EDIT MOD: CV 3, agora FCT
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Não trabalho na área de defesa mas sim infraestrutura. SE vale a correlação, para grandes projetos, hoje em dia o BNDES ainda é a maior fonte de financiamento e cobre cerca de 50% do investimento. Se 4 CV-03 vão custar USD350mi (praticamente R$1bi), isso cobre 25% do investimento e ainda faltariam outros 25% a financiar de outra maneira. Fazendo uso de projeto nacional imagino que seja difícil um financiamento no exterior para o projeto como um todo e seria necessario outro R$1bi ou um financiamento adicional equivalente.
Essas fontes de financiamento deveriam ser estruturadas simutaneamente. O risco de liberar o capital próprio primeiro é ele ser consumido sem que vc consiga construir aquilo que planejou. Se o projeto atrasa, esse valor pode ser gradualmente consumido pelos custos de pessoal e manutenção sem que nada concreto seja produzido.
Comentou-se de um "downpayment" (adiantamento) mas isso só se faz quando o contrato fosse assinado e ao que me consta nao compramos nada de ninguem ainda. Se comprarmos tecnologia ou componentes no exterior, normalmente são exigidas garantias bancárias (Letter of Credit) e não necessariamente pagamento adiantado.
Eu, no meu trabalho, nunca ponho um centavo da empresa num projeto antes que ele esteja financeiramente estruturado e pronto para ser iniciado, o maximo que se gasta é na preparação da concorrencia e aquisição (os tais RFQ - request for quotation).
Talvez a MB opere numa lógica diferente.
Essas fontes de financiamento deveriam ser estruturadas simutaneamente. O risco de liberar o capital próprio primeiro é ele ser consumido sem que vc consiga construir aquilo que planejou. Se o projeto atrasa, esse valor pode ser gradualmente consumido pelos custos de pessoal e manutenção sem que nada concreto seja produzido.
Comentou-se de um "downpayment" (adiantamento) mas isso só se faz quando o contrato fosse assinado e ao que me consta nao compramos nada de ninguem ainda. Se comprarmos tecnologia ou componentes no exterior, normalmente são exigidas garantias bancárias (Letter of Credit) e não necessariamente pagamento adiantado.
Eu, no meu trabalho, nunca ponho um centavo da empresa num projeto antes que ele esteja financeiramente estruturado e pronto para ser iniciado, o maximo que se gasta é na preparação da concorrencia e aquisição (os tais RFQ - request for quotation).
Talvez a MB opere numa lógica diferente.
- Juniorbombeiro
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Muito bom, vamos torcer para que dê certo. Seria muito bom que uma empresa como a Saab por exemplo ganhasse essa concorrência, por ela não ter um estaleiro no Brasil, ela poderia modernizar parte do AMARJ e assumir ou locar o EISA por exemplo, a KPMG deve estar doidinha para se livrar do pepino do Sr. Efromovich, ou ao menos fazer aquele ativo gerar caixa. Outra opção forte seria a o EAS, que já tem a Finccantieri e a Vard por trás, mas o estaleiro deles já é enorme e tem capacidade para navios bem maiores, apesar de que na m... atual.
Na minha opinião, são os concorrentes mais fortes que eu vislumbro. O primeiro pelo Interesse (lobby) que anda demonstrando e o segundo pela capacidade instalada. Vale lembrar que ambos atendem os requisitos exigidos pela MB e a Saab sai em vantagem se propor fazer no RJ, ao lado e dentro do AMARJ.
Na minha opinião, são os concorrentes mais fortes que eu vislumbro. O primeiro pelo Interesse (lobby) que anda demonstrando e o segundo pela capacidade instalada. Vale lembrar que ambos atendem os requisitos exigidos pela MB e a Saab sai em vantagem se propor fazer no RJ, ao lado e dentro do AMARJ.
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Na verdade, é bem comum projetos nacionais terem financiamento externo, inclusive, muitas empresas brasileiras buscam créditos no exterior, coisas bizarras do Brasil.pmicchi escreveu:Fazendo uso de projeto nacional imagino que seja difícil um financiamento no exterior para o projeto como um todo e seria necessario outro R$1bi ou um financiamento adicional equivalente.
