A VOLTA DOS BARBÁROS

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akivrx78
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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#31 Mensagem por akivrx78 » Qua Ago 20, 2014 9:10 am





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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#32 Mensagem por akivrx78 » Dom Ago 31, 2014 4:22 pm

Como a 'Guerra ao Terror' criou o grupo terrorista mais poderoso do mundo
Patrick Cockburn/TomDispatch | Nova York - 25/08/2014 - 20h30

Estratégia estadunidense falhou porque não mirou no movimento jihadista como um todo e, acima de tudo, não mirou na Arábia Saudita e no Paquistão

Esse artigo, que originalmente foi publicado no TomDispatch, foi extraído do primeiro capítulo do novo livro de Patrick Cockburn, "The Jihadis Return: ISIS and the New Sunni Uprising" (O Retorno dos Jihadis: o Estado Islâmico e o novo Levante Sunita, em tradução livre), com agradecimento especial à editora, OR Books. A primeira seção é uma nova introdução escrita para o TomDispatch.

Há elementos extraordinários na política atual dos Estados Unidos em relação ao Iraque e à Síria que estão atraindo uma atenção surpreendentemente baixa. No Iraque, os EUA estão perpetrando ataques aéreos e mandando conselheiros e treinadores para ajudarem a conter o avanço do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (mais conhecido como Estado Islâmico) na capital curda, Arbil. Os EUA presumidamente fariam o mesmo se o EI cercasse ou atacasse Bagdá. Mas, na Síria, a política de Washington é exatamente oposta: há muitos opositores do EI no governo sírio e curdos sírios em seus enclaves do norte. Ambos estão sendo atacados pelo EI, que já tomou cerca de um terço do país, incluindo a maior parte de suas instalações de óleo e gás.

Efe
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Membros da minoria religiosa yazidi, que fugiram de Mosul (Iraque), devido à violência do Estado Islâmico, recebem ajuda humanitária

Mas a política dos EUA, da Europa Ocidental e do Golfo Pérsico é derrubar o presidente Bashar al-Assad, que vem a ser a política do EI e de outros jihadis na Síria. E se Assad cair, o EI será o beneficiário, já que será questão de vencer ou absorver o resto da oposição armada síria. Há uma falsa ideia em Washington e outros lugares de que existe uma oposição “moderada” síria sendo ajudada pelos EUA, pelo Qatar, pela Turquia e pelos sauditas. É, apesar disso, fraca e está enfraquecendo a cada dia. Logo o califado pode se estender da fronteira iraniana até o Mediterrâneo e a única força que pode possivelmente impedir que isso aconteça é o exército sírio.

A realidade da política dos EUA é apoiar o governo do Iraque, mas não a Síria, contra o EI. Mas uma razão para o grupo ter sido capaz de se tornar tão forte no Iraque é que ele pode extrair seus recursos e combatentes da Síria. Nem tudo o que deu errado no Iraque foi culpa do primeiro-ministro Nouri al-Maliki, como agora se tornou o consenso político e midiático no Ocidente. Os políticos iraquianos têm me dito nos últimos dois anos que o apoio estrangeiro à revolta sunita na Síria inevitavelmente desestabilizaria o país deles também. Isso agora aconteceu.

Ao continuar com essas políticas contraditórias em dois países, os EUA garantiram que o EI pudesse fortalecer seus combatentes no Iraque por meio da Síria e vice-versa. Até agora, Washington teve sucesso em não levar a culpa pelo crescimento do EI e em colocar toda a culpa no governo iraquiano. Na verdade, criou uma situação na qual o EI pode sobreviver e pode inclusive prosperar.

Usando a Etiqueta da Al-Qaeda

O grande aumento da força e do alcance das organizações jihadistas na Síria e no Iraque tinha, em geral, passado despercebido até recentemente pelos políticos e pelos meios de comunicação no Ocidente. Uma grande razão para isso é o que os governos ocidentais e suas forças de segurança estreitamente dizem que a ameaça jihadista é formada por forças diretamente controladas pela Al-Qaeda central. Isso os permite apresentar um quadro muito mais alegre de seu sucesso na chamada "Fuerra ao Terror" do que é a situação real.

