iriam desde o curto até o longo alcance usando mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos. Minha visão mudou completamente. Talvez aquele conjunto maior faça sentindo pra defesa de mares de litoral menor e baixa profundidade como o Mar Negro, Mar do Sul da China e Golfo Pérsico, que são BEM menores do que o nosso.


Costa Iraniana


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Costa russa (mar negro e mal báltico)


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Costa Chinesa


Imagem

Vou deixar os mísseis balísticos e de cruzeiro de longo alcance reduzidos a poucos sistemas e usados de forma dissuasiva contra invasores vindos por terra, principalmente pra atacar alvos importantes. Predominando-se pra defesa costeira feita pelo Exército viaturas leves armadas Tupi/Guara 4WS ou Agrale armadas com mísseis anti-navio com 40-60km de alcance.
Com um conceito similar a esse aqui apresentado por uma empresa sérvia ao EAU:
Imagem

Sendo mais ambicioso eu poderia usar um conceito similar ou próximo do Nemesis do USMC sendo um veículo não-tripulado e usando um míssil de maior alcance como o NSM sob uma plataforma 4X4 que oferecesse maior mobilidade, sendo essa viatura menor que a viatura lançadora do TECTRAN do sistema ASTROS.
Nemesis:
Imagem
Imagem

Outra questão: Os sistemas de radar e detecção de alvos poderiam ser guiados apenas por outras viaturas do mesmo tamanho, ou precisariam de viaturas maiores? Pois na proposta Sérvia desse sistema desenhado ai só dita aqueles sistemas. Outra pergunta: Seria necessário possuir mais radares de defesa costeira ainda, ou seria ideal deixar isso pra aeronaves da FAB e pra MB? Abç. Por serem nações circundadas por oceanos profundos, EUA e Austrália não possuem sistemas terrestres anti-navio tão sofisticados quanto outras nações. Pelo Brasil ser uma nação atlântica (no sentido geográfico), acredito que talvez fosse ideal deixar mais essa função pra MB e pra FAB e não tanto pro Exército em plataformas terrestres, deixando-o apenas no curto-médio alcance.




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Re: Artilharia de Costa

#111 Mensagem por FCarvalho » Seg Mai 02, 2022 1:43 pm

NaScImEnTToBR escreveu: Qua Abr 27, 2022 10:31 pm Outra questão: Os sistemas de radar e detecção de alvos poderiam ser guiados apenas por outras viaturas do mesmo tamanho, ou precisariam de viaturas maiores? Pois na proposta Sérvia desse sistema desenhado ai só dita aqueles sistemas. Outra pergunta: Seria necessário possuir mais radares de defesa costeira ainda, ou seria ideal deixar isso pra aeronaves da FAB e pra MB? Abç. Por serem nações circundadas por oceanos profundos, EUA e Austrália não possuem sistemas terrestres anti-navio tão sofisticados quanto outras nações. Pelo Brasil ser uma nação atlântica (no sentido geográfico), acredito que talvez fosse ideal deixar mais essa função pra MB e pra FAB e não tanto pro Exército em plataformas terrestres, deixando-o apenas no curto-médio alcance.
Olá Nascimento. Tentando ajudar.

No caso dos radares, o que temos aqui em desenvolvimento da família Saber M-200 deve servir de referência, já que eles também serão empregados nas suas duas versões, Vigilante e Multimissão, na artilharia AAe, sobre veículos 6x6 ou 8x8. O EB tende a aproveitar estes radares eventualmente para missões de artilharia de costa na orientação de lançamentos de mísseis a partir de terra, ou até mesmo desenvolver uma versão específica daquele radar, se for o caso, par orientar e direcionar os mísseis anti navio.

No caso dos radares, a organização de um grupo de artilharia de costa, sendo similar a dos GMF ou AD como mostrei neste tópico, é provável cada OM dispusesse de radares próprios de direção\guiamento de tiro e também de detecção e varredura do horizonte, a fim de ter algum autonomia de operação. Mesmo assim, tal grupo de art costa contaria, também, no futuro, com os sistemas e radares, e até satélites, do SISGAAZ da marinha, e também do SISDABRA da FAB a fim de auxiliar a sua missão. Funcionaria tudo em um sistema integrado de defesa com as três forças atuando de forma concomitante e integrada.