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- Vagner Oliveira
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
AVATAR INSERIDO PELA MODERAÇÃO
(pode ser substituído sem problemas)
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Prezado Vagner,
Grato pela postagem. Matéria muito boa que esclarece diversos pontos de interesse do projeto das CCT's. O trabalho deste jornalista supera em ''anos luz'' as reportagens dos sites ''especializados''
Sds
Lord Nauta
Grato pela postagem. Matéria muito boa que esclarece diversos pontos de interesse do projeto das CCT's. O trabalho deste jornalista supera em ''anos luz'' as reportagens dos sites ''especializados''
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Não é tão bizarro: aqui a tigrada do "big money" não investe em produção (retorno lento) e sim em especulação (retorno rápido), e isso desde que o Brasil é Brasil (não é à toa que banco é o melhor negócio que há desde sempre). Acrescentando que há (sempre houve) pouquíssima poupança interna, não admira que se capte dinheiro no exterior, em Países que têm poupança forte. Assim, usamos a poupança dos outros ao invés da que não temos mesmo.Marechal-do-ar escreveu:Na verdade, é bem comum projetos nacionais terem financiamento externo, inclusive, muitas empresas brasileiras buscam créditos no exterior, coisas bizarras do Brasil.pmicchi escreveu:Fazendo uso de projeto nacional imagino que seja difícil um financiamento no exterior para o projeto como um todo e seria necessario outro R$1bi ou um financiamento adicional equivalente.
Depois ainda tem quem estranhe que é tradição aqui toda e qualquer grande obra Nacional (inclusive indústrias, como a EMBRAER) só exista se bancada pelo governo. Se esperássemos pelos investidores Brasileiros, nem teríamos indústria aeronáutica. A única outra alternativa é uma empresa estrangeira tomar para si um nicho empresarial no Brasil que o governo não queira ou não possa tocar em frente, como a IVECO (blindados) e a DCNS (submarinos).
Assim, se eu fosse do governo já estaria cortejando os Sul-Coreanos para, como os dois acima citados, montar sua empresa do zero aqui e desenvolver uma variante de alguma Escolta que já fabricam (o Guarani é uma variante de um projeto preexistente da IVECO e o sub é um Scorpéne esticado e sem AIP), depois só vender à MB que, se não comprar, fica sem nada ainda na primeira metade da próxima década.
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
É bizarro sim, porque fazem isso só porque é mais barato tomar dinheiro lá fora do que aqui, não seria estranho bancos tomarem dinheiro no exterior para depois emprestarem aqui dentro, isso é feito no mundo inteiro, mas bancos intermediarem a tomada de dinheiro no exterior é bizarrice brasileira, e ocorre devido a diversas outras bizarrices brasileiras que levam a essa situação.Túlio escreveu:Não é tão bizarro: aqui a tigrada do "big money" não investe em produção (retorno lento) e sim em especulação (retorno rápido), e isso desde que o Brasil é Brasil (não é à toa que banco é o melhor negócio que há desde sempre). Acrescentando que há (sempre houve) pouquíssima poupança interna, não admira que se capte dinheiro no exterior, em Países que têm poupança forte. Assim, usamos a poupança dos outros ao invés da que não temos mesmo.
Se eu fosse do governo faria de tudo para acabar com essa distorção maldita e fazer com que investimentos de longo prazo sejam vantajosos para essa cambada de brazuca com dinheiro embaixo do travesseiro investir em algo útil.Túlio escreveu: Assim, se eu fosse do governo já estaria cortejando os Sul-Coreanos para, como os dois acima citados, montar sua empresa do zero aqui e desenvolver uma variante de alguma Escolta que já fabricam (o Guarani é uma variante de um projeto preexistente da IVECO e o sub é um Scorpéne esticado e sem AIP), depois só vender à MB que, se não comprar, fica sem nada ainda na primeira metade da próxima década.
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Marechal-do-ar escreveu: É bizarro sim, porque fazem isso só porque é mais barato tomar dinheiro lá fora do que aqui, não seria estranho bancos tomarem dinheiro no exterior para depois emprestarem aqui dentro, isso é feito no mundo inteiro, mas bancos intermediarem a tomada de dinheiro no exterior é bizarrice brasileira, e ocorre devido a diversas outras bizarrices brasileiras que levam a essa situação.
Pelo jeito um de nós tem um conceito bizarro para o termo em apreço. Brasileiro do "big money" até investe em produção, desde que em outro País. Se olhares para o tempo do Império, até o Conde D'eu, marido da Princesa Isabel, investia seu dinheiro na aquisição de terrenos quase que sem valor no Rio (acreditas que Copacabana era um deles? Pois era) e neles construía cortiços, que alugava à populaça, a qual vivia mais amontoada que escravo em senzala. E já se sabia que o Brasil tinha imensas jazidas de ferro, quem investiu em siderurgia?
