A morte de Castelo Branco

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rodman
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A morte de Castelo Branco

#1 Mensagem por rodman » Sex Ago 24, 2007 8:23 pm

Desculpem me se já houver outro tópico com o mesmo assunto:

O Povo escreveu:MORTE DE CASTELLO BRANCO
Reinvestigação

MORTE DE CASTELLO BRANCO ] Por longos 37 anos, houve uma certeza absoluta e o silêncio. Agora, sob argumentos de um professor de História de que muitas respostas sobre o caso não foram dadas

[19 Junho 18h27min 2004]

Trinta e sete anos depois, a colisão aérea entre o avião Piper Aztec PP-ETT e o caça TF-33A, prefixo 4325, da Força Aérea Brasileira (FAB), que matou o marechal cearense e ex-presidente da República Humberto de Alencar Castello Branco nos céus de Fortaleza, poderá ser reinvestigada. Há novos elementos para isso e uma carta assinada pelo chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), coronel-aviador Mauro Roberto Ferreira Teixeira, admite essa possibilidade.

No último dia 18 de março, o Cenipa enviou uma correspondência ao professor de História Pedro Paulo Menezes Neto, 48, confirmando a disponibilidade de aceitar novos documentos ou fatos para avaliação, que possam ‘‘vir a promover a reabertura e possível alteração do Relatório Final do acidente supramencionado’’ -diz um trecho da carta. Pedro Paulo é um estudioso do caso há mais de 30 anos e a resposta chegou a sua casa depois de ter enviado uma série de e-mails e cartas (somadas, chegam a mais de 30) ao longo de 2003 e início deste ano a vários órgãos militares. Entre eles, Ministério da Defesa, Comando da Aeronáutica, Comando da 10ªRegião Militar, Serviço de Comunicação Social da Aeronáutica (Secomsaer) e ao próprio Cenipa.

Eletricitário, membro de uma família de militares - o pai foi fotógrafo da Base Aérea de Fortaleza -, Pedro Paulo quer, como afirma, esclarecer pontos que nunca teriam sido respondidos pelas investigações oficiais. Além de saber, por exemplo, sobre peças da apuração que desapareceram ou jamais teriam sido apresentadas, segundo ele. ‘‘Por que o relatório final da investigação nunca foi apresentado publicamente? Cadê as fitas magnéticas com as gravações dos pilotos (em conversa com a torre)? A quem interessa nunca ter sido divulgado?”, pergunta.

Castello Branco fazia sua primeira viagem de volta ao Ceará depois de ter deixado a Presidência da República em 15 de março daquele 1967. Foi ele o primeiro a assumir o cargo após o golpe militar de 31 de março de 1964, que durou 21 anos. Por ser um discordante do grupo linha dura, o marechal era mal visto pela cúpula do poder que planejava um ‘‘golpe dentro do golpe’’ - afirmou ao O POVO, em 1997, quando o acidente completou 30 anos, o ex-ministro e deputado Roberto Campos, já morto.

Além de Castello, mais quatro pessoas morreram no episódio, ocorrido em 18 de julho de 1967: a professora Alba Frota; o major do Exército Manuel Assis Nepomuceno; o irmão do marechal, Cândido Castello Branco; e o piloto do avião civil, Francisco Celso Tinoco Chagas. Seu filho, o co-piloto Emílio Celso Moura Chagas, foi o único sobrevivente. A aeronave militar era pilotada pelo 2º tenente-aviador Alfredo Malan D’Angrogne. O caça conseguiu pousar normalmente na pista da Base, após ter perdido a ponta da asa esquerda no impacto.

Os dois aviões tinham seus vôos monitorados pela torre do Aeroporto Pinto Martins. O Piper Aztec vinha de Quixadá, no Sertão Central cearense, onde Castello e os demais passageiros haviam permanecido todo o dia anterior, em visita à fazenda da escritora Rachel de Queiroz. O piloto Celso Tinoco tinha o apelido de ‘‘Mestre’’, pela experiência de mais de 18 mil horas de vôo.

O caça TF-33A voava em formação com outras três aeronaves, após terem passado oficialmente por exercícios na zona de treinamento localizada nas proximidades da Prainha, em Aquiraz. O que colidiu, pilotado por Malan, estava à direita na esquadrilha. O líder do grupo era o 2º tenente Areal, que morreu no início dos anos 90. Desde o dia da colisão, lembra Pedro Paulo, nunca foi divulgado o nome dos outros dois pilotos da esquadrilha.