Efe
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Chanceler sírio, Walid al Mualem, fala sobre proposta dos EUA de bombardear pontos do Estado Islâmico em território da Síria

Na verdade, a ideia de que apenas jihadis com os quais é necessário se preocupar são aqueles que têm a benção oficial da Al-Qaeda é ingênua e autoenganosa. Ignora o fato de, por exemplo, o EI ter sido criticado pelo líder da Al-Qaeda Ayman al-Zawahiri por sua violência e sectarianismo excessivos. Depois de conversar com uma série de rebeldes sírios jihadis não afiliados diretamente à Al-Qaeda no sul da Turquia no começo do ano, uma fonte me contou que “sem exceção, eles todos expressaram entusiasmo pelos ataques de 11 de setembro e torceram para que a mesma coisa que aconteceu nos EUA acontecesse na Europa”.

Grupos jihadis ideologicamente próximos à Al-Qaeda têm sido reclassificados como moderados dependendo de suas ações serem consideradas de apoio aos objetivos das políticas dos EUA. Na Síria, os estadunidenses apoiaram um plano da Arábia Saudita de construir uma “Fronte Sulista”, baseada na Jordânia, que seria hostil ao governo de Assad em Damasco e simultaneamente hostil aos rebeldes do tipo da Al-Qaeda no norte e no leste.

A poderosa, mas supostamente moderada Brigada Yarmouk, noticiada como o recipiente estratégico de mísseis antiaéreos da Arábia Saudita, deveria ser o elemento de liderança nessa nova formação. Mas diversos vídeos mostram que a Brigada Yarmouk frequentemente lutou em colaboração com a Frente al-Nusra, afiliada oficial da Al-Qaeda. Já que era provável que, no meio da batalha, esses dois grupos dividissem suas munições, Washington estava efetivamente permitindo que armamento avançado fosse entregue em mãos ao seu inimigo mais mortal. Os oficiais iraquianos confirmam que capturaram armas sofisticadas de combatentes do EI no Iraque que eram originalmente fornecidas por poderes estrangeiros para forças consideradas de oposição à Al-Qaeda na Síria.

O nome Al-Qaeda foi sempre aplicado com flexibilidade na identificação de um inimigo. Em 2003 e 2004, no Iraque, enquanto uma oposição armada iraquiana se formava, oficiais dos EUA atribuíram a maior parte dos ataques à Al-Qaeda, apesar de muitos terem sido perpetrados por grupos do partido Baas e nacionalistas. Propagandas como essa ajudaram a persuadir quase 60% dos votantes dos EUA, antes da invasão do Iraque, que existia uma conexão entre Saddam Hussein e os responsáveis pelo 11 de setembro, apesar de não existir qualquer evidência disso. No próprio Iraque, e, na verdade, no mundo muçulmano inteiro, essas acusações beneficiaram a Al-Qaeda ao exagerar seu papel na resistência à ocupação estadunidense e britânica.

Uma técnica de relações públicas exatamente oposta foi usada pelos governantes ocidentais em 2011, na Líbia, quando qualquer semelhança entre a Al-Qaeda e os rebeldes patrocinados pela OTAN lutando para derrubar o líder líbio Muammar Kadafi foi minimizada. Apenas aqueles jihadis que tinham uma ligação operacional direta com o “coração” da Al-Qaeda, Osama bin Laden, foram considerados perigosos. A falsidade do argumento de que os jihadis opositores a Kadafi na Líbia eram menos ameaçadores que aqueles em contato direto com a Al-Qaeda foi forçosamente e tragicamente exposta quando o embaixador dos EUA Chris Stevens foi assassinado por combatentes jihadistas em Bengasi em setembro de 2012. Esses eram os mesmos combatentes louvados pelos governos e pela mídia ocidental por seu papel no levante contra Kadafi.