Marechal-do-ar escreveu:Se eu fosse do governo faria de tudo para acabar com essa distorção maldita e fazer com que investimentos de longo prazo sejam vantajosos para essa cambada de brazuca com dinheiro embaixo do travesseiro investir em algo útil.
Terias que reinventar o Brasil e expungir séculos de costumes (lembrar que o Costume é a fonte primária do Direito). Bonito de dizer mas brabo de fazer...
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Parece que a MB finalmente está aprendendo com os próprios erros. Só o fato de estarem usando a Engeprom como intermediadora já vai ajudar a evitar vários gargalos (ao menos em teoria!), e também o fato de estarem condicionando o contrato de construção a outros que garantam a manutenção e operacionalidade das embarcações é outro ponto positivo. Vamos ver se não desanda como quase todo bom plano das nossas FFAAs.Vagner Oliveira escreveu:Bom dia
Vale a leitura.
Abs
http://www.gbnnews.com.br/2017/12/corve ... bre-o.html
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Feliz Natal! MB pode desistir de ‘reinventar a roda’, e ter uma corveta de projeto estrangeiro
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
Alguns dirão que a solução representa a perda da oportunidade de se prestigiar/impulsionar o setor de projetos de navios militares no país. E não estarão errados.
Outros vão lembrar: dificilmente um estaleiro estrangeiro fornecedor de embarcações de guerra de alta complexidade (e performance) transferirá à indústria naval brasileira os seus principais segredos construtivos. E, possivelmente, também não estarão dizendo bobagem.
Mas 2017 consolidou como marca da gestão do almirante de esquadra Eduardo Leal Ferreira à frente dos negócios da Marinha do Brasil (MB), o pragmatismo.
Se já será um parto arranjar 350 milhões de dólares para construir a corveta Tamandaré, de 2.790 toneladas, como contratar a reforma do porta-aviões São Paulo, de 50 anos atrás, por 1,6 bilhão?
Leal Ferreira desprogramou o navio.
Se a modernização do caça AF-1 (Skyhawk A-4KU) conduzida no país não significa mais do que operar de forma digital uma máquina de guerra antiquada, de comportamento analógico, porque insistir nesse projeto?
O Comandante da Marinha reduziu drasticamente a flotilha de caças Skyhawk – para 6 aeronaves –, transformando o Esquadrão Falcão, de aeronaves de interceptação e ataque, praticamente em uma unidade-escola.
E, nesse diapasão da praticidade, porque não aproveitar a oferta de um porta-helicópteros bom e barato, como o britânico HMS Ocean – recentemente oferecido ao Brasil –, para manter o elã de uma Aviação Naval despojada de seu navio-aeródromo? (Um barco que, ainda por cima, poderá liderar uma força naval expedicionária…)
Leal Ferreira está diligenciando no sentido de trazer o porta-helicópteros para o Brasil…
A questão de se aceitar um projeto estrangeiro para viabilizar o programa de quatro Corvetas Classe Tamandaré (CCT) não poderia fugir a esse ambiente de pragmatismo.
Consulta – Ainda no início desse ano, o Comandante da Marinha pediu a opinião de alguns oficiais do setor de Material de sua corporação, acerca da conveniência de a Força aceitar um projeto estrangeiro que, atendendo os requisitos básicos definidos pelo Centro de Projetos de Navios (CPN), pudesse ser aproveitado como paradigma da nova classe Tamandaré.
O que ele ouviu foi que os grandes fornecedores internacionais interessados em participar do projeto pressionavam para saber se poderiam apresentar um modelo próprio de embarcação, desvinculado do desenho feito pelo CPN.
Essas empresas alegavam, antes de tudo, que o valor unitário de 450 milhões de dólares para a Tamandaré produzida no Brasil (valor que circulou nos corredores da Marinha entre os anos de 2013 e 2016) parecia um claro exagero; e que o processo de fabricação da primeira CCT no Brasil seria forçosamente lento, devido ao completo despreparo da indústria naval brasileira para produzir um navio que, apesar de classificado como corveta, pode (e deve) ser considerado uma fragata multifunção de porte leve.
Em entrevista no início de agosto, o almirante Leal Ferreira reposicionou o custo de uma Tamandaré na faixa dos 350 milhões de dólares, mas os exemplos da disparidade de valores se mantêm impressionantes.
