Cartão para comprar droga
Polícia encontra, em meio a 500 quilos de maconha, máquinas para venda a crédito no Jacarezinho
Maria Inez Magalhães
Rio - No meio de 500 quilos de maconha, quatro mil papelotes de cocaína, um fuzil G-3, uma espingarda calibre 12 e duas granadas, dois aparelhos chamaram particularmente a atenção dos policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do que todo o restante do material apreendido ontem na Favela do Jacarezinho: duas máquinas de cartão de crédito e de débito automático. Os equipamentos, comuns em qualquer estabelecimento comercial, estavam na boca-de-fumo da comunidade e seriam utilizados para que usuários pagassem pela droga. A descoberta dos aparelhos em um ponto de venda de entorpecentes é inédita, segundo policiais do Bope.
“Foi uma supresa. Afinal, as máquinas estavam ligadas não em um comércio, mas dentro de uma residência que servia como fachada para a boca-de-fumo. Os bandidos devem usá-las de algum comércio da favela, como padarias, mercadinhos, farmácias. Isso é inédito nas nossas operações”, revelou o capitão do Bope, Marcelo Corbage.
A operação começou às 9h e os homens do Bope apoiavam o 3º BPM (Méier). No fim da tarde, quando se preparavam para sair da favela, os ‘caveiras’ receberam a informação sobre o material, que foi encontrado em três casas na localidade conhecido como Pontilhão.
Foram apreendidas ainda uma réplica de fuzil, munição calibre 7.62, carregadores, uma caderneta com anotações do tráfico, uma balança digital, oito morteiros e material para embalar a droga. O capitão Corbage destacou que não foi preciso entrar em confronto para chegar ao paiol. “A gente sempre se prepara para o pior, mas graças a Deus não houve conflito. A operação foi um sucesso tanto pelo que foi apreendido quanto pela tranqülidade”, avaliou.
O fuzil 7.62, sem numeração, é do mesmo modelo do usado pelo Bope. Na réplica do armamento estava escrito Jaca, referência ao Jacarezinho. Na espingarda calibre 12 havia a inscrição ‘CVRL (Comando Vermelho Rogério Lengruber — fundador da facção criminosa) espalha brasa’.
APARELHOS SERÃO PERICIADOS
As máquinas de cartão de débito e de crédito apreendidas serão encaminhadas à perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). Somente a análise poderá dizer que tipo de movimentação financeira era feita nos dois equipamentos e a quem eles pertenceriam.
A operação do Bope, tropa de elite da Polícia Militar, na Favela do Jacarezinho contou com a participação de 25 policiais que foram para a favela em dois carros blindados. Ninguém foi preso.
Para chegar às casas onde o material estava, os policiais vasculharam construções que estavam abandonadas, funcionando apenas como depósitos das drogas e de armas.
Uma ‘parede’ de maconha
Os 500 quilos de maconha estavam prensados e, arrumados na 25ª DP (Engenho Novo), pareciam uma parede de tijolos. Havia também 1.011 sacolés da droga já preparados para a venda aos usuários. Os 4.483 papelotes de cocaína estavam em sacos com 500 sacolés cada. Das duas granadas, uma era artesanal e a outra, defensiva. E o simulacro de fuzil foi feito com canos de PVC.
Em outra operação da PM, ontem de tarde, foram apreendidos 50 quilos de maconha. A droga estava na Favela Parque União, no Complexo da Maré, e foi encontrada por policiais do 22° BPM (Maré) em uma casa na Rua Raul Brunini. Os traficantes fugiram pela laje com a aproximação da polícia. Ninguém foi preso. O material foi levado para a 21ª DP (Bonsucesso).
Fonte: http://odia.terra.com.br/rio/htm/cartao ... 213069.asp