Sistemas de Navegação Inercial p/Aplicação Aeroespacial-SIA

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Sistemas de Navegação Inercial p/Aplicação Aeroespacial-SIA

#1 Mensagem por Brazilian Space » Seg Dez 14, 2009 9:17 am

Projeto SIA - Brasil Finaliza Primeira Etapa do Projeto

Olá amigos!

Segue abaixo uma notícia publicada hoje (14/12) pelo “Jornal Valor Econômico” destacando que o Brasil finalizou a primeira fase de desenvolvimento do projeto "Sistemas de Navegação Inercial para Aplicação Aeroespacial (SIA)", projeto esse de extrema importância para o PEB.

Duda Falcão

Brasil Desenvolve Sistema de Navegação de Satélites e Foguetes

Virgínia Silveira
14/12/2009


O Brasil está conseguindo resolver um dos principais desafios tecnológicos impostos, há quase três décadas, ao seu programa de lançadores de satélites: desenvolver e fabricar seu próprio sistema de navegação inercial, utilizado na estabilização de satélites em órbita e na orientação da trajetória de um foguete no espaço.

A primeira fase do projeto, batizado de SIA (Sistemas de Navegação Inercial para Aplicação Aeroespacial) já foi concluída, com o desenvolvimento do protótipo de uma plataforma inercial completa, que será testada em uma montanha russa, em um parque de diversões, em São Paulo, no começo do próximo ano. O teste em vôo da plataforma será feito até o fim de 2010, numa operação chamada de "Maracatu".

"Vamos testar os sensores da plataforma no veículo de sondagem brasileiro VSB-30, utilizado em missões suborbitais de exploração do espaço", disse o coordenador do projeto SIA, Waldemar de Castro Leite Filho. O VSB-30 acumula um histórico de nove lançamentos de sucesso, sendo que dois foram realizados no começo deste mês, no campo de Esrange, em Kiruna, na Suécia, levando à bordo experimentos científicos europeus.

O Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA) também está finalizando a construção de um prédio, que irá abrigar um laboratório de infraestrutura de testes para os sensores da plataforma inercial do SIA.

O laboratório, segundo Leite Filho, é único na América Latina e será capaz de testar sensores com uma precisão de 0,1 grau por hora, ou seja, poderá medir movimentos cem vezes menor que o movimento de rotação da Terra. Empresas como a Embraer e a Petrobras, segundo o pesquisador, já utilizam os laboratórios do DCTA para calibrar seus sensores.

O projeto SIA tem um custo estimado de R$ 40 milhões e está sendo financiado pela Finep, por meio da Fundação de Desenvolvimento de Pesquisa (Fundep). A execução do projeto está a cargo do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e Instituto de Estudos Avançados (IEAv), vinculados ao DCTA e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O objetivo inicial do SIA, segundo Leite Filho, é capacitar o Brasil a fabricar sistemas inerciais para foguetes e satélites.

A tecnologia será repassada para a indústria brasileira e, por esta razão, o projeto SIA envolve ainda a participação de um consórcio de empresas, o SIN, formado pela Mectron, Equatorial, Optsensys, Navcon e Compsis. Além do programa espacial, o SIA também vem sendo acompanhado de perto pelo exército brasileiro, devido a sua aplicação em sistemas inerciais de carros de combate e mísseis. A marinha tem interesse no SIA para a guiagem de navios e como estabilizador de armas e a Petrobras utiliza sensores inerciais em brocas e sistemas de ancoragem de estruturas flutuantes, utilizadas no processo de exploração de petróleo.

"Se considerarmos um atirador, o sistema inercial é a luneta, porque sem ela não se vê o alvo", explica Leite Filho. Num avião, segundo ele, o sistema de navegação inercial diz para onde ele está indo e controla o veículo, estabilizando a sua velocidade angular e atitude (orientação no espaço em relação a um sistema de referência). O sistema inercial, neste caso, ajuda a navegação acrescentando os dados do GPS, mas ele é autônomo, ou seja, não depende de satélites, e sim dos seus sensores para funcionar.

O sistema inercial de um foguete é composto por dois sensores principais: um girômetro e um acelerômetro, que repassam as informações sobre a posição do foguete no espaço para o computador de bordo. É através da plataforma inercial que se consegue, por exemplo, identificar os desvios de rota de um foguete ou satélite em órbita.