Quanto a questão de quem deve ser a responsabilidade pela defesa de costa, o EB já conta com uma escola e doutrina para este tipo de emprego, e apensar de não mais possuir OM próprias para esta missão, a doutrina ainda está aí e é possível utilizá-la com os recursos disponíveis. Em todo caso, sou de opinião que deveríamos dispor de OM dedicadas à defesa de costa, como os GACst que existiam. Com o advento do Mansup e do próprio MTC, que poderá no futuro ser empregado também na função anti navio, teríamos em mãos a capacidade de uma defesa bem mais profunda no Atlântico, de forma a cobrir, pelo menos a nossa ZEE com o emprego de tais mísseis. E sabemos que o MTC possui teóricos 300 kms de alcance. Já é bastante coisa para um sistema de defesa costeiro. Para nós que temos uma imensidão de mar à nossa frente, bom, quanto mais distante da costa pudermos projetar nossa defesa, melhor.




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Re: Artilharia de Costa

#112 Mensagem por NaScImEnTToBR » Seg Mai 02, 2022 2:11 pm

FCarvalho escreveu: Seg Mai 02, 2022 1:43 pm
NaScImEnTToBR escreveu: Qua Abr 27, 2022 10:31 pm Outra questão: Os sistemas de radar e detecção de alvos poderiam ser guiados apenas por outras viaturas do mesmo tamanho, ou precisariam de viaturas maiores? Pois na proposta Sérvia desse sistema desenhado ai só dita aqueles sistemas. Outra pergunta: Seria necessário possuir mais radares de defesa costeira ainda, ou seria ideal deixar isso pra aeronaves da FAB e pra MB? Abç. Por serem nações circundadas por oceanos profundos, EUA e Austrália não possuem sistemas terrestres anti-navio tão sofisticados quanto outras nações. Pelo Brasil ser uma nação atlântica (no sentido geográfico), acredito que talvez fosse ideal deixar mais essa função pra MB e pra FAB e não tanto pro Exército em plataformas terrestres, deixando-o apenas no curto-médio alcance.
Olá Nascimento. Tentando ajudar.

No caso dos radares, o que temos aqui em desenvolvimento da família Saber M-200 deve servir de referência, já que eles também serão empregados nas suas duas versões, Vigilante e Multimissão, na artilharia AAe, sobre veículos 6x6 ou 8x8. O EB tende a aproveitar estes radares eventualmente para missões de artilharia de costa na orientação de lançamentos de mísseis a partir de terra, ou até mesmo desenvolver uma versão específica daquele radar, se for o caso, par orientar e direcionar os mísseis anti navio.

No caso dos radares, a organização de um grupo de artilharia de costa, sendo similar a dos GMF ou AD como mostrei neste tópico, é provável cada OM dispusesse de radares próprios de direção\guiamento de tiro e também de detecção e varredura do horizonte, a fim de ter algum autonomia de operação. Mesmo assim, tal grupo de art costa contaria, também, no futuro, com os sistemas e radares, e até satélites, do SISGAAZ da marinha, e também do SISDABRA da FAB a fim de auxiliar a sua missão. Funcionaria tudo em um sistema integrado de defesa com as três forças atuando de forma concomitante e integrada.

Quanto a questão de quem deve ser a responsabilidade pela defesa de costa, o EB já conta com uma escola e doutrina para este tipo de emprego, e apensar de não mais possuir OM próprias para esta missão, a doutrina ainda está aí e é possível utilizá-la com os recursos disponíveis. Em todo caso, sou de opinião que deveríamos dispor de OM dedicadas à defesa de costa, como os GACst que existiam. Com o advento do Mansup e do próprio MTC, que poderá no futuro ser empregado também na função anti navio, teríamos em mãos a capacidade de uma defesa bem mais profunda no Atlântico, de forma a cobrir, pelo menos a nossa ZEE com o emprego de tais mísseis. E sabemos que o MTC possui teóricos 300 kms de alcance. Já é bastante coisa para um sistema de defesa costeiro. Para nós que temos uma imensidão de mar à nossa frente, bom, quanto mais distante da costa pudermos projetar nossa defesa, melhor.
Só vejo como uma limitação o fato do oceânico atlântico ser gigantesco e ainda mais a nossa costa. Seria mais lógico um conjunto de veículos leves com seus mísseis e radares, outro utilizando já o ASTROS MKK6 com MTC300 (podendo-se adaptar as peças de artilharia pra isso) e outro sistema com lançador com mais de 1.500km de alcance e seus próprios sistemas, mas nada em números surreais. Além disso eu penso deixar pra coisa além disso as aeronaves de patrulha armadas com o MTC-300.