Imaginando a Al-Qaeda como a Máfia

A Al-Qaeda é uma ideia mais que uma organização, e isso é o caso há muitos anos. Por um período de cinco anos depois de 1996, recrutou pessoas, recursos e campos no Afeganistão, mas eles foram eliminados depois da queda do Talibã em 2001. Subsequentemente, o nome Al-Qaeda se tornou majoritariamente um grito conjunto, uma série de crença islâmicas centradas na criação de um Estado islâmico, na imposição da charia (conjunto de leis religiosas), no retorno aos costumes islâmicos, na subjugação da mulher e no travamento de uma guerra santa contra outros muçulmanos, notadamente os xiitas, que são considerados hereges que merecem morrer. No centro dessa doutrina de guerra está a ênfase no autosacrifício e no martírio como símbolo de fé e comprometimento com a religião. Isso resultou no uso de crentes não treinados, mas fanáticos, como homens-bomba, com um efeito devastador.

Sempre foi do interesse dos EUA e de outros governos que a Al-Qaeda fosse vista como tendo uma estrutura de comando e controle como um mini Pentágono, como a máfia na América. Essa é uma imagem confortante para o público porque grupos organizados, por mais demoníacos que sejam, podem ser encontrados e eliminados por meio da prisão e da morte. É mais alarmante a realidade de um movimento cujos adeptos se autorecrutam e podem surgir em qualquer lugar.

A reunião de militantes de Osama bin Laden, que ele não chamava de Al-Qaeda até depois de 11 de setembro, era só um dos muitos grupos jihadistas de 12 anos atrás. Mas, hoje, suas ideias e métodos são predominantes entre os jihadis por causa do prestígio e publicidade que ganharam depois da destruição das Torres Gêmeas, da guerra no Iraque e da demonização de Washington como a fonte de todo o mal estadunidense. Atualmente, há uma diminuição das diferenças nas crenças dos jihadis, apesar de eles serem ou não formalmente ligados à Al-Qaeda central.

Não é surpresa que os governos preferem a imagem fantasiosa da Al-Qaeda porque lhes permite cantar vitórias quando consegue matar seus membros e aliados mais conhecidos. Comumente, aqueles eliminados ganham postos quase militares como “chefe de operações” para aumentar o significado de sua morte. A culminação desse aspecto fortemente propagandeado, mas, em grande parte, irrelevante da “Guerra ao Terror”, foi a morte de Bin Laden em Abbottabad, no Paquistão, em 2011. O fato permitiu que o presidente Obama aparecesse para o público estadunidense como o homem que presidiu a captura do líder da Al-Qaeda. Em termos práticos, no entanto, sua morte teve pouco impacto nos tipos de grupos jihadistas da Al-Qaeda, cujas maiores expansões aconteceram subsequentemente.

Ignorando os Papéis da Arábia Saudita e do Paquistão

As decisões-chave que permitiram a sobrevivência da Al-Qaeda e sua expansão posterior foram feitas nas horas imediatamente posteriores ao 11 de setembro. Quase todos os elementos significativos no projeto de lançar aviões nas Torres Gêmeas e em outros prédios icônicos dos EUA remontavam à Arábia Saudita.

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[Rei Abdullah, atual líder saudita, mantém estreitas relações com Washington]

Bin Laden era um membro da elite saudita, e seu pai tinha sido um associado próximo da monarquia saudita. Citando um relatório da CIA de 2002, o relatório oficial de 11 de setembro diz que a Al-Qaeda, para seu financiamento, dependeu de “uma variedade de doações e arrecadações, majoritariamente nos países do golfo Pérsico e da Arábia Saudita”.

Os investigadores do relatório encontraram seu acesso limitado ou negado ao buscar informações sobre a Arábia Saudita. E o presidente George W. Bush aparentemente nunca achou necessário responsabilizar os sauditas pelo que aconteceu.

A saída de sauditas idosos dos EUA, incluindo parentes de Bin Laden, foi facilitada pelo governo dias depois de 11 de setembro. Foi ainda mais significativo que 28 páginas do Commission Report -- o relatório oficial sobre o 11/9 -- sobre a relação entre os agressores e a Arábia Saudita tenham sido cortadas e nunca publicadas, apesar da promessa do presidente Obama de fazê-lo, por motivos de segurança nacional.