Os dinamarqueses, por exemplo, desenvolveram duas classes de fragatas de 6.000 toneladas (Absalom e Iver Huitfeldt) construídas a um custo unitário entre 270 e 330 milhões de dólares…
A China oferece uma fragata de 2.500 toneladas para Defesa Aérea e interdição de área marítima (derivada dos navios Tipo 053H3) por menos de 180 milhões de dólares.
E a indústria naval turca, que também se mostrou interessada no programa das CCT, oferece (ao governo de Ancara) sua corveta MILGEM classe Ada, de 2.400 toneladas, por não mais que 250 milhões de dólares.
Diante dessas circunstâncias, os oficiais solicitados a opinar sobre um incremento da participação estrangeira no programa dos navios Tamandaré não consideraram esse caminho ruim – desde que ele represente uma real economia para a MB.
Uma economia de dinheiro e de tempo, bem entendido.
Prazos – Deixar que o estaleiro vencedor da concorrência no programa das CCT forneça a primeira unidade totalmente construída no exterior, sob a assistência (atenta) de especialistas da MB, significa apressar a entrada em operação do primeiro navio – e, possivelmente, ter todos os barcos Tamandaré prontos e operacionais até o ano de 2029.
Em termos práticos, o que a MB quer saber é se algum desses estaleiros estrangeiros consegue oferecer uma embarcação de projeto atualizado, que privilegie as técnicas de furtividade, contemple dois sistemas de mísseis e boa capacidade de sobrevivência em combate, a um custo na faixa dos 300 milhões de dólares (se possível, um pouco menos do que isso).
Hoje, nesse patamar financeiro, existem alguns modelos bem conhecidos da Marinha do Brasil, como a classe sul-africana Valour Meko 200A, (que já esteve, ou está ainda, no imaginário dos chefes navais argentinos).
O navio de tecnologia alemã, de 107,3 m de comprimento e 3.700 toneladas de deslocamento, tem o seu custo estimado em 327 milhões de dólares.
Mas, não há dúvida, o fato de o grupo italiano Fincantieri ter um estaleiro em Pernambuco o deixa entre os favoritos para a competição brasileira.
http://www.naval.com.br/blog/2017/12/20 ... trangeiro/
Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval
Alguns dirão que a solução representa a perda da oportunidade de se prestigiar/impulsionar o setor de projetos de navios militares no país. E não estarão errados.
Outros vão lembrar: dificilmente um estaleiro estrangeiro fornecedor de embarcações de guerra de alta complexidade (e performance) transferirá à indústria naval brasileira os seus principais segredos construtivos. E, possivelmente, também não estarão dizendo bobagem.
Mas 2017 consolidou como marca da gestão do almirante de esquadra Eduardo Leal Ferreira à frente dos negócios da Marinha do Brasil (MB), o pragmatismo.
Se já será um parto arranjar 350 milhões de dólares para construir a corveta Tamandaré, de 2.790 toneladas, como contratar a reforma do porta-aviões São Paulo, de 50 anos atrás, por 1,6 bilhão?
Leal Ferreira desprogramou o navio.
Se a modernização do caça AF-1 (Skyhawk A-4KU) conduzida no país não significa mais do que operar de forma digital uma máquina de guerra antiquada, de comportamento analógico, porque insistir nesse projeto?
O Comandante da Marinha reduziu drasticamente a flotilha de caças Skyhawk – para 6 aeronaves –, transformando o Esquadrão Falcão, de aeronaves de interceptação e ataque, praticamente em uma unidade-escola.
E, nesse diapasão da praticidade, porque não aproveitar a oferta de um porta-helicópteros bom e barato, como o britânico HMS Ocean – recentemente oferecido ao Brasil –, para manter o elã de uma Aviação Naval despojada de seu navio-aeródromo? (Um barco que, ainda por cima, poderá liderar uma força naval expedicionária…)
Leal Ferreira está diligenciando no sentido de trazer o porta-helicópteros para o Brasil…
A questão de se aceitar um projeto estrangeiro para viabilizar o programa de quatro Corvetas Classe Tamandaré (CCT) não poderia fugir a esse ambiente de pragmatismo.
Consulta – Ainda no início desse ano, o Comandante da Marinha pediu a opinião de alguns oficiais do setor de Material de sua corporação, acerca da conveniência de a Força aceitar um projeto estrangeiro que, atendendo os requisitos básicos definidos pelo Centro de Projetos de Navios (CPN), pudesse ser aproveitado como paradigma da nova classe Tamandaré.