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Re: Artilharia de Costa

#113 Mensagem por FCarvalho » Qua Mai 04, 2022 5:58 pm

NaScImEnTToBR escreveu: Seg Mai 02, 2022 2:11 pm Só vejo como uma limitação o fato do oceânico atlântico ser gigantesco e ainda mais a nossa costa. Seria mais lógico um conjunto de veículos leves com seus mísseis e radares, outro utilizando já o ASTROS MKK6 com MTC300 (podendo-se adaptar as peças de artilharia pra isso) e outro sistema com lançador com mais de 1.500km de alcance e seus próprios sistemas, mas nada em números surreais. Além disso eu penso deixar pra coisa além disso as aeronaves de patrulha armadas com o MTC-300.
A defesa da costa brasileira de uma eventual agressão vinda do mar seria feita em 3 camadas: a primeira os subs e navios da esquadra atuando muito além da ZEE, de forma a apor uma barreira efetiva a ser ultrapassada, e vencida, pelo oponente, e que contaria com o apoio de caças e aviões de patrulha da FAB ou da própria MB; a segunda camada é composta pelas força aérea que faria a defesa aérea da ZEE propriamente dita e pouco além, dependendo do alcance dos caças. No caso do Gripen E ele tem raio de ação de cerca de 500mn (930kms) contando com a possibilidade de revo e ainda do uso de tanques subalares, o que nos permite fazer uma defesa aérea em profundidade mar adentro; por fim, a última camada é a da artilharia de costa, que pode ser composta pelos GMF usando os MTC ou derivado anti navio, se o container do Astros for adaptado para isso, os GAC das brigadas e AD e por fim, eventualmente, de GACst que houvessem. Toda essas OM teriam em conta uma ação de curto alcance dependendo do tipo de material disponível, que no caso dos obuseiros pode variar entre 30 a 40 kms. Da mesma forma, os mísseis variam de acordo com o tipo empregado, se anti navio ou de cruzeiro, ou mesmo balístico.

Do ponto de vista organizacional, um grupo de art de costa a meu ver não seria, e nem precisaria ser, diferente em termos de organização do GMF, apenas adotando-se os sistemas necessários ao guiamento dos mísseis anti navio da dotação orgânica. E um grupo por comando de área já nos daria uma capacidade que praticamente hoje nós não temos. Seriam apenas 5 GACst. Ou 8 caso as regiões militares ao longo do litoral fossem as estruturas de comando de referência.

Em todas essas camadas atuariam concomitante e de forma colaborativa. Mas fica um adendo. Se a primeira camada falhar, FAB e EB vão estar lutando uma guerra em condições nada favoráveis. E o uso de mísseis, foguetes ou obuseiros para artilharia de costa se torna uma defesa mais desesperada do que propriamente funcional.




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Re: Artilharia de Costa

#114 Mensagem por NaScImEnTToBR » Qui Mai 05, 2022 11:50 am

FCarvalho escreveu: Qua Mai 04, 2022 5:58 pm
NaScImEnTToBR escreveu: Seg Mai 02, 2022 2:11 pm Só vejo como uma limitação o fato do oceânico atlântico ser gigantesco e ainda mais a nossa costa. Seria mais lógico um conjunto de veículos leves com seus mísseis e radares, outro utilizando já o ASTROS MKK6 com MTC300 (podendo-se adaptar as peças de artilharia pra isso) e outro sistema com lançador com mais de 1.500km de alcance e seus próprios sistemas, mas nada em números surreais. Além disso eu penso deixar pra coisa além disso as aeronaves de patrulha armadas com o MTC-300.
. Mas fica um adendo. Se a primeira camada falhar, FAB e EB vão estar lutando uma guerra em condições nada favoráveis. E o uso de mísseis, foguetes ou obuseiros para artilharia de costa se torna uma defesa mais desesperada do que propriamente funcional.
Isso prova que o foco maior do BR deveria ser na MB... Por isso deixo o EB com números bem limitados de equipamentos porém mais tecnologia. Vou deixar o EB com um efetivo de uns 110 mil homens e a FAB com uns 40-30 mil. Isso aí seria o ideal na minha opinião. De forma muito parecida a ADF da Austrália, mas com um exército um pouco maior.