Em 2009, oito anos depois de 11 de setembro, um telegrama diplomático da secretária de Estado Hillary Clinton, revelado pelo Wikileaks, dizia que as doações da Arábia Saudita constituíam a fonte mais significativa de financiamento dos grupos terroristas sunitas mundialmente. Mas, apesar de esse reconhecimento privado, os EUA e os europeus ocidentais continuaram indiferentes aos pregadores sauditas cujas mensagens se espalharam para milhões por meio da TV por satélite, do YouTube e do Twitter, clamando pela morte de xiitas como hereges. Esses chamados chegavam conforme as bombas da Al-Qaeda estavam massacrando pessoas nos bairros xiitas do Iraque. Uma linha fina em outro telegrama diplomático do Departamento de Estado, no mesmo ano, diz: “Arábia Saudita: Antixiismo como Política Externa?”. Agora, cinco anos depois, grupos apoiados pelos sauditas têm um histórico de sectarismo extremo contra muçulmanos não sunitas.

O Paquistão, ou melhor, a inteligência militar paquistanesa representada pela ISI (Inter-Serviçios de Inteligência), era outro parente da Al-Qaeda, do Talibã, e de movimentos jihadistas em geral. Quando o Talibã estava se desintegrando sob o peso do bombardeio estadunidense de 2011, suas forças no norte do Afeganistão foram encurraladas por forças contra o Talibã. Antes que eles se rendessem, centenas de membros da ISI, treinadores militares e conselheiros foram apressadamente evacuados pelo ar. Apesar da evidência clara do patrocínio do Talibã e dos jihadis em geral pela ISI, Washington se recusou a confrontar o Paquistão e, assim, abriu o caminho para o ressurgimento do Talibã depois de 2003, que nem os EUA nem a OTAN conseguiram reverter.

A “Guerra ao Terror” falhou porque não mirou no movimento jihadista como um todo e, acima de tudo, não mirou na Arábia Saudita e no Paquistão, os dois países que fomentaram o jihadismo como uma crença e um movimento. Os EUA não o fizeram porque esses países eram aliados importantes que não queriam ofender. A Arábia Saudita é um mercado enorme para as armas estadunidenses, e os sauditas cultivaram, e, em algumas ocasiões, compraram membros influentes da classe política dos EUA. O Paquistão é um poder nuclear com uma população de 180 milhões e um exército com ligações próximas ao Pentágono.

O ressurgimento espetacular da Al-Qaeda e seus desdobramentos aconteceu apesar da enorme expansão dos serviços de inteligência estadunidense e britânico e de seus orçamentos depois do 11 de Setembro. Desde então, os EUA, seguidos de perto pelo Reino Unido, travou guerras no Afeganistão e no Iraque e adotou procedimentos normalmente associados a Estados policiais, tais como prisão sem julgamento, rendição, tortura e espionagem doméstica. Os governos travam a “Guerra ao Terror” dizendo que os direitos dos cidadãos individuais devem ser sacrificados para garantir a segurança de todos.

Face a essas medidas controversas de segurança, os movimentos contra quem elas foram orquestradas não foram derrotados, mas ficaram mais fortes. Na época do 11 de Setembro, a Al-Qaeda era uma organização pequena, geralmente ineficaz; em 2014 grupos do estilo da Al-Qaeda são numerosos e poderosos.

Em outras palavras, a “Guerra ao Terror”, que delineou o cenário político de boa parte do mundo desde 2001, evidentemente falhou. Antes da queda de Mosul, ninguém prestava muita atenção.




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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#33 Mensagem por LeandroGCard » Dom Ago 31, 2014 7:49 pm

Resumindo o artigo, a guerra ao terror falhou porque nunca foi uma guerra contra o terror, mas apenas o utilizou como desculpa para guerras contra os desafetos políticos das potências ocidentais.

E com isso tornou o terror mais poderoso do que nunca.


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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#34 Mensagem por LeandroGCard » Ter Set 02, 2014 3:05 pm

Acho que isso definitivamente coloca o ISIL em guerra com os EUA.

O próximo passo possivelmente será a realização de ataques terroristas retaliatórios.
Vídeo mostra decapitação de outro jornalista dos EUA

Um vídeo postado na internet mostra, supostamente, a decapitação de Steven Sotloff, outro jornalista norte-americano mantido prisioneiro pelo grupo Estado Islâmico.


