Tudo bem, não vou mais discutir isso. Melhor continuar com o tópico.
Militares
A farda e o cofre
Mantega irrita militares ao sugerir que devem pôr suas esposas para trabalhar
Otávio Cabral
É consenso nos círculos brasilienses que o principal inimigo dos militares é José Viegas, o ministro da Defesa, com o qual brigadeiros, almirantes e generais não têm tido uma boa relação. Ao contrário do senso comum dos políticos, no entanto, o posto de maior desafeto dos militares atualmente é ocupado por Guido Mantega, ministro do Planejamento. Na terça-feira passada, Mantega teve uma reunião com o ministro Viegas e os três comandantes militares para discutir a questão salarial.
Os militares, sem aumento real desde 1995, reivindicam reajuste linear de 10% agora e de 23% no ano que vem. Em virtude da magreza do Orçamento, Mantega tem resistido a dar o aumento, mas o que estragou de vez sua relação com os militares foi o tom usado na reunião da semana passada. Lá pelas tantas, irritado com a pressão dos militares, Mantega saiu-se com a seguinte indagação: "Por que as esposas dos militares não trabalham?". Em seguida, o próprio ministro ponderou: "Se trabalhassem, a renda das famílias aumentaria e os militares não viveriam pedindo aumento".
O ministro Mantega confirma que fez a reunião, mas nega que tenha sugerido às mulheres dos militares que trabalhassem – coisa incomum, em parte, por conservadorismo dos maridos, mas sobretudo porque a carreira militar implica constantes mudanças de cidade, dificultando o trabalho das esposas. Duas autoridades presentes ao encontro, porém, confirmaram a história a VEJA. Depois da provocação de Mantega, a reunião foi imediatamente encerrada.Indignados, os militares estiveram na quinta-feira com o presidente Lula.
Pediram explicitamente a cabeça do ministro do Planejamento e, no dia seguinte, receberam a notícia de que terão aumento de 10% a partir de agosto. Mantega não está entre os mais hábeis do governo e conseguiu desgastar-se até com colegas mais poderosos, como os ministros José Dirceu e Antonio Palocci.
A rota de atrito de Mantega com os militares começou, na realidade, há duas semanas, quando ele convidou os comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica para um encontro. Temendo que a audiência representasse quebra de hierarquia, já que José Viegas estava em missão oficial no Haiti, os comandantes não atenderam ao convite. Descontente com a desfeita, Mantega deu entrevista na segunda-feira passada dizendo que era impossível prever aumento para os militares neste ano, e chamou nova reunião com os comandantes para o dia seguinte. Dessa vez os militares compareceram, mas levaram o ministro Viegas junto. O encontro, porém, rendeu apenas uma decisão: os militares agora querem Mantega fora do governo ou, pelo menos, fora da negociação salarial. Para quem não se lembra, nos tempos da ditadura pairava sempre no ar a "questão militar", determinada pelos humores dos quartéis. A rixa dos homens de farda com o ministro que tem a chave do cofre ainda está longe de vir a configurar uma crise grave de governança.
Fonte: Veja
Já tinha antipatia com esse Mantega. Agora mais ainda.