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Re: Artilharia de Costa

#115 Mensagem por FCarvalho » Qui Mai 05, 2022 2:55 pm

NaScImEnTToBR escreveu: Qui Mai 05, 2022 11:50 am
FCarvalho escreveu: Qua Mai 04, 2022 5:58 pm . Mas fica um adendo. Se a primeira camada falhar, FAB e EB vão estar lutando uma guerra em condições nada favoráveis. E o uso de mísseis, foguetes ou obuseiros para artilharia de costa se torna uma defesa mais desesperada do que propriamente funcional.
Isso prova que o foco maior do BR deveria ser na MB... Por isso deixo o EB com números bem limitados de equipamentos porém mais tecnologia. Vou deixar o EB com um efetivo de uns 110 mil homens e a FAB com uns 40-30 mil. Isso aí seria o ideal na minha opinião. De forma muito parecida a ADF da Austrália, mas com um exército um pouco maior.
A MB só seria uma prioridade para a defesa no Brasil se existisse aqui um tal nível de consciência sobre a importância do mar à nossa frente que jamais existiu em tempos republicanos. E dificilmente existirá, penso. Não em uma sociedade que vive de costas para para o mar e ao mesmo tempo indiferente e ignorante do seu interior.
Quanto ao tamanho das forças, cabe dizer que o investimento em tecnologia é bom e sempre bem vindo e necessário, mas no caso do Brasil, por maior potencial que elas tenham, por si mesmas não são suficiente para nos prover a dissuasão necessária de que precisamos. A não ser que o apelo seja por nukes, o que em tempos previsível não está na lista de nossas prioridades para a Defesa.
Assim, cabe dizer que buscar o melhor equilíbrio entre o fator humano e tecnológico é a medida mais apropriada para nós. Até porque no final, quem vence uma guerra de verdade ainda é a presença física do indivíduo em campo. E para isso precisamos de um exército que seja ao mesmo tempo tecnológico e numericamente eficiente.
Cinco ou oito grupos de artilharia de costa a meu ver não seriam de todo grandes coisa para os mais de 9 mil kms de litoral que temos, mas já seriam muito melhor do que o nada que temos hoje.
Uma única 1 bia de lançadores com 8 unidades do LMU\Astros equipada com 4 mísseis anti navio (manup, por exemplo) nos daria capacidade de esticar uma linha de defesa de até 15 kms com cada LMU distante uma da outra cerca de 1 milha. Ou seja, poderíamos cobrir uma área de 1050 km2. Ou, por exemplo, de até 4500 km2 no caso de um versão anti navio do MCT com alcance de 300 km. Um grupo de artilharia de costa completo poderia dispor de 2 até 4 baterias, como os GMF, o que os torna capazes de cobrir áreas de até 18 mil km2 se usando os MTC anti navio.
No final, dá para ver que 5 ou 8 grupos ainda são muito pouco se levarmos em conta o tamanho real da costa brasileira. Mas temos de levar em conta também que nem todo o litoral é passível de um desembarque anfíbio, algo que tanto o EB como a MB sabem muito bem. Então é questão de saber otimizar o pouco que temos entre GMF, GACst e artilharia de campanha.
Em todo caso, é preciso salientar também que a defesa de costa propriamente dita não é feita somente com as OM trabalhando no litoral à beira mar, mas no caso de uma ou várias cabeças de ponte estabelecidas pelo inimigo, estas unidades podem continuar atuando do interior mais profundamente, de forma a permitir o uso de seus sistemas de acordo com o tipo de cada unidade. Assim, um tubo de 155mm pode ser bem mais útil que um MTC em certas situações, assim como o emprego de um Mansup disparado de terra mas com objetivos dentro do seu alcance próximos do litoral. Da mesma forma o emprego do MTC como míssil de cruzeiro para ataques a alvos no litoral. E assim vamos. É uma combinação complexa, mas muito eficaz se bem utilizadas.
Aliás, o papel da MB na defesa da costa passa não somente pela esquadra mas também na defesa dos portos e objetivos estratégicos situados ao longo do litoral propriamente, de forma a dificultar ou impedir desembarques anfíbios em áreas de interesse tático ou estratégico nossos. Minar portos, baias e a desembocadura de rios que chegam ao mar é, também, uma forma de fazer defesa costeira.




