E de onde você tirou que a FAB vai operar o Gripen da mesma forma? Essa informação está em algum manual de operação da FAB?FCarvalho escreveu: ↑Seg Dez 18, 2023 12:36 pmVamos bem devagar para ver se entendes.FIGHTERCOM escreveu: ↑Dom Dez 17, 2023 6:32 pm
Meu Deus! Isso é uma das coisas mais absurdas que já li no fórum.
De onde você tira isso?
Abraços,
Wesley
A questão aqui é sobre defesa aérea e raio de combate operacional. A doutrina da FAB hoje dispõe basicamente sobre o envio, a partir de bases centrais, dos seus caças para os TO em que sejam necessários. Para isso ela lançará mão do que chama de bases de desdobramento. Ou mesmo operações tipo rodopista, embora esta última não seja uma atividade regular da caça. O Gripen E\F deve modificar esta questão de forma a introduzir na doutrina estas operações como sendo parte intrínseca da mesma, e não mais algo espasmódico e experimental.
Neste sentido, o Gripen E e seus 1300 km de raio de ação em missões de defesa aérea (650 km para ir + 650 km para voltar) não difere muito do alcance dos Mirage III ou Mirage 2000 que a FAB operou. Vai no máximo estender mais um pouco a capacidade de interceptação em relação aos caças franceses usado no QRA em Anápolis.
Do ponto de vista da doutrina, a situação das regiões Norte e Nordeste não se modificará em nada, pois continuarão dependentes de um pensamento doutrinário que só entende e concebe defesa aérea apenas a partir do sul, sudeste, e centro-oeste, sendo as demais regiões dependentes completamente da capacidade que se conseguir implementar, ou não, nestas regiões. Traduzindo em miúdos, cerca de 70% do país vai continuar sem defesa aérea alguma, a se manter a atual visão de defesa aérea da FAB.
O problema não é o caça em si, e nunca disse que é, mas a forma como a FAB irá operar o mesmo. O Gripen E\F pode ser a pica da galáxia em tecnologia, desempenho e tudo o mais, mas na prática, no que se refere à minha região, ele não será diferente dos Mirage, F-5 e A-1 que só aparecem por aqui esporadicamente e muito de vez em quando, e mesmo assim, sempre operaram limitados à perna curta que possuem.
Como já mostrei aqui, com 1300 km de raio de combate em missões ar-ar, o Gripen E não consegue chegar sequer às outras capitais da região operando a partir de Manaus. E sem Revo, pior ainda. O que poderia ser feito é diminuir o número de mísseis levados e acrescentar mais tanques subalares. Mas isso deixaria o caça mais pesado e menos manobrável. E se tivesse que engajar um eventual adversário, pode ser que tenha que se livrar dos tanques, ou se vendo na defensiva, também se livrar deles. Aí, sem Revo, e sem capacidade de durar no combate, ele seria forçado a pedir por um Revo que não existe - porque KC-390 baseados aqui também é pura ilusão - ou tentar encontrar pistas de pouso, ou estradas, que também não existem aqui, para pousar antes de ter uma pane seca.
Enfim, o problema não é, e nunca foi o Gripen E\F, mas a doutrina atual da FAB, e como ela pensa defender mais da metade do país apenas saindo de algum lugar no sul\sudeste e centro oeste, operando um punhado de caças que ela acha suficiente para o seu orçamento, e quando chegar no TO a gente vê o que acontece.
Em tempo, o Gripen E\F teria que usar três tanques sobre as asas e center line para poder chegar a Manaus vindo de Anápolis. Sem mísseis e\ou outras cargas pagas. São 1.904,88 km separando as duas bases aéreas da FAB. Se ele tivesse que chegar em Boa Vista seriam 2.520,74 km, e para Porto Velho são outros 1.826,79 km. Pode parece dispensável tais informações ou que não justifiquem a operação de caças baseados na região norte. Mas é aquilo. Pimenta no olhos dos outros é refresco. Fazer defesa aérea correndo de lá pra cá com os Gripen E\F em nada difere do que a FAB vem fazendo há décadas com os seus caças atuais. E isso nunca foi suficiente para melhorar o que nunca tivemos de fato, que é a capacidade real, concreta, de defender nosso espaço aéreo onde e quando sempre que necessário. Cada metro quadrado dele. E de preferência sem respostas de oportunidade. Mas isso só é possível se a FAB largar mão dessa lógica excêntrica do século XX de "a cavalaria área está chegando". Isso nunca serviu e continua sem servir para nada até hoje. E não é Gripen E\F que irá mudar isso.
Abraços,
Wesley