Estadão - 02 Setembro 2014

Sotloff, que trabalhava como freelancer para as revistas Time e Foreign Policy, fora visto pela última vez na Síria em agosto de 2013 até sua imagem aparecer num vídeo divulgado na internet no mês passado, mostrando a decapitação de outro jornalista norte-americano, James Foley.

No primeiro vídeo, Sotloff aparece vestido com um traje cor de laranja, tendo ao fundo uma árida paisagem síria, e é ameaçado de morte a menos que os Estados Unidos parem de realizar ataques aéreos contra o grupo no Iraque.

No vídeo, disponibilizado nesta terça-feira, com o título de "Uma Segunda Mensagem à América", Sotloff aparece vestido com uma roupa parecida antes de ter a cabeça cortada por um combatente do grupo militante.
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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#35 Mensagem por Bourne » Ter Set 02, 2014 3:12 pm

Enquanto os aliados (ou comandantes) do ISIS na região não foram atingidos, isto é, Sauditas e príncipes árabes, nada muda.

O ISIS virou a linha de frente do projeto saudita de redesenhar a região. Os EUA e, sobretudo, europa romperem e pressionarem é bem improvável por agora e nos próximos anos.




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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#36 Mensagem por LeandroGCard » Qui Set 04, 2014 12:25 pm

Este é um grande perigo, e não apenas para o Egito mas também para as monarquias do golfo. A Irmandade Muçulmana tentou tomar o poder no Egito através da democracia, e foi derrubada. Agora os partidários do islamismo mais radical estão aprendendo a tomar o poder por outros meios:
Rota para a Jihad: dos bairros nobres do Cairo às decapitações no EI

Como um jovem egípcio de classe alta se tornou combatente do grupo extremista que tomou um terço do Iraque e da Síria

MAHMOUD MOURAD - REUTERS / CAIRO 03 Setembro 2014

Egito está ciente dos riscos de civis viajarem em razão de causas jihadistas e, depois, voltarem


Depois de deixar sua vida de classe alta no Cairo para combater com o grupo militante Estado Islâmico na Síria e no Iraque, Yunes diz que aprendeu a trabalhar como atirador, a usar artilharia pesada e decapitar prisioneiros usando a técnica adequada.

Um ano depois, ele nutre o tipo de ambição que pode criar um pesadelo de para as autoridades de segiurança egípcias: voltar para casa e içar a bandeira negra do EI no Egito enquanto seus camaradas tomam grandes porções do Iraque e da Síria.

Eventualmente, diz Yunes, ele e outros combatentes egípcios no EI pretendem derrubar o governo apoiado pelos EUA e estender o califado à maior nação árabe. "Não vamos conseguir mudar a situação no Egito de dentro, mas o Egito pode ser aberto do exterior", disse Yunes, que pediu para seu sobrenome ser preservado, em uma entrevista conduzida por meio do Facebook.

A agência Reuters encontrou Yunes por meio de apoiadores do EI em redes sociais. Outro combatente do EI identificou-o como um militante no grupo. Indicadores de localização no seu perfil colocam-no na Síria.

O Egito está ciente dos riscos de civis viajarem em razão de causas jihadistas e, depois, voltarem. Egípcios que combateram as tropas de ocupação soviéticas no Afeganistão nos anos 80 eventualmente assumiram a guerra santa em casa, treinando sua mira em forças de segurança egípcias e planejando ataques à bomba.

As chances de os militantes do Estado Islâmico estabelecerem um califado no Egito são mínimas: o governo acabou com todos os grupos que se atreveram a tentar.

Mas o retorno de combatentes com experiência no Iraque e na Síria podem certamente trazer mais violência e complicar esforços para estabilizar um país que sofre com agitação política, com dois presidentes derrubados desde 2011.

Fontes de segurança egípcias dizem que eles estão monitorando de perto os confrontos no exterior e têm uma lista de nomes em aeroportos para prendê-los ao chegarem.

JIHAD

Yunes era um estudante de 22 anos no centro de estudos islâmicos de mil anos no Cairo quando ele decidiu aderir ao mais perigoso grupo militante do mundo.

Como o líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, ex-médico, ele vem de uma família rica de Maadi, um subúrbio de alto padrão no Cairo. Ele aprendeu sobre o Islã muito jovem com a mãe, mas compartilhava interesses de qualquer outro jovem egípcio: o amor pelo futebol e artes marciais como o Kung Fu.

