Racismo em português

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cabeça de martelo
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Re: Racismo em português

#16 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Jul 02, 2016 1:59 pm

LeandroGCard escreveu:
Túlio escreveu:Sei lá eu qual a tua ascendência ( :twisted: Cardoso deve ser VIKING! :twisted: ), Leandro véio, mas a minha é 100% tuga (tenho inclusive direito a dupla cidadania, por meu Avô Aveirense) e não dispenso uma boa mulata ou mesmo uma crioulinha ("de vez em quando, pra tirar o azar", como dizemos aqui no Sul) jeitosa. Loira aqui tem sobrando mesmo, acaba-se ficando meio que enfarado de tanta carne branca no mercado... :lol: :lol: :lol: :lol:
Sou descendente de portugueses também, com uma inserção de bérbere no meio. E não ligo para a cor da gaja, só para a formosura.

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Em relação à cor de pele (a tua), há Portugueses com tons de cor para todos os gostos... eu sou branquelas, o meu pai ainda pior, para além de ser loiro.




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

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Re: Racismo em português

#17 Mensagem por Bourne » Sáb Jul 02, 2016 2:21 pm

Isso é uma forma de manifestação do racismo pelo sexo, especialmente quando se manifesta apenas como prazer.

O ponto que supera o racismo é a capacidade de trazer e inserir a parceira para o convívio social considerado branco. E, ao mesmo tempo, passar a conviver e se integrar com o ambiente familiar dela. Isso válido para o casal em geral.

Os problema de inserção e interação foram e são frequentes no Brasil. Por exemplo, o convívio e interação entre colônias de polacos (sim, polacos), ucranianos, alemães, italianos e portugueses em várias regiões se cidades. Eles conviviam desde idos do século XIX, mas começaram a formar casais, terem filhos e interagiram no século XX. Na medida em que a sociedade se modernizou, urbanizou e integrou passou a ser comum no pós-1945. Assim, a diferença de sobrenome e hábitos passou a ser marginal.

A segregação hoje acontece orientais (japoneses, chineses e coreanos)podem se relacionar com outros, mas existe uma pressão familiar implícita de se casar e reproduzir com orientais. Isso do japonês da feira de frutas até o ultra-mega doutor. Isso está sendo rompido aos poucos na medida em que aumenta a integração e interação, mas ainda é comum. Os migrantes recente do oriente médio e muçulmanos a tendência é muito forte para que se mantenham isolados.




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Re: Racismo em português

#18 Mensagem por LeandroGCard » Sáb Jul 02, 2016 4:00 pm

Bourne escreveu:Isso é uma forma de manifestação do racismo pelo sexo, especialmente quando se manifesta apenas como prazer.

O ponto que supera o racismo é a capacidade de trazer e inserir a parceira para o convívio social considerado branco. E, ao mesmo tempo, passar a conviver e se integrar com o ambiente familiar dela. Isso válido para o casal em geral.
O problema à época da colonização brasileira era mais profundo. Não havia como trazer as mulheres ao convívio social branco (entendamos como à civilização europeia tradicional), simplesmente porque ela não existia aqui na terra-brasilis.

A cultura dos portugueses em sua terra nativa se caracterizava por coisas como uma alimentação de base mediterrânea que incluía generosas doses de trigo, azeite, vinho carnes de animais de criação (galinhas, porcos, muito pouca carne de boi), derivados do leite produzido por gado leiteiro e frutas típicas europeias, pelo uso de roupas pesadas e quentes, por atividades manufatureiras como a fabricação de roupas, utensílios domésticos e a construção de móveis e casas de pedra e reboco com pisos de azulejo e teto de telhas de barro cozido, pelo cuidado com as plantações de trigo, oliveiras e videiras e etc... . Era desta forma que os portugueses percebiam a vida normal e a civilização.

