Meus prezados
Desaparecimento do submarino ARA San Juan/Análise
Posted by Gérsio Mutti
“Recebi de um amigo, e-mail retransmitido com origem o Capitão de Mar e Guerra (RRM), Gilson Antônio Victorino da Silva, submarinista da Marinha do Brasil (MB).
Segue relato do CMG Gilson Vitorino, na condição de uma possibilidade bastante factível para análise sobre o que pode de fato ter acontecido com o submarino ARA San Juan.”
Diante mão, a situação é dramática.
Segue relato de e-mail:
“ARA San Juan (*)
22/11/2017 06:39:13:
Gilson Victorino:
Vi o JN sobre o ARA San Juan (**)
Sou submarinista.
O Comandante do Timbira (***) falou em tese, preservando informação que é tratada como preciosa. Duas semanas são possíveis quando operando com instalações íntegras, sistema de ventilação funcionando e revitalização de ar sendo executada tão logo se inicie uma imersão que se sabe será longa. Esta revitalização, por óbvio não ocorreu.
Depois, se afundou foi porque houve alagamento de compartimento(s) o que reduz o espaço de ar. O que o submarino tem a bordo é ar mesmo, oxigênio é disponibilizado na revitalização. Não há estoque de oxigênio para respirar. Respira-se o ar ambiente ou através de máscaras de emergência ligada às ampolas de ar do navio, que são restritas aos tripulantes em postos chaves de manobra. Esse ar das ampolas serve para tudo, inclusive para ar aos lastros para retornar à superfície, que deve ter sido grandemente utilizado. Se não foi utilizado é porque o dano foi imenso e não restou ninguém.
Havendo alagamento, e redução de espaços de ar por isso, há aumento de pressão do ar remanescente, o que provoca efeitos danosos nos efeitos do gás carbônico, fenômeno ligado à pressão parcial dos gases. Normalmente, 3% de CO 2 é o limite tolerável em pressão de 1 atmosfera (ambiente). Os mesmos 3% sob pressão de 2 atmosferas, faz o efeito nocivo do gás carbônico ser sentido como de 6%. Mortal
A revitalização, normalmente, eleva a pressão dentro do submarino, devagarzinho. O procedimento para baixar a pressão é fazer funcionar os compressores de ar de alta pressão, fazendo o excesso de ar ser bombeado para as ampolas. Um submarino afundado e sem energia, ou com ela escassa, não pode virar os compressores, portanto. De jeito nenhum um submarino convencional afundado por avaria, então, terá 2 semanas de condições de sobrevivência. O Comandante do Timbira foi humanitário. Ele sabe que atingimos a marca crítica para salvamento.
Coisas piores podem acontecer, como esmagamento, se o afundamento foi em cota de 1000 metros, ou emborcamento, se, numa vinda à superfície em emergência, uma onda grande, como as reinantes, tenha atingido o sub de traves. Na imersão e no retorno à superfície, na transição bem perto da superfície há um momento em que o centro de gravidade e centro de empuxo coincidem, legando braço de endireitamento ZERO, equilíbrio de estabilidade absolutamente indiferente
O mar lá está, grosso e a primeira coisa de se fazer em uma avaria grave submerso e dar ordem de AR AOS LASTROS, subindo vertiginosamente à superfície, sem maiores cuidados com a direção do mar. Emborcando, há vazamento do eletrólito das baterias, solução de ÁCIDO SULFÚRICO. Chuva de ácido em grande parte dos compartimentos habitáveis! Imagina! Sem eletrólito, perda de capacidade da bateria.
Pareço cavaleiro do apocalipse, nas essa é a situação a ser analisada. Por fim, passada uma semana. SÓ MILAGRE! Estão nas mãos de Deus.”
(*)ARA San Juan S 42 (
https://pt.wikipedia.org/wiki/ARA_San_Juan_(S-42) );
Fonte: site Plano Brasil 22 nov 2017