O domínio da tecnologia que envolve o sistema de navegação de veículos espaciais, segundo Leite Filho, dará ao Brasil autonomia em uma área considerada estratégica, restrita a poucos países no mundo e sujeita a embargos tecnológicos, que há vários anos tem afetado o programa espacial brasileiro.

Os sistemas inerciais de todos os protótipos de foguetes já lançados pelo Centro Técnico Aeroespacial, (CTA), por exemplo, foram comprados da Rússia e da França, em meados da década de 90, sob objeções do governo dos Estados Unidos. A compra de componentes para o atual projeto também continua sofrendo embargo dos EUA. Já o sistema de controle de atitude dos novos satélites da Plataforma Multimissão (PMM) do Inpe, serão fornecidos pela Argentina. Os satélites que o Brasil fez com a China levam um sistema de controle de órbita chinês.

O SIA também pode ser usado na aviação e a aeronave Super Tucano, que depende do fornecimento de sistemas da americana Honeywell, teria uma opção nacional para equipar a frota de 99 aeronaves do modelo, comprada pela FAB. O Super Tucano já sofreu embargo dos EUA, em 2005, quando a Embraer tentou vender a aeronave para a Venezuela, por conta dos componentes americanos instalados no avião. Há cerca de um ano a FAB também teve dificuldades em comprar os sensores inerciais do avião de patrulha marítima P-3, que está sendo modernizado na Espanha, pela empresa europeia EADS. O fabricante original do P-3 Orion é a empresa americana Lockheed Martin.


Fonte: Jornal Valor Econômico - 14/12/2009

Comentário: Talvez essa seja a notícia do ano para o Programa Espacial Brasileiro que é tão carente de notícias positivas. Certamente esse projeto SIA é de grande relevância para todo o PEB e ao mesmo tempo um exemplo de que se decisões fossem tomadas anteriormente, não teríamos de estar contratando a INVAP para desenvolver o sistema de controle de atitude dos novos satélites da Plataforma Multimissão (PMM). De qualquer forma o projeto já está bem próximo de sua finalização o que permitirá o Brasil finalmente ter em mãos essa tecnologia estratégica, que não só será benéfico para o PEB, como também para outras áreas de interesse do país. No entanto, sinceramente espero e torço para que esse atual descaso da AEB para com os projetos Uniespaço e de Microgravidade brasileiros, não seja mais um empecilho (dentre tantos que existem) para que assim se possa cumprir o cronograma de teste de vôo divulgado por essa notícia do jornal Valor Econômico.




fse3
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Re: Sistemas de Navegação Inercial p/Aplicação Aeroespacial-SIA

#2 Mensagem por fse3 » Seg Dez 14, 2009 2:04 pm

Grande Noticia , parabens




Figus
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Re: Sistemas de Navegação Inercial p/Aplicação Aeroespacial-SIA

#3 Mensagem por Figus » Seg Dez 14, 2009 6:24 pm

O SIS, é uma GRANDE CONQUISTA, pois é o divisor de aguas entre ser um produtor de foguetes (trajetória balística) e um produtor de mísseis (controle de atitude, sistema de guiagem ativo em toda a trajetória). É mais um marco para nossa independência tecnológica. O Brasil e os Brasileiros estão de PARABÉNS.




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Re: Sistemas de Navegação Inercial p/Aplicação Aeroespacial-SIA

#4 Mensagem por Brasileiro » Seg Dez 14, 2009 7:13 pm

A compra de componentes para o atual projeto também continua sofrendo embargo dos EUA.
Pra mim isso ainda é bem ruim. E é aquilo que eu digo sempre: Nós precisamos de uma fábrica de circuitos integrados.

Não é possível um país querer ter um programa espacial, um programa nuclear, um programa de mísseis, radares e sensores se não pode fazer o básico. Um tempo atrás os EUA já nos embargaram a venda de uns CI para aplicação no projeto de sistemas inerciais.
Circuito integrado é a commoditie dos novos tempos. Não se faz nada sem isso e nós não fazemos nem o básico.

Temos uma fabrica em Porto Alegre, recém inaugurada que fabrica CI´s com máquinas doadas pela Samsung, mas não sei se ela pode fabricar chips para este tipo de aplicação.


abraços]




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Re: Sistemas de Navegação Inercial p/Aplicação Aeroespacial-SIA

#5 Mensagem por brisa » Seg Dez 14, 2009 7:56 pm

Brasileiro, uma das contrapartidas para a aquisição da norma japonesa de TV digital, não seria a instalação de uma fábrica de CI no Brasil??? A quantas anda este assunto???