Mas nada disso existia no Brasil, por séculos, desde 1500 até praticamente a vinda da família real portuguesa depois de 1800. Os portugueses que vinham para cá tinham que se alimentar de mandioca, frutas silvestres e carne de caça ou carne-seca de bois estranhos criados nos campos do interior (por bastante tempo foi proibido criar gado no Brasil perto do litoral), ao invés de vinho tomavam cachaça, moravam em cabanas de pau-à-pique ou na melhor das hipóteses de tábuas, e trabalhavam feitoreando escravos em enormes plantações extensivas de cana ou fumo, cuidando de gado de corte ou na exploração de recursos naturais (pau-brasil, ouro e etc...). No máximo mantinham pequenos comércios (qualquer manufatura também era proibida, mesmo de coisas básicas como pregos e talheres). Apenas os muito abastados podiam construir casas de pedra ou alvenaria com os confortos mínimos para manter uma mulher branca, das poucas que se atreviam a sair de Portugal e vir para o inferno verde tropical enfrentar seu calor insuportável (ainda mais com as roupas de época, que as pias católicas portuguesas demoraram a abandonar), sua umidade, seus insetos, suas doenças e a falta de quase tudo o que estavam acostumadas. Nem mesmo a língua que falavam era a sua, até a vinda da família real o idioma franco no Brasil era o tupi-guarani, o português só era falado pelos poucos imigrantes da terrinha entre si.

Nestas condições, como é que a maioria dos imigrantes poderia sequer sonhar em trazer suas escravas emancipadas e mucamas à condição equivalente a das mulheres brancas da sociedade portuguesa? Se nem estas viviam mais como em sua terra? Não era uma questão de opção por racismo ou qualquer outro motivo, apenas não havia outro jeito. Era se juntar às mulheres locais disponíveis e tentar viver da melhor forma que fosse possível (daí sequer a língua portuguesa ter se disseminado mesmo após 300 anos), ou ficar só.

Não é possível comparar com o que acontecia nas colônias em latitudes mais frias, onde os colonizadores traziam suas famílias, suas ferramentas, seus animais, suas sementes e suas tradições, e reproduziam imediatamente o seu modo de vida tradicional.


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Re: Racismo em português

#19 Mensagem por Bourne » Sáb Jul 02, 2016 8:17 pm

Mas o Brasil é extremamente recente. O povo brasileiro se formou entre a guerra do Paraguai e a segunda guerra mundial. O Brasil e a maioria das regiões vão ser explicadas pelo que aconteceu nesse período. Em que ocorreram migrações internas, especialmente do nordeste para norte/sudeste e Sul para sudeste/centro-oeste. Só se consolidou no pós-1945 quando o país passou a se integrar.

Não adianta falar do português do começo do século XIX, quando quem teve o impacto é quem chegou depois. Inclusive a maioria dos descendentes de portugueses chegou depois quando o brasil era independente, trazendo uma cultura diferente dos "portugueses nativos do Br huehue". Quando o brasil se tornou independe teve impacto gigantesco na cultura local e ocupação.

Além disso, regiões tradicionais do nordeste e rio de janeiro tiveram forte influencia judia, holandesa, francesa e islâmica. Por exemplo, no nordeste, especialmente pernambuco, existe uma legião de descendente de judeus, holandeses e francesas. A maioria não deve saber que tem essa origem na medida em que foram incorporados na cultura local. Ou melhor foram os fundadores da cultura local que aparece hoje como nordestina. Aqueles nordestinos loirinhos e de olhos claros não saíram do nada. Por que lá século XVIII, o nordeste era o polo de atração de colonos europeus para produzir bens para exportação de bens agrícolas como alternativa ao sul dos EUA, sendo de ocupação em que se trazia as famílias. Na época o nordeste era um ótimo lugar para construir uma nova vida e tinha muito dinheiro em circulação. Algo me faz intuir que os "cabra-macho e valentia" nordestina tem a ver com algum traço cultural ou genético dos europeus. Os holandeses são os hooligans mais briguentos da europa até hoje.

Pega os EUA e não é tão diferente. O que aconteceu entre a guerra civil e segunda guerra mundial mudou a formação e comportamento dos EUA. A diferença entre os estados e regiões quando se compara o modelo de ocupação, migrações e interação social. A Califórnia ser mais liberal política e o Texas conservador não é por acaso.