A colisão das aeronaves teria sido às 9h42min, segundo registros levantados pelo professor. Com a ponta de sua asa esquerda, o caça espatifou a cauda do avião em que estava o ex-presidente. Somente esta parte foi atingida e o Piper Aztec entrou em parafuso. ‘‘Caímos por cerca de um minuto, um minuto e meio. Na hora, foi só o esforço para tentar controlar o avião(...). O marechal falou: ‘Comandante, faça alguma coisa, pelo amor de Deus’’, recorda o co-piloto sobrevivente. Emílio Celso à época tinha 21 anos, cinco de aviador. Hoje, aposentado da aviação de carreira, sob o cavanhaque grisalho esconde uma cicatriz de 13 pontos do acidente.

Falou-se nos anos seguintes de erro da rota do avião de Castello. ‘‘Eles (do Piper Aztec) entraram na área de circuito de jatos sem poder entrar lá, exatamente na altitude de circuito de tráfego, que era 1.500 pés, ou seja, 450 metros’’, disse ao O POVO o brigadeiro Ivan Frota, à época major comandante do 1º Esquadrão do 4º Grupo de Aviação (1º/4º Gav) da FAB, a quem os caças estavam subjugados. Frota até hoje descreve o episódio como ‘‘casualidade fantástica’’ e o considera ‘‘já plenamente explicado’’. Emílio Celso nega ter havido invasão no circuito dos jatos. ‘‘Mentira, pura balela. Tenho documentos do Ministério da Aeronáutica’’, afirma, alegando não ter contestado por nunca ter sido divulgado o resultado do inquérito.

Pedro Paulo já enviou ao Cenipa o que considera como ‘‘mais provas’’ e dados a serem esclarecidos. Está tudo num Auto de Requerimento, com 100 ‘‘considerações’’ e legislações que regem a aviação nacional e os militares no País. Avaliações sobre o acidente com o marechal já haviam sido apontadas no seu livro J’Accuse - O Clamor de uma Verdade, lançado em 2003. Causas e supostas intenções até hoje são um mistério sobre o episódio.


http://www.opovo.com.br/opovo/politica/375168.html

PROVAS
Documentos contestam versão

PROVAS] Pelo menos dois documentos de regras de aviação para o espaço aéreo de Fortaleza seriam provas de que a aeronave militar não deveria ter seguido a rota que determinou a colisão com o avião do ex-presidente da República Castello Branco


EX-PRESIDENTE Castello Branco(Foto: Banco de dados)

[19 Junho 18h27min 2004]

A Carta de Tráfego dos aeródromos Pinto Martins e do Alto da Balança e a Publicação de Informação Aeronáutica estão entre os documentos disponibilizados ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), pelo professor Pedro Paulo Menezes Neto, para contestar a versão oficial sobre o acidente que matou o marechal Castello Branco em 1967. Ambos são cópias da época da colisão aérea.

A Carta de Tráfego define os circuitos de tráfegos para aeronaves civis e militares, orientando sobre que rotas devem ser seguidas antes dos procedimentos de pouso e decolagem na mesma pista que até hoje (ampliada em 300 metros em 1999) atende ao atual Aeroporto Internacional Pinto Martins e à Base Aérea de Fortaleza.

A Publicação de Informação Aeronáutica (Aeronautical Information Publication - AIP Brasil) também apresenta regras de tráfego aéreo, orientações sobre buscas e salvamentos, descreve aeródromos e mostra outras generalidades para quem é envolvido com navegação aérea. Ambos são informações obrigatórias a serem seguidas por quem é do meio.

Por exemplo: no circuito a ser seguido pelos quatro caças TF-33A que voavam em formação de esquadrilha naquele 18 de julho de 1967, a curva feita pelos pilotos militares, segundo Pedro Paulo, foi para a esquerda - depois de darem um rasante autorizado pela torre sobre a pista em sentido contrário ao de pouso. ‘‘Deveria ter sido para a direita, sobrevoando a Barra do Ceará e voltando para o pouso’’, afirma o professor.

