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Mensagem
por FCarvalho » Seg Jun 29, 2015 1:13 pm
Me parece, posso estar absolutamente errado, é que está havendo um embate entre concepções dentro do EB quanto ao que deverá ser, efetivamente, a nova bgda cav mec. Isto claro, é um problema mais que doutrinal. É de acepção e uso de termos e organização que o EB demanda hoje em suas bgdas mtz.
Agora, o que me chama a atenção, é que utilizamos há mais de 30 anos veículos tipo VBTP/VBR, no caso os Urutu e Cascavel e, aparentemente, não há nada no EB que possa nos indicar, tanto do ponto de vista da doutrina, como de concepção, o que seja ou como seja uma organização militar mecanizada, ao ponto de recorrermos a exemplos exógenos para tentar entender e, talvez até, copilar seus conceitos, no caso das bgdas Stryker americanas.
Então ficam algumas questões que faço: não aprendemos nada com o uso dos Urutu/Cascavel nos RCM que possa nos indicar respostas "feitas em casa" a fim de nos referenciar sobre o assunto bgda mec? O que essencialmente muda em termos de missão, e sua execução(modus operantis), no que compete à mudança de tração dos veículos da bgda mtz para a mec?
No que compete a organização das bgda mec de cavalaria, em tese, o veículo ser 6x6 ou 8x8 pouco importa; mas é necessário considerar o impacto que a mecanização como um todo tende a influir no modo como a bda realiza, ou não, a sua missão, e os impactos que isso pode trazer para o nível de decisão superior. Neste sentido, a atual organização das bgda mtz, com 3 RCM e 1 RCB, tendo em vista o que se espera dela, me parece ser uma organização conveniente; se olharmos de perto o nosso TO, ela se ajusta bem para a maior parte dele, de forma que tal organização seria suficientemente forte, e equilibrada, para obter os objetivos descritos nos seus manuais de orientação. Isto claro, desde que dotada integralmente com todos os meios que lhe fazem jus. O que não é bem a nossa realidade, diga-se de passagem.
Já li alguns trabalhos de oficiais de cav onde o RCB seria substituido por um BtlInfMec. E o Túlio nos trouxe agora indicativos de trabalhos que quetionam a existencia do RCB tal como ele está agora nas futuras bgdas mec. Bem, é um assunto com certeza muito complexo, e para dizer a verdade, muito mais complicado de se arguir, justamente, me parece, por nossa total falta de referenciais internos sobre a questão mecanização de forças de cavalaria. E na falta de um ponto de partida interno, discutir os meios, sem antes compreender seus conceitos e usos, fica realmente mais difícil de se chegar a um ponto de consenso. Pode ser este talvez o centro das discussões dentro do EB.
A meu ver, como já disse várias vezes aqui, com a atual organização das OM's de cavalaria do EB, sejam mtz, mec ou bldas, temos opções e necessidades de usos e atribuições que modelos tanto 6x6 como 8x8 do Guarani poderiam tranquilamente atender. Já li que há expectativa no EB para mais de 15 variantes destes veículos. Então, noto que o problema em si não é saber se o bldo cumpre ou não a missão, mas saber qual deles melhor cumpre a missão em função desta ou daquela organização em que estará inserido.
Sou leigo no assunto, mas nada me tira da cabeça que estamos perdendo (muito) tempo discutindo o quê expus nas últimas três linhas acima. Dentro do EB e fora dele. Porquê? Bem, alguém acha que um Guarani VBR 6X6 armado com uma peça de 90mm não é capaz de fazer o trabalho dentro de uma bgda inf mec? Ou que uma VBMT-LR também não faça o mesmo trabalho, ou similar, nesta mesma bgda ou em uma de cav mec? Ou que uma VBR-SR(105) 8x8 não faça o mesmo em uma bgda cav mec ou, quem sabe armada com uma peça de 120mm nos EsqCavMec das bgdaCavBlda que temos?
Afinal, o que estamos discutindo não é se o veículo é bom ou não. Se é melhor 6x6 ou 8x8, ou 10x10. O problema que estamos discutindo é que não sabemos responder sobre o que fazer, ou melhor dizendo, como saber qual destes é melhor para este ou aquele tipo de organização, simplesmente porque não sabemos o que é e como organizar uma OM mecanizada.
Quando descobrirmos o que é e como se faz, a questão bldo e tração vai deixar de ser relevante, e vamos passar a discutir o essencial para a vida destas OM's: qual é a melhor forma de cumprir a missão?
abs.
Carpe Diem