O mesmo acontece quando compara um estado tradicional e antigo como Rio Grande do Sul em relação ao estado de ocupação recente e rico que é mato grosso ou mato grosso do sul. Pode fazer comparação entre regiões menores. As diferenças são brutais.




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Re: Racismo em português

#20 Mensagem por LeandroGCard » Dom Jul 03, 2016 3:31 pm

Bourne escreveu:Mas o Brasil é extremamente recente. O povo brasileiro se formou entre a guerra do Paraguai e a segunda guerra mundial. O Brasil e a maioria das regiões vão ser explicadas pelo que aconteceu nesse período. Em que ocorreram migrações internas, especialmente do nordeste para norte/sudeste e Sul para sudeste/centro-oeste. Só se consolidou no pós-1945 quando o país passou a se integrar.

Não adianta falar do português do começo do século XIX, quando quem teve o impacto é quem chegou depois. Inclusive a maioria dos descendentes de portugueses chegou depois quando o brasil era independente, trazendo uma cultura diferente dos "portugueses nativos do Br huehue". Quando o brasil se tornou independe teve impacto gigantesco na cultura local e ocupação.

Além disso, regiões tradicionais do nordeste e rio de janeiro tiveram forte influencia judia, holandesa, francesa e islâmica. Por exemplo, no nordeste, especialmente pernambuco, existe uma legião de descendente de judeus, holandeses e francesas. A maioria não deve saber que tem essa origem na medida em que foram incorporados na cultura local. Ou melhor foram os fundadores da cultura local que aparece hoje como nordestina. Aqueles nordestinos loirinhos e de olhos claros não saíram do nada. Por que lá século XVIII, o nordeste era o polo de atração de colonos europeus para produzir bens para exportação de bens agrícolas como alternativa ao sul dos EUA, sendo de ocupação em que se trazia as famílias. Na época o nordeste era um ótimo lugar para construir uma nova vida e tinha muito dinheiro em circulação. Algo me faz intuir que os "cabra-macho e valentia" nordestina tem a ver com algum traço cultural ou genético dos europeus. Os holandeses são os hooligans mais briguentos da europa até hoje.

Pega os EUA e não é tão diferente. O que aconteceu entre a guerra civil e segunda guerra mundial mudou a formação e comportamento dos EUA. A diferença entre os estados e regiões quando se compara o modelo de ocupação, migrações e interação social. A Califórnia ser mais liberal política e o Texas conservador não é por acaso.

O mesmo acontece quando compara um estado tradicional e antigo como Rio Grande do Sul em relação ao estado de ocupação recente e rico que é mato grosso ou mato grosso do sul. Pode fazer comparação entre regiões menores. As diferenças são brutais.
Mas estávamos discutindo justamente a situação dos portugueses imigrantes, que chegaram aqui à partir de 1500 e junto com os índios e negros (ou mais propriamente das índias e negras :wink: ) formaram boa parte do que é a base étnica/cultural brasileira, que depois recebeu estas outras influências todas, inclusive dos portugueses que vieram mais recentemente.

Mas aí já é outra história, não estaríamos mais discutindo o tema do tópico.


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Re: Racismo em português

#21 Mensagem por cassiosemasas » Seg Jul 04, 2016 7:34 am

LeandroGCard escreveu:
Bourne escreveu:Mas o Brasil é extremamente recente. O povo brasileiro se formou entre a guerra do Paraguai e a segunda guerra mundial. O Brasil e a maioria das regiões vão ser explicadas pelo que aconteceu nesse período. Em que ocorreram migrações internas, especialmente do nordeste para norte/sudeste e Sul para sudeste/centro-oeste. Só se consolidou no pós-1945 quando o país passou a se integrar.

Não adianta falar do português do começo do século XIX, quando quem teve o impacto é quem chegou depois. Inclusive a maioria dos descendentes de portugueses chegou depois quando o brasil era independente, trazendo uma cultura diferente dos "portugueses nativos do Br huehue". Quando o brasil se tornou independe teve impacto gigantesco na cultura local e ocupação.