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Re: Sistemas de Navegação Inercial p/Aplicação Aeroespacial-SIA

#6 Mensagem por LeandroGCard » Seg Dez 14, 2009 8:18 pm

brisa escreveu:Brasileiro, uma das contrapartidas para a aquisição da norma japonesa de TV digital, não seria a instalação de uma fábrica de CI no Brasil??? A quantas anda este assunto???
Pelo que eu soube os japoneses tiraram o corpo fora, alegando que não haveria demanda que justificasse o investimento. Disseram que se o governo bancasse a compra de uma certa quantidade de produtos até levariam o acordo em frente, mas o governo teria dito que a eventual fábrica teria que concorrer no mercado sem nenhuma forma de favorecimento. Aí os japoneses simplesmente não falaram mais no assunto.

Na verdade é uma coisa meio esquisita esta história de fabricar coisas deste tipo aqui no Brasil. Antes de se falar em desenvolver um projeto ou construir alguma fábrica deve-se garantir que existirá demanda, senão uma vez o projeto pronto e a fabrica montada vai tudo à falência e o esforço é jogado fora.


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Re: Sistemas de Navegação Inercial p/Aplicação Aeroespacial-SIA

#7 Mensagem por lelobh » Seg Dez 14, 2009 11:03 pm

Brasileiro escreveu:
A compra de componentes para o atual projeto também continua sofrendo embargo dos EUA.
Pra mim isso ainda é bem ruim. E é aquilo que eu digo sempre: Nós precisamos de uma fábrica de circuitos integrados.

Não é possível um país querer ter um programa espacial, um programa nuclear, um programa de mísseis, radares e sensores se não pode fazer o básico. Um tempo atrás os EUA já nos embargaram a venda de uns CI para aplicação no projeto de sistemas inerciais.
Circuito integrado é a commoditie dos novos tempos. Não se faz nada sem isso e nós não fazemos nem o básico.

Temos uma fabrica em Porto Alegre, recém inaugurada que fabrica CI´s com máquinas doadas pela Samsung, mas não sei se ela pode fabricar chips para este tipo de aplicação.


abraços]
O governo parece fazer a parte dele com o CEITEC, e com uma enorme relação de incentivos para as iniciativas nesse campo. Falta a parte da iniciativa privada, que se omite em um campo tão importante.




Dom Pedro II, quando da visita ao campo de Batalha, Guerra do Paraguai.

Rebouças, 11 de setembro de 1865: "Informou-me o Capitão Amaral que o Imperador, em luta com os ministros que não queriam deixá-lo partir, cortou a discussão dizendo: " (D. Pedro II) Ainda me resta um recurso constitucional: Abdicar, e ir para o Rio Grande como um voluntário da Pátria."
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Re: Sistemas de Navegação Inercial p/Aplicação Aeroespacial-SIA

#8 Mensagem por Brasileiro » Ter Dez 15, 2009 12:15 am

No caso do CEITEC acho que o governo federal acertou em cheio.

É uma empresa estatal e que fabrica chips para mercados específicos. Como estatal, não tem função primordial de obter lucros. A função desta empresa é a de gerar mão de obra qualificada e com experiência que será utilizada em uma posterior investida de alguma empresa no Brasil. Junto com a CEITEC, foram criadas também algumas (uma meia dúzia) de design houses, que não fabricam, mas projetam circuitos integrados e possuem a propriedade intelectual relativa a eles. Isso também pode contar como 'antecedente'. O MCT está promovendo vários cursos de formação de projetistas de CI. Estamos formando uma massa crítica.
Algumas das iniciativas já renderam um chip nacional de automação que será utilizado pela Petrobras na prospecção de petróleo.

Eu acho que nossos programas estratégicos (nuclear, espacial, mísseis e sensores) deveriam contar com a certeza de que teria disponível todos os dispositivos eletrônicos de que precisar, sendo feitos aqui mesmo no Brasil, longe do efeito de embargos.

Sobre uma possível instalação de alguma fábrica estrangeira de chips aqui no Brasil, acho que deveriam focar a produção de CI´s mais simples, como os padronizados, que nem isso (o que pra mim é um desastre do ponto de vista tecnológico) fabricamos. E só depois para processadores mais sofisticados.


abraços]




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