Mercenários portugueses

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

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pafuncio
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Mercenários portugueses

#1 Mensagem por pafuncio » Sex Dez 16, 2005 11:51 pm

Sabemos que ingleses (e sul-africanos, claro) combateram como mercenários nas guerras de independência africana, em especial na Rodésia, se não me engano.

Daí pergunto: vasto império luso na África, final do cicle Salazar, primeira crise do petróleo.

Houve mercenários portugueses ? Qual o seu destino ?

Saludos cordiales@, alexandre.




"Em geral, as instituições políticas nascem empiricamente na Inglaterra, são sistematizadas na França, aplicadas pragmaticamente nos Estados Unidos e esculhambadas no Brasil"
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Rui Elias Maltez
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#2 Mensagem por Rui Elias Maltez » Seg Dez 19, 2005 8:22 am

Até 25 de Abril de 74, não houbve mercenários a ajudar o esforço de guerra português em Africa, nas 3 frentes: Angola, Moçambique e Guiné.

O que houve foi um crescendo esforço para arregimentar naturais desses territíorios para servirem nas fileiras do Exército português, e em Angola criou-se um corpo especial de tropas (os "flechas" formados essecialmente pelos bosquimanos, e treinados e armados pela polícia política de então - a PIDE).
_______________________

Por parte de alguns movimentos nacionalistas, principalmente por parte do PAIGC da Guiné, conta-se que haviam alguns conselheiros militares russos e cubanos.
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Após a independência de Angola, conta-se que houve mercenários sul-africanos e alguns europeus que primeiramente apoiaram a FNLA e depois a UNITA.

Principalmente os sul-africanos, já que a FNLA perdeu muita da sua capacidade politica e bélica logo após a indepândência de Angola a 11 de Novembro de 75, por causa da mudança na política americana para a região.

Os EUA passaram a apoiar a UNITA, aravés da base de Kamina no antigo Zaire, e a África do Sul, após a tentativa de invasão do território angolano em, 75, tentativa fracassada, dados os contingentes militares de Cubanos que para lá foram, parassaram a apoiar militarmente e financeiramente a UNITA contra o Governo de Luanda controlado pelo MPLA.

Mercenários portugueses, poderão ter havido alguns, poucos, antigos combatentes lá, mas com expressão numérica irrelevante.

Mais recentemente, com o reacender da guerra civil em 1992, (após um periodo de cessar fogo que permitiu a realização de eleições, e após a retirada dos contingentes cubanos) conta-se que também o MPLA se reforçou com conselheiros militares principalmente do leste europeu e alguns ingleses para os ajudar a combater a renascida capacidade bélica da UNITA, que nos primeiros meses era uma verdadeira força militar convencional, e não apenas um movimento de guerrilha.
__________________

Quanto a Moçambique, a RENAMO (movimento oposicionista ao regime de Maputo) foi muito apoiada nos primeiros tempos pelo regime de Ian Smith da Rodésia (actual Zimbabwee) e pela Africa do sul, através de guerrilhas e sabotagens.

Mas não se falou de acções de mercenários.

O pretexto era de que a Rodésia do regime de apartheid branco do Ian Smith queria combater os santuaários de guerilha da ZANU e ZAPU que lutavam contra o seu regime a partir de certas regiões de Moçambique.




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#3 Mensagem por zawevo » Dom Dez 25, 2005 12:55 pm

Rui
Não mande bocas daquilo que não conhece.




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#4 Mensagem por lelobh » Dom Dez 25, 2005 9:54 pm

Chegou intimando! :D
Vai chamar pro braço tb? hehe




Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.

Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
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#5 Mensagem por pafuncio » Ter Dez 27, 2005 2:24 pm

zawevo escreveu:Rui
Não mande bocas daquilo que não conhece.


:( :( :( :( :( :(

Pena.

Alexandre.




"Em geral, as instituições políticas nascem empiricamente na Inglaterra, são sistematizadas na França, aplicadas pragmaticamente nos Estados Unidos e esculhambadas no Brasil"
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#6 Mensagem por lelobh » Ter Dez 27, 2005 4:17 pm

Isso é assim mesmo. Eu não entendo quase nada de defesa, mas dou as minhas opiniões. E ainda discuto e tento mostrar que estou certo! hehe
Cada um aqui saca de um campo. Ninguém saca todos.




Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.

Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
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#7 Mensagem por zawevo » Ter Dez 27, 2005 8:16 pm

Companheiros:

Gosto de frequentar o Fórum porque aprendo muito com quem sabe mais.

Fico aborrecido quando há pessoas que sem saberem do que estão a falar, seja porque lá não estiveram, seja porque pouco ou nada leram sobre o assunto "arrotam postas de pescada" postando uma série de coisas que não aconteceram nem foram assim.

Se tiverem paciência leiam:
http://www.uc.pt/cd25a/aedp_po/publico/e_mmonge.htm
http://www.uc.pt/cd25a/aedp_po/textos/th_5.htm
http://www.macua.org/livros/CapituloQuinto.htm
http://www.lusotopie.sciencespobordeaux ... es2003.rtf
Isto foi o que arranjei no Google em 10 minutos.

Cumprimentos




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#8 Mensagem por alfsapt » Qua Dez 28, 2005 7:43 am

O Almirante Leonel Cardoso tentou entregar a última bandeira portuguesa a flutuar em Angola a uma entidade que a recebesse e preservasse como símbolo derradeiro de um ciclo histórico que terminara. Percorreu vários departamentos do Estado sem que nenhum aceitasse esse legado. A última vez que falei com ele sobre o assunto, informou-me que guardava a bandeira em sua casa pois ninguém a quisera receber. O Senhor Almirante faleceu há alguns anos. Desconheço o paradeiro daquele símbolo (nota do autor).