Além disso, regiões tradicionais do nordeste e rio de janeiro tiveram forte influencia judia, holandesa, francesa e islâmica. Por exemplo, no nordeste, especialmente pernambuco, existe uma legião de descendente de judeus, holandeses e francesas. A maioria não deve saber que tem essa origem na medida em que foram incorporados na cultura local. Ou melhor foram os fundadores da cultura local que aparece hoje como nordestina. Aqueles nordestinos loirinhos e de olhos claros não saíram do nada. Por que lá século XVIII, o nordeste era o polo de atração de colonos europeus para produzir bens para exportação de bens agrícolas como alternativa ao sul dos EUA, sendo de ocupação em que se trazia as famílias. Na época o nordeste era um ótimo lugar para construir uma nova vida e tinha muito dinheiro em circulação. Algo me faz intuir que os "cabra-macho e valentia" nordestina tem a ver com algum traço cultural ou genético dos europeus. Os holandeses são os hooligans mais briguentos da europa até hoje.

Pega os EUA e não é tão diferente. O que aconteceu entre a guerra civil e segunda guerra mundial mudou a formação e comportamento dos EUA. A diferença entre os estados e regiões quando se compara o modelo de ocupação, migrações e interação social. A Califórnia ser mais liberal política e o Texas conservador não é por acaso.

O mesmo acontece quando compara um estado tradicional e antigo como Rio Grande do Sul em relação ao estado de ocupação recente e rico que é mato grosso ou mato grosso do sul. Pode fazer comparação entre regiões menores. As diferenças são brutais.
Mas estávamos discutindo justamente a situação dos portugueses imigrantes, que chegaram aqui à partir de 1500 e junto com os índios e negros (ou mais propriamente das índias e negras :wink: ) formaram boa parte do que é a base étnica/cultural brasileira, que depois recebeu estas outras influências todas, inclusive dos portugueses que vieram mais recentemente.

Mas aí já é outra história, não estaríamos mais discutindo o tema do tópico.


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Só posso dizer que o tópico esta bom por demais, tenho eu cá as minhas ressalvas, tanto quanto aos argumentos do Bourne quanto aos do Leandro, porém são ressalvas que não valem a pena serem expostas.
Pois como já salientou o Leandro, fugiríamos do foco do tópico.

Mas falando do racismo na cultura brasileira, temos exemplos claro disso, basta buscar musicas(isso para ficarmos em uma manifestação só) da cultura popular, para ser mais exato algumas marchinhas do século XX(isso quando o carnaval , já era carnaval, mas antes de ser carnaval, quando ainda era chamado de entrudo, o racismo era muito mais vigente, o que era natural para a época.), e se pesquisar com vontade, perceberas o racismo, um pouco disfarçado, medroso e sem graça até hoje.




...
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Re: Racismo em português

#22 Mensagem por P44 » Seg Jul 04, 2016 7:55 am

cabeça de martelo escreveu:
LeandroGCard escreveu:Sou descendente de portugueses também, com uma inserção de bérbere no meio. E não ligo para a cor da gaja, só para a formosura.

Leandro G. Card
Falaste como um verdadeiro Luso-descendente, bravo! :mrgreen:

Em relação à cor de pele (a tua), há Portugueses com tons de cor para todos os gostos... eu sou branquelas, o meu pai ainda pior, para além de ser loiro.
com que então...boche!!!! :twisted:




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Re: Racismo em português

#23 Mensagem por P44 » Seg Jul 04, 2016 5:27 pm

Este artigo é escrito por um "patrício" angolano de nome Isomar Pedro Gomes. Diria mais, de um Benguelense a residir nesta cidade e com excelentes artigos, que merecem ser acompanhados no FACEBOOK. Trago-vos aqui o texto e vejam a coragem dele, por ter publicado isto em Angola.
DEUS É BRANCO?
por Isomar Pedro Gomes – África
"Há dias, a caminho do Hojy-yá-Henda, a bordo (como habitual) de um dos machimbombos da TCUL Viana vila - Cuca, um dos vários azulinhos, os nossos emblemáticos táxis colectivos, que 'palmilham' as nossas estradas (privilegio este meio de transporte por ser o mais barato e acessível aos pobres para rotas longas, mau grado a 'sardinhada e a catingada'), chamou a atenção do público, exibindo no seu 'traseiro' o seguinte dístico; DEUS É BRANCO, MULATO É ANJO, PRETO É DIABO.
Tal dístico, é obvio, levantou as mais diversas celeumas entre os passageiros do machimbombo e creio entre todos os 'observadores' e transeuntes por onde o dito azulinho (mini mbombó) 'rasgava' o seu 'popó-show'.
Raciocinei com os meus botões e os meus botões comigo, as causas que levaram o proprietário do 'popó' ou do 'chauffeur de praça' a mencionar e exibir tal 'desgraçado ou ditoso (?!)' rótulo. Na busca mental das 'causas', não pude deixar de comparar o modo de vida de hoje e o da administração colonial, quando o País, e a grossa maioria dos países do continente Africano, era administrado por indivíduos maioritariamente de raça branca, provenientes da Europa, "os tais
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colonos" : poderia África então ser comparada a um paraíso? Há quem diga que sim, e eu não discordo dele!
"Colonialismo caiu na lama!" Lembram-se deste célebre estribilho 1974-1977
A JÓIA COLONIAL
Angola era mundialmente conhecida como a Jóia do império Português e exibia, majestosa, todos os pergaminhos de tal título; o Quénia era, a par da África do Sul, a jóia africana do império Britânico, a Argélia a jóia africana do império Francês e o antigo Congo-Belga a jóia do mini- império Belga.
Tais países Africanos - no contexto do outrora - prosperavam a olhos vistos (a maioria deles encontravam-se ainda na idade da pedra), as respectivas comunidades autóctones idem em aspas, os índices de desenvolvimento humano dos autóctones inegavelmente estavam lenta e seguramente subindo, as obras dos colonialistas ainda perduram pela África adentro.
Verdade seja dita, o esclavagismo e as guerras de "kwata-kwata" fizeram irremediáveis estragos em África. Mas também não é menos verdade, que a falta de unidade, ambição, irresponsável individualismo e a sempre necessidade de estúpida e insanamente guerrearem e fazerem verter sangue (entre nós Africanos) - tornaram bem-vinda "a pax romana", isto é, a paz promulgada a força do chicote e da bala pelos Europeus.
As então gerações de jovens africanos instruídos (pelas respectivas franjas ou instituições da administração colonial), organizaram-se politicamente e fizeram soar a acusação de que os Europeus estavam a sugar as riquezas do solo pátrio em benefício exclusivo das nações colonizadoras, desconsiderando totalmente os interesses dos nativos e
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das colónias, transformando os autóctones em miseráveis na sua própria terra; "eles vieram com a Bíblia, nós tínhamos as terras, no fim eles ficaram com as terras e nós com a Bíblia" disse Robert Mugabe, nacionalista e guia da libertação do Zimbabwe. Organizaram-se contra o invasor: protestos, revoltas, guerras, chacinas ; a história regista que o movimento e actuação dos 'mau-mau', liderado pelo indomável Jomo Keniata, foi um dos mais cruéis de África e o que chamou a atenção da comunidade internacional, para a necessidade da urgente descolonização de África. Claro a violência gera violência, os resultados hoje fazem parte da história.
A resposta colonial à violência nacionalista africana, sempre foi comedida: por exemplo, se a força policial Portuguesa no 4 de Fevereiro e posteriormente no 12 de Março de 1961, respondesse com o mesmo demonismo com que o MPLA 'respondeu' ao chamado Fraccionismo do 27 de Maio 1977, muitos dos actuais dirigentes não existiriam, e provavelmente durante muito tempo não haveria movimentos de libertação.
O ÊXODO
Passado cerca de meio século, em que a maioria dos países Africanos 'arrancaram' na ponta da espingarda a independência das potências colonizadoras (seguindo a lição do camarada Mao Tsé-Tung) - se fizermos o balanço de quais foram os ganhos que os respectivos países e povos obtiveram, poucos são os Países Africanos que diremos, saíram indiscutivelmente a ganhar.
"Quando é que a independência afinal vai acabar?" - Indagou desesperado/desapontado um septuagenário angolano nos idos anos 78-80, fatigadérrimo da guerra estúpida, de tanta crueldade e injustiça praticada pelos seus patrícios (do regime e da oposição), denominados de nacionalistas de primeira água.