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Re: Artilharia de Costa

#116 Mensagem por FCarvalho » Qui Mai 05, 2022 3:08 pm

Um adendo importante que esqueci de mencionar, mas que hoje mais do que nunca se mostra destacado e impreterível: na organização das AD estas GU possuem um grupo AAe para defesa própria, e até mesmo de outras unidades de acordo com a situação e com o tipo de equipamentos empregados.
No caso, é importante dizer que os GMF não contam com tal defesa AAe em sua organização, e sequer possuem previsão para isto até onde posso saber.
Da mesma forma, seria, como de fato é importante que os GACst tivessem suas subunidades de defesa AAe próprias, já que todas estas OM em qualquer TO seriam alvos prioritários da aviação inimiga. E proteger estes sistemas é algo que, ao menos a meu ver, deve ser uma prioridade para nós, seja no nível de defesa aérea como naval e terrestre.
Em todo caso @NaScImEnTToBR as suas ideias compartilhadas aqui como o uso da TORC30, com ou sem mísseis, e outras soluções similares para a defesa de curto e médio alcance fazem todo o sentido para aquelas OM acima.
Acredito que independente do atual projeto da AAe seja necessário que o EB pense 'para ontem' em soluções que possamos adotar a fim de prover a defesa AAe destas importantíssimas unidades, visto que perdê-las é algo muito fácil, mas sua reposição em meio a uma guerra é algo bem mais complicado. Vide o exemplo claro e inequívoco da Ucrânia com todo o seu portfólio industrial militar e as enormes mazelas que sofre para repor seus estoques e abastecer a logística da defesa do país.




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Re: Artilharia de Costa

#117 Mensagem por FCarvalho » Qui Mai 05, 2022 3:55 pm

Como penso que a possibilidade de termos grupos de defesa de costa em quantidade e qualidade necessárias será um objetivo inatingível em qualquer tempo, e visando aproveitar o que já temos aqui desenvolvido ou em desenvolvimento, o veículo abaixo proposto pela Avibras anos atrás pode ser a ponta de lança para o estabelecimento de um grupo, ou baterias, que seja, de defesa costeira equipados com até 4 mísseis do tipo Mansup ou MTC naval cada um.

Imagem

Os benefícios são muito maiores que o contrário, e podem nos oferecer a capacidade que não existe hoje, fortalecendo a BID e ao mesmo tempo empregando soluções de diversos programas que estão aí e de soluções que a indústria tem apresentado nos últimos anos.
Um único GACst se equipado\organizado como os GMF e com os adendo naturais da função primária de defesa de costa podem sustentar por vários anos diversas linhas de produção no país, senão vejamos:

1. Mísseis anti navio Mansup \ MTC naval
2. Veículos componentes do GACst baseados na mesma plataforma Astros 2020 Tectran\Tatra
3. Radares M-200 Vigilante \ Multipropósito e\ou "M-200 naval"
4. Veículos de Emprego Geral e Especial - Agrale e TATRA
5. Veículos Aéreos Não tripulados nacionais e respectivos sistemas de apoio para a Bia Busca de Alvos
6. Sistemas de Comunicação por RDS, C2 e Data Link BR2
7. Veículos AAe para o GAAe orgânico (canhão e\ou mísseis) em plataforma nacional
8. Potencial emprego de veículos Guará 4WS como VBMT Leve padrão dos GACst assim como das demais OM artilharia
9. Desenvolvimento e emprego de versões de EW, ESM e SINGIT\COMINT baseadas em viaturas Avibras
10. Radar M-20 e\ou M-60 para emprego em defesa aproximada do GACst na Bia Comando e Apoio
11. Adoção do padrão COBRA de equipamentos individuais para os componentes do GACst
12. Adoção de Manpad para defesa AAe de ponto (Igla-S ou RBS-70) nas Bia de Tiro