Yunes participou dos protestos que acabaram com 30 anos de governo de mão-de-ferro do presidente Hosni Mubarak em 2011. Mas ele também rejeitou a Irmandade Muçulmana, grupo islâmico que subiu ao poder após Mubarak. Ele chama Mohamed Morsi, líder da Irmandade que se tornou presidente até ser derrubado pelo Exército no ano passado, um apóstata por optar por conceitos como eleições em vez do domínio radical islâmico.

O homem que derrubou Morsi, o então comandante das Forças Armadas Abdel Fattah al-Sissi, agora presidente do Egito, era "ainda mais blasfemo", segundo Yunes. Sissi prometeu acabar com os militares, incluindo os inspirados pelo EI.

Forças de segurança do governo mataram centenas de partidários da Irmandade Muçulmana nas ruas do Cairo depois que Morsi foi derrubado no ano passado. Mas Yunes disse que derramamento de sangue não foi um fator determinante na sua decisão de abraçar a causa do EI. Sua motivação era muito mais profunda - um desejo candente de derrubar tiranos árabes como Mubarak, Morsi e Sissi, além de criar um califado.

Yunes foi atraído à Síria porque o país tornou-se abrigo para militantes de todas as partes do mundo com o objetivo final de remover de seus países natais a "abominação dos tiranos".

Juntar-se ao EI não foi algo simples e direto. Um membro do EI precisou indicar Yunes depois de ele comprovar suas capacidades em outro grupo militante na Síria, onde ele chegou da Turquia. "O EI não é como outras facções. Não aceita ninguém até conseguir aval de um membro do grupo", disse ele.

Eventualmente, ele foi treinado por um comandante egípcio. Yunes tornou-se um atirador, aprendeu como usar armamentos pesados em um campo de treinamento na Síria e combateu em grande batalhas no vizinho Iraque, disse ele.

Entre as habilidades que ele aprendeu estava a técnica correta para decapitações. Ele disse que levou a cabo esse tipo de execução, mas não disse quem eram as vítimas ou quantas ele matou. Aqueles que foram mortos mereceram o seu destino porque participaram da matança de muçulmanos, disse ele.

O EI divulgou um vídeo na terça-feira que mostrava a decapitação do jornalista americano Steven Sotloff. O carrasco parecia ser o mesmo homem com sotaque britânico que apareceu no vídeo do dia 19 da execução de outro jornalista americano, James Foley.

O EI surgiu de um ramo iraquiano da Al-Qaeda. Mas diferentemente de sua organização-mãe, especializada em táticas de ataque e fuga rápida, além de ataques suicidas, desenvolveu-se em uma organização militar que conquista terras para ampliar o seu autoproclamado califado.
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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#37 Mensagem por rodrigo » Qui Set 04, 2014 1:06 pm

LeandroGCard escreveu:Este é um grande perigo, e não apenas para o Egito mas também para as monarquias do golfo. A Irmandade Muçulmana tentou tomar o poder no Egito através da democracia, e foi derrubada. Agora os partidários do islamismo mais radical estão aprendendo a tomar o poder por outros meios:
Rota para a Jihad: dos bairros nobres do Cairo às decapitações no EI

Como um jovem egípcio de classe alta se tornou combatente do grupo extremista que tomou um terço do Iraque e da Síria

MAHMOUD MOURAD - REUTERS / CAIRO 03 Setembro 2014

Egito está ciente dos riscos de civis viajarem em razão de causas jihadistas e, depois, voltarem


Depois de deixar sua vida de classe alta no Cairo para combater com o grupo militante Estado Islâmico na Síria e no Iraque, Yunes diz que aprendeu a trabalhar como atirador, a usar artilharia pesada e decapitar prisioneiros usando a técnica adequada.

Um ano depois, ele nutre o tipo de ambição que pode criar um pesadelo de para as autoridades de segiurança egípcias: voltar para casa e içar a bandeira negra do EI no Egito enquanto seus camaradas tomam grandes porções do Iraque e da Síria.