Acho que isto já diz muito sobre até onde caiu Portugal com o 25 de Abril.




"Sirvamos hoje a deusa Minerva,
Por melhor servir a Marte."
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#9 Mensagem por pafuncio » Qua Dez 28, 2005 11:33 am

alfsapt escreveu:
O Almirante Leonel Cardoso tentou entregar a última bandeira portuguesa a flutuar em Angola a uma entidade que a recebesse e preservasse como símbolo derradeiro de um ciclo histórico que terminara. Percorreu vários departamentos do Estado sem que nenhum aceitasse esse legado. A última vez que falei com ele sobre o assunto, informou-me que guardava a bandeira em sua casa pois ninguém a quisera receber. O Senhor Almirante faleceu há alguns anos. Desconheço o paradeiro daquele símbolo (nota do autor).


Acho que isto já diz muito sobre até onde caiu Portugal com o 25 de Abril.


Revolução dos cravos ?




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#10 Mensagem por Rui Elias Maltez » Qui Dez 29, 2005 3:13 pm

Zawevo:

Se esteve lá, é uma pessoa priveligiada para nos contar o que se passou relativamente a mercenários.

Aqui não se está a discutir a descolonização.

Os link's que nos deu não servem para a matéria que se está a discutir.

Onde estão as mentiras e postas de pescada que refere?




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rodrigo
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#11 Mensagem por rodrigo » Qui Dez 29, 2005 4:23 pm

Cada um aqui saca de um campo. Ninguém saca todos.
Esse é o interessante do fórum.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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#12 Mensagem por zawevo » Sex Dez 30, 2005 5:51 pm

Olá a todos,

À pergunta se houve mercenários a combater na guerra colonial a resposta é SIM.

Não gosto falar do passado sobretudo dessa época mas o Rui tem razão quando me pede para o corrigir.

Falo da realidade de Angola porque é essa que conheci.

Havia no lesta de Angola um exército de mercenários catangueses que combatiam com as nossas tropas contra o MPLA, já que a UNITA a partir dos finais dos anos sessenta trabalhvam para nós. Eram utilizados para fazerem incursões às bases dos turras na Zambia e golpes de mão em áreas onde não convinham que os militares andassem. Esses catangueses vieram, salvo erro, com os mercenários Bob Denard e Jean Schramme quando estes fugiram. Estavam sediados em Gago Coutinho.

Os flechas eram tropa da Pide começaram por serem bosquimanos mas depois eram recrutados entre os turras que se entregavam. Eram de todas as etnias e estavam espalhados por todo o território. Eram muito eficazes.

Também havia os GE (Grupos Especiais) sob a alçada da OPVDC (Organização Provincial dos Voluntários e Defesa Civil).

Algum fazendeiros e comerciantes também possuíam os seus exércitos privados. Podemos falar aqui de mercenários. Alguns eram, na sua zona, bastante bons.

A Diamang que operava no nordeste de Angola também tinha uma polícia privativa para não deixarem roubar os diamantes. A pide também dava uma ajuda. Pelo caminho também faziam recolha de informações.

A PSP também enquadrava milícias em aldeias isoladas.

É tudo o que quero lembrar.

Cumprimentos




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#13 Mensagem por pafuncio » Sex Dez 30, 2005 6:56 pm

:shock: :shock: :shock: :shock: :shock: :shock:

Grato, Zawevo (masai?).

Aqui, o tópico chega a uma inflexão.

Aparentemente só tu tens dados a ser ofertados.

Como bem acentuaste, outrossim, não quedarás adiante, certamente por motivos dos mais relevantes.

Em assim sendo, fica em aberto. Não pretendi jamais ofender a quem quer que fosse. Apenas especulei acerca de uma probabilidade, aparentemente correta.

Discreta e desconhecida, mas aparentemente correta.

Salu2, alexandre.




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#14 Mensagem por Rui Elias Maltez » Ter Jan 03, 2006 10:01 am

Pois eu desconhecia em absoluto que mercenários do Bob Denard tivessem lutado ao lado dos interesses portugueses em Angola.

Sabia era que dissidentes do MPLA, liderado pela facção do Daniel Chipenda, acabaram por lutar durante um certo periodo no leste de Angola em articulação com a FNLA.

E que a UNITA (o Zawevo confirmou) fizeram um pacto com as tropas portuguesas (acordo cozinhado pelo Gen. Costa Gomes) para lutar contra o MPLA no lete, cortando os pontos com a Zâmbia.

Mas o que eu escrevi acima, mantenho, já que nada do que o colega Zawevo disse, desmente o que eu afirmei acima.

Após a independência de Angola, houve muitos mercenários que do lado da UNITA, quer do lado das FAPLA do Governo de Luanda.

Mesmo depois de 1992, com o renascimento da guerra civil em Angola, e com a FAA, estas tiveram mercenários do leste a lutar e a comportarem-se como "conselheiros militares" para lutar contra a UNITA.

E conta (sem confirmação) que a coluna onde Savimbi foi emboscada foi localizada pelas FAA devido a informações dadas pela "secreta britãnica.

Quem souber mais sobre isso que confirme, ou desminta.




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Guerra
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#15 Mensagem por Guerra » Ter Jan 03, 2006 11:52 am

Eu li um livro "A opção pela espada" de um brasileiro que lutou na Africa. Ele desertou da legião estrageira para lutar na Africa. Ele chegou bem antes da independencia de Angola, inclusive ele narra a chegada dos mercenários ingleses. O cara escreveu o livro para provar que ele não era um mercenário, inclusive ele tinha odio dos ingleses. Será que naquela confusão não havia uma dificuldade em definir quem era mercenário ou não?
Sei que esse é um assunto meio delicado, só estou tentando entender.




A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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