Há várias outros elementos de projetos nacionais que poderiam ser atrelados à constituição de um GACst, que como disse anteriormente, pode variar em sua composição de 2 a 4 baterias, com cada bateria podendo dispor de 6 a 8 lançadores.
Se houvesse vontade de reconstituir a artilharia de costa, como aludi em post anteriores, seria possível sustentar linhas de produção na BID por vários anos até que se completassem os 5 ou 8 grupos necessários que sugeri para esta nova fase.
Eu fico aqui pensando que ao menos na teoria o país tem como lidar com as suas demandas de defesa apoiando-se nas soluções providas pela BID e algumas importações pontuais. De fato, com algum investimento e um pouco de bom senso, apenas a retomada da artilharia de costa nos proveria não apenas com uma defesa há muito abandonada como ainda nos ofereceria a oportunidade de dar à BID a longevidade e regularidade de investimentos necessários à plena atuação dos GACst.
E como a Avibrás seria uma das principais empresas beneficiadas por esta retomada, em tese, com uma boa gestão e mais foco no negócio da defesa, seria possível dispor à ela da necessária previsibilidade produtiva e financeira que qualquer empresa necessita.
Bom, façam as contas caros colegas, seja com 5, 8 ou outro número que for, um GACst é mais que suficiente para dar certa longevidade às linhas de produção de várias empresas da BID, e ainda sustentar a PDI de vários projetos durante anos; e eu nem sei quantas empresas exatamente seriam beneficiadas pela simples existência deste tipo de OM. Mas com certeza seriam bem mais de duas dezenas diretamente e quiçá outras centenas indiretamente.
Melhor do que isso como argumento junto aos economistas e políticos de plantão para a defesa de sua existência em termos de geração de emprego, renda e impostos em um país sedento por sair da estagnação em que se encontra dia sim, dia não, já faz muito tempo é mais do que bem vinda.




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Re: Artilharia de Costa

#118 Mensagem por NaScImEnTToBR » Dom Mai 08, 2022 4:04 pm

FCarvalho escreveu: Qui Mai 05, 2022 3:55 pm Como penso que a possibilidade de termos grupos de defesa de costa em quantidade e qualidade necessárias será um objetivo inatingível em qualquer tempo, e visando aproveitar o que já temos aqui desenvolvido ou em desenvolvimento, o veículo abaixo proposto pela Avibras anos atrás pode ser a ponta de lança para o estabelecimento de um grupo, ou baterias, que seja, de defesa costeira equipados com até 4 mísseis do tipo Mansup ou MTC naval cada um.

Imagem

Os benefícios são muito maiores que o contrário, e podem nos oferecer a capacidade que não existe hoje, fortalecendo a BID e ao mesmo tempo empregando soluções de diversos programas que estão aí e de soluções que a indústria tem apresentado nos últimos anos.
Um único GACst se equipado\organizado como os GMF e com os adendo naturais da função primária de defesa de costa podem sustentar por vários anos diversas linhas de produção no país, senão vejamos:

1. Mísseis anti navio Mansup \ MTC naval
2. Veículos componentes do GACst baseados na mesma plataforma Astros 2020 Tectran\Tatra
3. Radares M-200 Vigilante \ Multipropósito e\ou "M-200 naval"
4. Veículos de Emprego Geral e Especial - Agrale e TATRA
5. Veículos Aéreos Não tripulados nacionais e respectivos sistemas de apoio para a Bia Busca de Alvos
6. Sistemas de Comunicação por RDS, C2 e Data Link BR2
7. Veículos AAe para o GAAe orgânico (canhão e\ou mísseis) em plataforma nacional
8. Potencial emprego de veículos Guará 4WS como VBMT Leve padrão dos GACst assim como das demais OM artilharia
9. Desenvolvimento e emprego de versões de EW, ESM e SINGIT\COMINT baseadas em viaturas Avibras
10. Radar M-20 e\ou M-60 para emprego em defesa aproximada do GACst na Bia Comando e Apoio
11. Adoção do padrão COBRA de equipamentos individuais para os componentes do GACst
12. Adoção de Manpad para defesa AAe de ponto (Igla-S ou RBS-70) nas Bia de Tiro