Ele se baseia em levantamentos de registros oficiais (sigilosos), depoimentos comparados de testemunhas e dos pilotos (Alfredo Malan, do avião militar, e Emílio Celso Moura Chagas, co-piloto sobrevivente do Piper Aztec que levava o marechal) e em coordenadas dos vôos apuradas ao longo das últimas três décadas.

Pedro Paulo diz ter apurado que ‘‘ao invés de seguir para a Barra, os TF-33A foram para o lado oposto (como se fossem voltar diretamente para a área da pista da Base Aérea), passaram por trás do avião do marechal e fizeram uma curva de passe de tiro (mais curta e fechada, novamente para a esquerda). Logo depois houve a colisão’’.

Segundo o professor, essa manobra dos aviões militares para o continente nunca foi assumida. E teria sido ela a causadora da tragédia - aponta. A aeronave civil teria sido atingida praticamente na mesma altitude (cerca de 550 metros), de lado. O co-piloto sobrevivente do Piper, Emílio Celso, confirmou ao O POVO que a velocidade era de aproximadamente 250 km/h. A dos militares, a partir de análise feita pelo professor junto a manuais de pilotagem, estaria perto de 540km/h.

À época, foi informado que os pilotos dos caças haviam participado de uma sessão na área de treinamento militar da Aeronáutica localizada na Prainha, em Aquiraz. ‘‘Desde 8h10min, 8h20min. Já estavam com o tanque bem vazio’’, descreve. Foi o que teria amenizado que o impacto da ponta da asa esquerda do avião ala 2 da esquadrilha de caças com a cauda do Piper Aztec causasse uma explosão. Os TF-33A carregam gasolina nas asas e debaixo do assento do piloto.

Aliás, por desacreditar no que foi dito pelas autoridades militares sobre o caso, ao longo desses 37 anos, o professor se refere sempre ao episódio como ‘‘colisão aérea’’. Alega que, assim, torna-se mais preciso, exato, sobre o que foi e o que não teria sido apurado pelo inquérito da época. (Cláudio Ribeiro/Demitri Túlio)


http://www.opovo.com.br/opovo/politica/375169.html

Destruído a machadadas

[19 Junho 18h27min 2004]


Peças fundamentais para o trabalho de perícia no avião Piper Aztec PP-ETT, em que estava o ex-presidente Castello Branco, foram saqueadas da aeronave ou destruídas no dia do acidente. Algumas retiradas a machadadas ainda no meio da mata do Mondubim, pelas equipes de resgate. Procedimentos periciais básicos exigiriam que o avião permanecesse intocável, para ajuda à investigação sobre as causas do acidente.

O professor Pedro Paulo Menezes Neto, que em 18 de julho de 1967 tinha 11 anos, admite que ele próprio hoje dispõe de um desses equipamentos: o indicador de temperatura do painel da aeronave. Recebeu de um amigo de seu pai, à época militar da Base Aérea, ainda na tarde daquele dia. O acidente ocorrera pela manhã.

Porém, a parte do Piper Aztec que o professor aponta como a mais importante para toda a investigação, a cauda (formada pelo sinalizador vertical mais o leme), essa nunca mais teria sido mostrada publicamente após o dia da tragédia.

‘‘Hoje, por exemplo, por que essa peça não está anexada novamente à aeronave que está restaurada lá no 23º BC?’, pergunta Pedro Paulo. Na cauda, segundo ele, estaria o que chama de ‘‘impressão digital’’ do caça TF-33 A, prefixo 4325, envolvido na colisão aérea. ‘‘A cauda seria determinante para se saber o ângulo da batida’’. Seriam as marcas deixadas pelo caça. Ele aponta uma série de crimes, que teriam sido cometidos desde o dia do acidente, com base em legislações como o Código Penal Brasileiro (CP) e o Código Penal Militar Brasileiro (CPMB).

Os destroços do Piper Aztec passaram vários anos expostos em frente ao Palácio da Abolição, na avenida Barão de Studart. Em 2002, foi feita a restauração. A aeronave pode ser visitada hoje no pátio do 23º Batalhão de Caçadores, na avenida 13 de Maio, de segunda a quinta-feira, no horário comercial, e às sextas-feiras, somente pela manhã. O TF-33 A também virou monumento. Está exposto na parte interna da Base Aérea de Fortaleza. (CR/DT)




http://www.opovo.com.br/opovo/politica/375170.html

Cada dia que passa fico mais imprecionado com nossa história!




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