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Poderia África ser hoje comparada ao Inferno ou ao Purgatório? Qualquer um deles serve; Paraíso- NUNCA. Pouquíssimos países Africanos (menos do que os dedos de uma mão) podem aproximar-se de tal eleição.
"HOJE até a Bíblia nos tiraram, e as terras continuam a não pertencer ao povo" - sintetizou Morgan Tchavingirai, descrevendo a desgraçada e extrema penúria do povo zimbabweano, respondendo ao guia imortal ainda vivo, que diz ter ressuscitado mais vezes que o próprio Jesus Cristo. Zimbabwe que, no período citado por Bob Mugabe, era o celeiro de África, o povo era detentor de um dos mais elevados IDH do continente.
Por exemplo, em Angola, quando por vezes, nas datas históricas, oiço e vejo pela TV indivíduos a mencionarem o que o 'colono nos fazia', sinceramente não sei se, choro de raiva ou se me mato de 'risada' ; "porque o que o colono fazia... blá-blá-blá", dizem eles - hoje faz-se o pior. O colono, se fez, quase que o desculpo: é ou foi colono, é branco, não é meu irmão de raça, etc. ; agora quando o meu irmão Angolano, preto como eu, ex-companheiro da miséria e das ruas da amargura, faz o que viva e denodadamente repudiávamos do colono - esta ultima acção dói muitíssimo mais do que a acção anterior, dilacera e mutila impiedosamente a alma.
Por isso, logo após as independências Africanas, e depois do êxodo dos brancos a abandonarem África, verificou-se um segundo êxodo: seguindo os outrora colonos, milhões de Africanos abandonaram a África, com angústia na alma e os olhos arrebitados de descrença, a maioria arriscando literalmente as suas vidas (o filme continua até aos nossos dias) - porque chegaram a conclusão que afinal não é verdade o que apregoa o político Africano; "eles prometeram-nos o paraíso e
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dão-nos o inferno a dobrar", disse um jovem africano em Lisboa nos anos 78-80 num programa da RTP.
Há mais africanos hoje na Europa do que Europeus em África! Porquê?
A JUSTIÇA EUROPEIA
Os Europeus, muitos deles depois de chacinados em África pelas revoltas africanas, de regresso aos respectivos países, embora destroçados de dor e amargura - receberam de braços abertos muitos dos antigos carrascos, dando-lhes um lar e emprego decente, e uma vida digna, que jamais tiveram nos países de origem; Paz e sossego duradouro.
O contrário era possível? Ainda hoje, 37 anos depois do fim da colonização, para justificar a Pobreza e outros pesares que "estamos com ele", os dirigentes Angolanos (por exemplo) ainda se desculpam com a presença colonial Portuguesa em Angola - eles não são, nunca serão culpados, mas o colono (37 anos depois) SIM, estou seguro que, quando Angola festejar o 50o aniversário, os dirigentes Angolanos ainda estarão a rogar pragas ao colono Português.
HOJE, em muitos países africanos, ouvimos falar de relatos arrepiantes de governação de 'preto-para-preto' : incompetência criminosa, bajulação estúpida como doutrina, ganância e egoísmo exacerbado (primeiro eu - sempre), mentira como regra, assassinatos indiscriminados, prisões em massa, inexistência de liberdade de expressão, até gritar "estou com fome" é crime passível de perder a vida.
Kamulingue e Kassule são a prova viva do facto: vida miserável, falta de empregos, corrupção endémica, justiça injusta e totalmente parcial, cadeias (horrorosamente infernais) a abarrotar de jovens provenientes
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das classes desfavorecidas, hospitais que mais parecem hospícios, escolas que mais parecem pocilgas etc. etc.
O paradoxo é, se HOJE em África usufruímos de um bocadinho de liberdade com sabor a vida, é precisamente graças aos Europeus; isto é, aos brancos, que desenvolveram uma nova ordem de conduta internacional e instituições internacionais que vigiam sobre o globo, incluindo, obviamente, África.
As sanções internacionais e outras medidas de contenção pairam sobre os dirigentes Africanos; e então, estes por sua vez, fingem praticar a democracia - não porque eles gostem da democracia, mas porque temem o "deus branco e o seu braço punitivo". Porque se dependêssemos totalmente dos governos de "preto-para-preto" - seguramente, na vasta maioria dos países Africanos, não seria possível viver.
O protótipo Africano da UE (União Europeia), a chamada UA (União Africana), é uma mentira descabida : é uma instituição falida, decrépita, débil e 'estaladiça' (como a bolacha 'chinesa' de água e sal), que ninguém leva a sério, houve até quem propusesse a designação - DUA : DesUnião Africana ; uns poucos países africanos esforçam-se por dar credibilidade à UA e ao continente - por exemplo, quando teremos um Tribunal Internacional Africano? Se os tribunais da maioria dos Países membros é do "faz de conta", os Africanos instituíram também uma espécie risível de Parlamento Africano: que acções práticas esse tal PA já desenvolveu em beneficio dos Africanos? A UA é um club de "compadres", ditadores velhacos, egoístas que sonham com Paris, Londres, Estocolmo etc.; ao mesmo tempo que transformam os respectivos países em autênticos 'buracos negros'. As independências em África foram 'feitas' para algumas centenas de
