Túlio escreveu: ↑Sáb Mar 23, 2024 3:03 pm
FCarvalho escreveu: ↑Sáb Mar 23, 2024 2:25 pm
Imagina se ela conseguisse vender seus aviões no Brasil, que é um dos cinco maiores mercados de aviação civil comercial do mundo.
Sempre fico intrigado com isso: a parte de Aviação Regional, Comercial e Executiva da EMBRAER parece ser privilegiada na FAB, já no mercado civil aparentemente sai mais em conta importar um ATR do que botar na frota um 175 muito superior, desenvolvido e feito aqui, tens ideia da razão? Me parece tiro no pé, será que enfiam imposto individualmente em cada insumo (quase tudo importado) a ponto de elevar o preço do produto final à estratosfera?
O Cássio pode te responder com muito mais propriedade que eu, mas, a meu ver, pelo que sei acompanhando o setor há bastante tempo, de forma geral são três fatores:
1. o indefectível custo Brasil;
2. a péssima mania de grandeza de quem trabalha no setor aéreo no Brasil, que nunca estar satisfeito em operar bem e focados nos seus negócios, como a aviação regional e\ou geral, já que o grande filão($$) da aviação no Brasil sempre foi o setor nacional de transporte, faz com que a procura por aeronaves lá fora, muito mais baratas e acessíveis, além de exigir pouca burocracia para se obter, atrai empresas\empresários para atuar no mercado nacional deixando de lado outros setores;
3. a falta de apoio governamental e institucional para que os produtos da Embraer sejam mais acessíveis - custeio, preço e financiamento - a todos os segmentos da aviação nacional, de forma a permitir que interesse inato pelos aviões se tornem compras efetivas.
A Azul pode ser considerada um caso a parte, já que começou operando os E-Jet e continua com eles nos planos através dos E-2. Mas isso é uma especificidade da empresa, já que ela trabalha com o conceito de integração de rotas nacionais com a da aviação regional, ligando o interior aos seus principais hubs e distribuindo os pax através deles, de forma que a malha é muito mais porosa e extensa que a das concorrentes, que sempre se concentraram nos maiores aeroportos, enquanto o foco da Azul é poder ligar um pax que sai de Caxias do Sul\RS a Santa Isabel do RIo Negro\AM sem precisar fazer 10 escalas e pagar duas ou três empresas diferentes para isso. E ela consegue fazer essa proeza operando diversos tipos de aeronaves adequadas cada uma ao atendimento de seu respectivo nicho.
Como disse, é um caso sui generis no Brasil de uma empresa a nível nacional que olha o seu negócio não apenas focado nos grandes centros urbanos, e no lucro que proporcionam, como fazem LATAM e GOL, mas a partir da integração interior-capital-interior. E tem dado muito certo. Uma lástima que não tenhamos no país a infraestrutura aeroportuária, financeira e fiscal\tributária necessária para permitir mais empreendimentos como este. É um negócio muito caro, mas, e também, muito lucrativo pois ela atua praticamente sozinha na imensa maioria do Brasil. Lugares que a concorrência nem sonha operar, e não existe aviação regional que possa fazer o trabalho.
Espero ter conseguido explicar um pouco.
Um mal é um mal. Menor, maior, médio, tanto faz… As proporções são convencionadas e as fronteiras, imprecisas. Não sou um santo eremita e não pratiquei apenas o bem ao longo de minha vida. Mas, se me couber escolher entre dois males, prefiro abster-me por completo da escolha.
A. Sapkowski