Há várias outros elementos de projetos nacionais que poderiam ser atrelados à constituição de um GACst, que como disse anteriormente, pode variar em sua composição de 2 a 4 baterias, com cada bateria podendo dispor de 6 a 8 lançadores.
Se houvesse vontade de reconstituir a artilharia de costa, como aludi em post anteriores, seria possível sustentar linhas de produção na BID por vários anos até que se completassem os 5 ou 8 grupos necessários que sugeri para esta nova fase.
Eu fico aqui pensando que ao menos na teoria o país tem como lidar com as suas demandas de defesa apoiando-se nas soluções providas pela BID e algumas importações pontuais. De fato, com algum investimento e um pouco de bom senso, apenas a retomada da artilharia de costa nos proveria não apenas com uma defesa há muito abandonada como ainda nos ofereceria a oportunidade de dar à BID a longevidade e regularidade de investimentos necessários à plena atuação dos GACst.
E como a Avibrás seria uma das principais empresas beneficiadas por esta retomada, em tese, com uma boa gestão e mais foco no negócio da defesa, seria possível dispor à ela da necessária previsibilidade produtiva e financeira que qualquer empresa necessita.
Bom, façam as contas caros colegas, seja com 5, 8 ou outro número que for, um GACst é mais que suficiente para dar certa longevidade às linhas de produção de várias empresas da BID, e ainda sustentar a PDI de vários projetos durante anos; e eu nem sei quantas empresas exatamente seriam beneficiadas pela simples existência deste tipo de OM. Mas com certeza seriam bem mais de duas dezenas diretamente e quiçá outras centenas indiretamente.
Melhor do que isso como argumento junto aos economistas e políticos de plantão para a defesa de sua existência em termos de geração de emprego, renda e impostos em um país sedento por sair da estagnação em que se encontra dia sim, dia não, já faz muito tempo é mais do que bem vinda.
LeandroGCard escreveu: Sex Dez 12, 2014 10:04 am
FCarvalho escreveu:Pergunta de leigo. A mesma artilharia de costa, que foi extinta pelo próprio EB não seria capaz de, também, cumprir este papel de defesa AAe da costa, se instrumentalizada adequadamente?
Os equipamentos, táticas, procedimentos e as necessidades de integração com as demais forças são muito diferentes no caso da defesa AAe e da de costa. Não sei se uma única unidade conseguiria estar preparada para ambos os papéis, ou em caso de necessidade real se poderia até mesmo encontrar posições onde pudesse cumprir os dois. Eu imagino que não, então melhor manter as tarefas separadas.
Aliás, como é que se explica um exército passar mais de 350 anos guarnecendo a costa brasileira com seus quase 8 mil kms e do nada achar que a artilharia de costa é algo anacrônico e fora de contexto para a nossa realidade de defesa? :roll:

abs
Fácil.

Durante 350 anos as forças navais tinham que se aproximar da costa até a areia (para desembarques) ou no mínimo até o alcance dos seus canhões para exercer seu poder sobre terra. Mas nas últimas décadas isso não é mais verdade, a natureza da defesa de costa mudou e o EB simplesmente não teve como acompanhar a mudança e de repente se viu completamente ultrapassado nesta questão. Hoje defesa de costa se faz com satélites, drones e mísseis de alcance muito longo (as unidades de defesa de costa nem mesmo ficam mais realmente "na costa"), tudo isso altamente integrado com a aviação e a marinha.

Mais do que novos equipamentos, seria necessária toda uma nova mentalidade. Uma defesa de costa atual realmente eficiente não precisa apenas impedir desembarques pontuais ou ataques de navios à alvos terrestres. Ela deve ser capaz de criar zonas de exclusão que impedirão a liberdade de navegação da esquadra inimiga em amplas áreas do mar em frente ao litoral, não só dificultando os ataques e desembarques mas também criando "santuários" onde nossos próprios navios poderiam se refugiar após atacar a frota inimiga mais além, ou escoltas menores poderiam caçar submarinos sem a preocupação de serem por sua vez atacados por navios mais poderosos do inimigo. Seria todo um outro mundo que duvido alguém do EB (ou na MB e na FAB) esteja hoje sequer imaginando.