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indivíduos africanos - em detrimento de centenas de milhões, cada vez mais miseráveis.
Nunca a Europa 'recebeu' tanta riqueza de África como após a chamada "independência dos Países Africanos"; os novos-ricos africanos apressam-se a 'esconder' na Europa os produtos da sua criminosa delapidação, para gáudio dos Europeus - contrariando aquilo que eles próprios evocaram e prescreveram na convocação para a luta de libertação nacional.
"Eu ir a Portugal algum dia?.. NUNCA!.. Nem morto!" – disse em 1980, na idade de ouro do partido único, erguendo o punho direito bem alto em sinal de sacro-juramento, em pleno comício em Benguela, um dos então carismáticos dirigentes da "Revolução Angolana", cujo nome prescindo de citar ; hoje ele próprio, não só é frequentador assíduo e brioso de Portugal e "empresário português", como também é o orgulhoso presidente de uma agremiação desportiva portuguesa em Angola.
Quase meio século depois, podemos dizer que o IDH dos povos africanos subiu ou regrediu? Somos melhores tratados hoje pelos nossos irmãos dirigentes? Os ideais que nortearam a luta de libertação colonial ainda estão vivos e recomendam-se? Muitos dos nossos jovens usam orgulhosamente tecnologia de ponta, os ipod, 'aichatissa' e 'aipad' fazem a banga da juventude; mas o meio que os rodeia é nauseabundo e desolador. O Stress agudo e o AVC matam tanto quanto a malária.
FILANTROPOS DA HUMANIDADE
A mais recente iniciativa de alguns dos milionários do planeta, comoveu muita gente. Há algum Africano entre os homens que protagonizaram tal feliz iniciativa? Todos eles (os citados filantropos) são homens que dedicaram a maior parte da sua vida à produção de riqueza - não a
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'tiraram' de algum saco azul, nem tão pouco delapidaram o erário público nacional; mas sentiram-se na necessidade de "repartir com o necessitado" de todo o mundo.
Ontem, os milionários Africanos orgulhavam-se de 'aparecer' na revista Forbes e congéneres; hoje, face à iniciativa acima mencionada, publicam como que envergonhados que "não somos milionários", alguns chegam ao ponto de dizer que, o que têm, é produto do salário. ÁFRICA DO SUL
Quando vivi na África do Sul, tinha um medo atroz e justificado da polícia Sul-africana, principalmente dos pretos. A maioria do polícia Sul- africano preto chega a ser muito mais impiedoso e selvático que o mais impiedoso policia Sul-Africano branco. O polícia preto (na sua maioria) é absolutamente xenófobo, perverso, contra a lei, corrupto e desalmado. Fiquei arrepiado com as imagens da actuação da polícia Sul-Africana em Dobsonville (será esta a cidade?!) que vitimou o jovem moçambicano Mido Macia, na flor da sua juventude (27 anos). Imagens próprias de uma 'cena' do Faroeste no século XIX ou da era do Drácula no país da Draculândia.
O policia branco, estou certo não faria tal coisa; e muito menos os tais policiais pretos fariam isso, se Mido Macia fosse branco.
A xenofobia na África do Sul, é extremamente incentivada e alimentada pela polícia Sul-africana e é planificada nas esquadras de polícia; um dia hei-de descrever as minhas experiências com a corporação policial daquele País, que apesar dos pesares amo muito sinceramente. Fizeram, certamente, Nelson Mandela, o único Preto que chegou aos patamares dos 'deuses', banhar-se em lágrimas.
AFINAL QUEM CAIU NA LAMA?
Há, em algum país da Europa, o esgoto a céu aberto, a amálgama descriminada, promíscua, suja e podre de 'bairros' que vimos e vemos
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principalmente nas periferias das capitais Africanas (quase todas elas, principalmente dos chamados “País Especiais”)?
Os dirigentes Africanos nem conseguem combater eficazmente o mosquito, causa do paludismo e malária que, há meio século, diariamente dizima milhares de almas (principalmente crianças) pelo continente adentro, as doenças diarreicas (produto da falta de sanidade básica) fazem de igual modo uma 'ceifa' aterradora. Doenças que o colono quase já tinha debelado, como a mosca do sono, ameaçam 'engolir' povos inteiros.
Tudo isso acontece perante a pecaminosa insensibilidade de um grupinho de "iluminados africanos" (abençoados pelas igrejas), que preferem gastar milhões de Euros comprando castelos na Europa e em orgias depravadas (preferem dar de comer aos cães) - do que ajudar os seus irmãos, que não lhes pedem mais do que apenas BOA GOVERNAÇÃO, gerirem o erário público para o bem de TODOS e da nação.
E há quem tem ainda o desplante de vir a público protagonizar uma perversa peça teatral, choramingando "O colono blá-blá-blá"...
Quanto ao anjo, prefiro não comentar. Deus é Branco? Até posso aceitar; porém, de uma coisa estou certo: preto é que não é, de certeza ABSOLUTA !"