Eventualmente, diz Yunes, ele e outros combatentes egípcios no EI pretendem derrubar o governo apoiado pelos EUA e estender o califado à maior nação árabe. "Não vamos conseguir mudar a situação no Egito de dentro, mas o Egito pode ser aberto do exterior", disse Yunes, que pediu para seu sobrenome ser preservado, em uma entrevista conduzida por meio do Facebook.

A agência Reuters encontrou Yunes por meio de apoiadores do EI em redes sociais. Outro combatente do EI identificou-o como um militante no grupo. Indicadores de localização no seu perfil colocam-no na Síria.

O Egito está ciente dos riscos de civis viajarem em razão de causas jihadistas e, depois, voltarem. Egípcios que combateram as tropas de ocupação soviéticas no Afeganistão nos anos 80 eventualmente assumiram a guerra santa em casa, treinando sua mira em forças de segurança egípcias e planejando ataques à bomba.

As chances de os militantes do Estado Islâmico estabelecerem um califado no Egito são mínimas: o governo acabou com todos os grupos que se atreveram a tentar.

Mas o retorno de combatentes com experiência no Iraque e na Síria podem certamente trazer mais violência e complicar esforços para estabilizar um país que sofre com agitação política, com dois presidentes derrubados desde 2011.

Fontes de segurança egípcias dizem que eles estão monitorando de perto os confrontos no exterior e têm uma lista de nomes em aeroportos para prendê-los ao chegarem.

JIHAD

Yunes era um estudante de 22 anos no centro de estudos islâmicos de mil anos no Cairo quando ele decidiu aderir ao mais perigoso grupo militante do mundo.

Como o líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, ex-médico, ele vem de uma família rica de Maadi, um subúrbio de alto padrão no Cairo. Ele aprendeu sobre o Islã muito jovem com a mãe, mas compartilhava interesses de qualquer outro jovem egípcio: o amor pelo futebol e artes marciais como o Kung Fu.

Yunes participou dos protestos que acabaram com 30 anos de governo de mão-de-ferro do presidente Hosni Mubarak em 2011. Mas ele também rejeitou a Irmandade Muçulmana, grupo islâmico que subiu ao poder após Mubarak. Ele chama Mohamed Morsi, líder da Irmandade que se tornou presidente até ser derrubado pelo Exército no ano passado, um apóstata por optar por conceitos como eleições em vez do domínio radical islâmico.

O homem que derrubou Morsi, o então comandante das Forças Armadas Abdel Fattah al-Sissi, agora presidente do Egito, era "ainda mais blasfemo", segundo Yunes. Sissi prometeu acabar com os militares, incluindo os inspirados pelo EI.

Forças de segurança do governo mataram centenas de partidários da Irmandade Muçulmana nas ruas do Cairo depois que Morsi foi derrubado no ano passado. Mas Yunes disse que derramamento de sangue não foi um fator determinante na sua decisão de abraçar a causa do EI. Sua motivação era muito mais profunda - um desejo candente de derrubar tiranos árabes como Mubarak, Morsi e Sissi, além de criar um califado.

Yunes foi atraído à Síria porque o país tornou-se abrigo para militantes de todas as partes do mundo com o objetivo final de remover de seus países natais a "abominação dos tiranos".

Juntar-se ao EI não foi algo simples e direto. Um membro do EI precisou indicar Yunes depois de ele comprovar suas capacidades em outro grupo militante na Síria, onde ele chegou da Turquia. "O EI não é como outras facções. Não aceita ninguém até conseguir aval de um membro do grupo", disse ele.

Eventualmente, ele foi treinado por um comandante egípcio. Yunes tornou-se um atirador, aprendeu como usar armamentos pesados em um campo de treinamento na Síria e combateu em grande batalhas no vizinho Iraque, disse ele.

Entre as habilidades que ele aprendeu estava a técnica correta para decapitações. Ele disse que levou a cabo esse tipo de execução, mas não disse quem eram as vítimas ou quantas ele matou. Aqueles que foram mortos mereceram o seu destino porque participaram da matança de muçulmanos, disse ele.

O EI divulgou um vídeo na terça-feira que mostrava a decapitação do jornalista americano Steven Sotloff. O carrasco parecia ser o mesmo homem com sotaque britânico que apareceu no vídeo do dia 19 da execução de outro jornalista americano, James Foley.