O que ele ouviu foi que os grandes fornecedores internacionais interessados em participar do projeto pressionavam para saber se poderiam apresentar um modelo próprio de embarcação, desvinculado do desenho feito pelo CPN.
Essas empresas alegavam, antes de tudo, que o valor unitário de 450 milhões de dólares para a Tamandaré produzida no Brasil (valor que circulou nos corredores da Marinha entre os anos de 2013 e 2016) parecia um claro exagero; e que o processo de fabricação da primeira CCT no Brasil seria forçosamente lento, devido ao completo despreparo da indústria naval brasileira para produzir um navio que, apesar de classificado como corveta, pode (e deve) ser considerado uma fragata multifunção de porte leve.
Em entrevista no início de agosto, o almirante Leal Ferreira reposicionou o custo de uma Tamandaré na faixa dos 350 milhões de dólares, mas os exemplos da disparidade de valores se mantêm impressionantes.
Os dinamarqueses, por exemplo, desenvolveram duas classes de fragatas de 6.000 toneladas (Absalom e Iver Huitfeldt) construídas a um custo unitário entre 270 e 330 milhões de dólares…
A China oferece uma fragata de 2.500 toneladas para Defesa Aérea e interdição de área marítima (derivada dos navios Tipo 053H3) por menos de 180 milhões de dólares.
E a indústria naval turca, que também se mostrou interessada no programa das CCT, oferece (ao governo de Ancara) sua corveta MILGEM classe Ada, de 2.400 toneladas, por não mais que 250 milhões de dólares.
Diante dessas circunstâncias, os oficiais solicitados a opinar sobre um incremento da participação estrangeira no programa dos navios Tamandaré não consideraram esse caminho ruim – desde que ele represente uma real economia para a MB.
Uma economia de dinheiro e de tempo, bem entendido.
Prazos – Deixar que o estaleiro vencedor da concorrência no programa das CCT forneça a primeira unidade totalmente construída no exterior, sob a assistência (atenta) de especialistas da MB, significa apressar a entrada em operação do primeiro navio – e, possivelmente, ter todos os barcos Tamandaré prontos e operacionais até o ano de 2029.
Em termos práticos, o que a MB quer saber é se algum desses estaleiros estrangeiros consegue oferecer uma embarcação de projeto atualizado, que privilegie as técnicas de furtividade, contemple dois sistemas de mísseis e boa capacidade de sobrevivência em combate, a um custo na faixa dos 300 milhões de dólares (se possível, um pouco menos do que isso).
Hoje, nesse patamar financeiro, existem alguns modelos bem conhecidos da Marinha do Brasil, como a classe sul-africana Valour Meko 200A, (que já esteve, ou está ainda, no imaginário dos chefes navais argentinos).
O navio de tecnologia alemã, de 107,3 m de comprimento e 3.700 toneladas de deslocamento, tem o seu custo estimado em 327 milhões de dólares.
Mas, não há dúvida, o fato de o grupo italiano Fincantieri ter um estaleiro em Pernambuco o deixa entre os favoritos para a competição brasileira.
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Eu não perco tempo com Roberto Lopes...
Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
Ilya Ehrenburg
Uma pena incansável e combatente, contra as hordas imperialistas, sanguinárias e assassinas!
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- Túlio
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Não sejas CHATO, Ilya, osIlya Ehrenburg escreveu:Eu não perco tempo com Roberto Lopes...






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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Também não gosto do estilo do Roberto Lopes. Mas não podemos deixar de lembrar que ele, apesar dos pesares, já deu vários furos sobre compras da MB (NDM Bahia e o Porta Helicópteros Ocean que o digam). Não duvido que a MB esteja pensando seriamente na hipótese de escolher um modelo estrangeiro.
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Até um relógio parado dá a hora exata duas vezes por dia, cupincha...
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Re: CV 3 - Terceiro projeto de corveta
Se a MB for partir para um projeto estrangeiro, que vá logo para um navio do porte de uma fragata.
Eu entendo a escolha pela corveta por ser um projeto nacional, a Tamandaré, descendente direto das Barroso e essas da Inhaúma.
Mas se for abandona-la e partir para um projeto estrangeiro, corvetas não fazem mais sentido.
Eu entendo a escolha pela corveta por ser um projeto nacional, a Tamandaré, descendente direto das Barroso e essas da Inhaúma.
Mas se for abandona-la e partir para um projeto estrangeiro, corvetas não fazem mais sentido.
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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