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Re: Racismo em português

#24 Mensagem por joaolx » Seg Jul 04, 2016 6:47 pm

Excelente texto P44




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Re: Racismo em português

#25 Mensagem por P44 » Seg Jul 04, 2016 7:27 pm

joaolx escreveu:Excelente texto P44

:wink:




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Re: Racismo em português

#26 Mensagem por Viktor Reznov » Seg Jul 04, 2016 7:56 pm

Bourne escreveu:
cabeça de martelo escreveu:Ainda estão vivos Brasileiros que viveram sob administração Portuguesa? Acho que não...
Não sei se o Sarney concorda. É capaz dele estar no governo desde Dom João VI. Ai pode explicar como ele ganhou o Maranhão e transformou na sua própria capitania hereditária.
Cara, o Sarney presenciou Caim matando Abel.




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Re: Racismo em português

#27 Mensagem por Wingate » Seg Jul 04, 2016 8:59 pm

Viktor Reznov escreveu:
Bourne escreveu: Não sei se o Sarney concorda. É capaz dele estar no governo desde Dom João VI. Ai pode explicar como ele ganhou o Maranhão e transformou na sua própria capitania hereditária.
Cara, o Sarney presenciou Caim matando Abel.
Só presenciou? Foi ele quem financiou o churrasco (para angariar fundos para construção da futura Arca da Noebrás) aquele que acabou resultando na morte do coitado.

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