O EI surgiu de um ramo iraquiano da Al-Qaeda. Mas diferentemente de sua organização-mãe, especializada em táticas de ataque e fuga rápida, além de ataques suicidas, desenvolveu-se em uma organização militar que conquista terras para ampliar o seu autoproclamado califado.
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Enquanto esses radicais tiverem nome e endereço, a solução é fácil. O problema são os inatingíveis no meio do deserto, onde o serviço secreto egípcio não chega nem pode realizar outros tipos de ameça.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

João Guimarães Rosa
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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#38 Mensagem por LeandroGCard » Qui Set 04, 2014 2:50 pm

rodrigo escreveu:Enquanto esses radicais tiverem nome e endereço, a solução é fácil. O problema são os inatingíveis no meio do deserto, onde o serviço secreto egípcio não chega nem pode realizar outros tipos de ameça.
Esta é exatamente uma das coisas que estes rapazes estão aprendendo ao operar junto ao EI.

Está se reproduzindo no OM um processo semelhante ao que ocorreu no Brasil quando se colocaram presos políticos nos mesmos presídios que os presos comuns, a transferência de conhecimentos e técnicas dos primeiros para os segundos. Aqui no Brasil isso resultou em coisas como o Comando Vermelho e o PCC.

Lá no OM os radicais de várias nações então indo aprender com os grupos armados, os mais eficientes dos quais são exatamente os que sobrevivem ao embate com os governos locais e as potências mundiais,em um verdadeiro processo de seleção natural. Vamos ver que monstros esta convivência vai gerar com o tempo.


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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#39 Mensagem por Hermes » Sáb Set 06, 2014 6:54 pm

Tremei! Os mouros estão voltando!

Estado Islâmico tem planos de conquistar a Península Ibérica

http://www.forte.jor.br/2014/09/04/esta ... a-iberica/




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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#40 Mensagem por Wingate » Sáb Set 06, 2014 8:37 pm

Hermes escreveu:Tremei! Os mouros estão voltando!

Estado Islâmico tem planos de conquistar a Península Ibérica

http://www.forte.jor.br/2014/09/04/esta ... a-iberica/
No pasarán!





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shucrut
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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#41 Mensagem por shucrut » Dom Set 07, 2014 8:32 pm

Como é o exército Espanhol em termos de preparo, tecnologia e numero de Soldados? Aguentaria tranquilo uma guerra para proteger o seu país? Ele pertence a OTAN ? E qual seria a consequência de um possível ataque da ISIS a Espanha?




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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#42 Mensagem por suntsé » Dom Set 07, 2014 9:05 pm

shucrut escreveu:Como é o exército Espanhol em termos de preparo, tecnologia e numero de Soldados? Aguentaria tranquilo uma guerra para proteger o seu país? Ele pertence a OTAN ? E qual seria a consequência de um possível ataque da ISIS a Espanha?
Para o ISIS chegar até a espanha ele teria que passar por sima e a força de uma série de países. E se isso acontecesse...este movimento teria força suficiente para colocar em risco de segurança de Portugal e Espanha.

Portugal é sabidamente reconhecido como um anão militar, mesmo apesar deste país ter algumas forças de elite altamente treinadas (que participam de varias missões a serviço da OTAN), eles precisariam de maior volume em termos de armas e soldados.

A Espanha ja tem uma força militar muito superior a de Portugal, em termos tecnológicos e quantidade de armas e preparo.

Mas mesmo assim os 2 países teriam que investir maciçamente em defesa para garantir a defesa do território e contariam com apoio da OTAN.

Se acontecesse do ISIS chegar perto da península ibérica, acredito que a OTAN ja estaria maciçamente engajada contra a ISIS.

Enfim seria uma guerra global.




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EDSON
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Re: A VOLTA DOS BARBÁROS

#43 Mensagem por EDSON » Seg Set 08, 2014 2:20 pm

Tudo depende de quantos convertidos ao islã tem na Europa. Não é um desembarque anfíbio que preocupa mas sim o número de conversões. Não tem muito que fazer sobre isto em 2050 segundo estudos metade da população da França sera muçulmana. esperamos que os estudos estejam errados.




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