Leandro G. Card




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Re: Artilharia de Costa

#119 Mensagem por FCarvalho » Ter Mai 10, 2022 3:31 pm

NaScImEnTToBR escreveu: Dom Mai 08, 2022 4:04 pm
LeandroGCard escreveu: Sex Dez 12, 2014 10:04 am Os equipamentos, táticas, procedimentos e as necessidades de integração com as demais forças são muito diferentes no caso da defesa AAe e da de costa. Não sei se uma única unidade conseguiria estar preparada para ambos os papéis, ou em caso de necessidade real se poderia até mesmo encontrar posições onde pudesse cumprir os dois. Eu imagino que não, então melhor manter as tarefas separadas.
Fácil.
Durante 350 anos as forças navais tinham que se aproximar da costa até a areia (para desembarques) ou no mínimo até o alcance dos seus canhões para exercer seu poder sobre terra. Mas nas últimas décadas isso não é mais verdade, a natureza da defesa de costa mudou e o EB simplesmente não teve como acompanhar a mudança e de repente se viu completamente ultrapassado nesta questão. Hoje defesa de costa se faz com satélites, drones e mísseis de alcance muito longo (as unidades de defesa de costa nem mesmo ficam mais realmente "na costa"), tudo isso altamente integrado com a aviação e a marinha.
Mais do que novos equipamentos, seria necessária toda uma nova mentalidade. Uma defesa de costa atual realmente eficiente não precisa apenas impedir desembarques pontuais ou ataques de navios à alvos terrestres. Ela deve ser capaz de criar zonas de exclusão que impedirão a liberdade de navegação da esquadra inimiga em amplas áreas do mar em frente ao litoral, não só dificultando os ataques e desembarques mas também criando "santuários" onde nossos próprios navios poderiam se refugiar após atacar a frota inimiga mais além, ou escoltas menores poderiam caçar submarinos sem a preocupação de serem por sua vez atacados por navios mais poderosos do inimigo. Seria todo um outro mundo que duvido alguém do EB (ou na MB e na FAB) esteja hoje sequer imaginando.
Leandro G. Card
Respondendo ao @LeandroGCard e você @NaScImEnTToBR :)

Em tempo, concordo com o Leandro quanto a questão da defesa AAe e artilharia de costa. São duas coisas diferentes, mas lembro que tem de trabalhar em conjunto com as demais quadros, armas e serviços do EB para ter efetividade real na sua missão primária. Afinal, baterias de defesa de costa - assim como as AAe - são alvos prioritários em qualquer guerra quando o litoral é caminho entre a vitória e a derrota.
Assim, me parece bem normal que tanto os GACst como os GAAe trabalhem de forma cooperativa. Mas penso que aqueles podem e devem ter sua própria defesa AAe orgânica, já que depender somente dos GAAe seria algo temerário e pouco produtivo.

A organização da artilharia de costa pode contar com baterias, ou mesmo GAAe, como a AD que possuem seus grupos de defesa AAe para auto defesa. E como são grupos que podem cobrir grandes áreas do litoral espalhados que podem ser de acordo com a capacidade de C2 e radares que possuem, então é bom poder contar com sistemas AAe tanto de ponto como de médio alcance, priorizando os primeiros. Como aludi em post anterior, a organização dos GACst pode intuir a necessidade de proteção AAe tanto para as Bia individualmente com Manpad e\ou shorad assim como sistemas de médio alcance para o grupo como um todo. E claro, o grupo operaria dentro da proteção de sistemas de longo alcance, que ainda não temos.

Quanto ao segundo ponto que o Leandro colocou, é mister afirmar que a recriação dos GACst com uma nova estrutura baseada nas AD e\ou GMF a meu ver é mais que suficiente para alcançar os objetivos propostos por ele com o uso de mísseis anti navio baseados no MCT da Avibrás, cada grupo poderia ser capaz de "fechar" áreas do Atlântico de até 18 mil km2, algo que penso, não é pouca coisa em se tratando de um única OM. Com aquela nova formatação, e com os insumos nacionais disponíveis e a serem disponibilizados, como destaquei no último post sobre as vantagens de se ter grupos de artilharia de costa, E é sempre bom lembrar que o emprego do LMU baseado no Astros 2020 nos dá a oportunidade de poder usar mais de um tipo de míssil a partir de um mesmo veículo lançador, como de uma bateria e\ou grupo, potencializando ainda mais a capacidade de defesa daquela OM em diversos alcances e performace contra os mais variados alvos.

Por fim, há de se destacar que a artilharia de costa não funciona isolada e independente das demais OM da Marinha, como a aviação naval, e da FAB e sua aviação de caça e patrulha. Tudo deve estar sempre integrado e atuar de forma totalmente cooperativa. A nova organização dos GACst a meu ver só viria a dar-nos maior e melhores condições de fazer o que já fazemos hoje de certa forma muito melhor e com maior desenvoltura. Mas isso sou eu aqui pensando com os meus botões.




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Re: Artilharia de Costa

#120 Mensagem por FCarvalho » Ter Mai 10, 2022 4:25 pm

http://bdex.eb.mil.br/jspui/handle/123456789/10280

Mendes, Menderson Camargo
A utilização das baterias de mísseis RBS 15 e Exocet MM 40 para defesa do litoral brasileiro
Monografia
2006




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